"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Música

Concerto com o organista e acordeonista Gian Vito Tannoia e Rafael dos Reis

Neste concerto será apresentada em estreia a obra Leggenda Mexicana, para órgão e acordeão, de Gian Vito Tannoia.

16 Jun 2024  |  18h00

Igreja de S. Francisco
Praça 1º de Maio, 7000-650 Évora
Preço
Entrada livre
Esta composição faz parte do programa de encomendas de novas obras no âmbito do Festival. A par com o restauro dos órgãos históricos, que vem sendo efectuado nos últimos anos, o FIOE empenha-se também em alargar o património musical existente, para fruição das gerações futuras.

A Leggenda Mexicana é inspirada em ritmos de origem mexicana, como é o caso do Huapango, cuja a origem se poderá localizar no Fandango ibérico. O ritmo sincopado do órgão contrasta com a linguagem profundamente virtuosística no acordeão. Os acordes de vertente pós-moderna conferem ao órgão o tradicional papel de acompanhamento na tradição do baixo continuo. Encontramos nesta obra em três andamentos inspiração na linguagem musical da América Latina, como tem vindo a ser característico na linguagem deste compositor.

O órgão e o acordeão são dois aerofones, sendo o conceito do acordeão baseado no órgão. O órgão barroco ibérico e o acordeão moderno não formam um conjunto usual, por isso a pertinência deste concerto. Será interpretada uma obra de Carl Philipp Emanuel Bach para dois órgãos. A contrastar a apresentação de obras para órgão solo baseadas em repertório de compositores formados na Catedral de Évora, farão a união entre os três períodos: renascimento, pós-barroco e pós-modernismo, num ecletismo simbiótico conciliando instrumentos e linguagens musicais de épocas contrastantes.

Gian Vito TANNOIA
Proveniente de uma família de músicos, Gian Vito Tannoia inicia muito jovem (5 anos) o estudo do acordeão com o seu pai Sandro, que o leva a vencer os mais importantes Concursos nacionais e internacionais de acordeão-bayan.

Aos 14 anos, junta ao estudo do órgão (Conservatório de Bari), sendo o único organista italiano finalista no Pražské jaro de Praga (1989, na comissão H. Haselböck) e no Dublin International Organ Competition (1995, na comissão Ph. Lefebvre). Vence também o 1º prémio no Curso Internacional de improvisação (na comissão J. Galard) e o 2º prémio no Concurso Nacional de órgão antigo em Rodi Garganico (na comissão L. Celeghin).

Músico de ampla formação, graças aos estudos musicológicos (licenciatura em letras com distinção, e em teologia) e musicais (diplomas de acordeão, órgão e composição organística), aperfeiçoou-se com Tagliavini, Radulescu, Salvatori, Vogel, Planyavsky, Saorgin, Hakim, Essl, Klinda (Musikhochschule de Munique) e em Composição com Teresa Procaccini (Roma).

Em 2004, na Alemanha, a crítica do Main Post expressava entusiásticos consensos sobre a sua musicalidade, juntamente com o célebre compositor Petr Eben, que em Praga lhe enviou uma dedicatória escrita após a original interpretação de Laudes.

Intérprete apreciado por prestigiadas orquestras internacionais: Symphony Orchestra of India (Mumbai), Orquesta Sinfónica Municipal de Caracas, Orquestra de Câmara de Ravenna, Moldovan State Television Orchestra, é regularmente convidado, como solista, na Ásia (Tata-Theatre de Mumbai-Índia, St. Saviour em Jerusalém), Europa (London Westminster Cathedral, Manchester, Hamburgo-Boizenburg, Würzburg, Farnborough, Barcelona, Paris, Varsóvia), e América.

Atualmente, na qualidade de acordeonista, executa as suas próprias composições (concertos n.º 1, n.º 2, n.º 3, em versão solística e com orquestra sinfónica ou de câmara), tocando um instrumento especialmente construído pela Zonta (Bielorrússia).

No seu currículo: publicações de livros, ensaios, composições e conferências em Universidades (Évora-Portugal, Caracas-Venezuela, Lateranense-Roma/Vaticano). Executou a obra integral organística de Messiaen, Liszt, Mozart.

Desenvolve com paixão a atividade didática bem como de coordenação dos Cursos Académicos no Conservatório de Matera (vencedor do concurso a cátedra por provas em 1990 em Trieste), além de ser “Catedrático de honra” na Universidad Católica de Caracas (Venezuela).

Rafael dos REIS
É o Diretor Artístico do Festival.

Licenciado em órgão pela Universidade de Évora, onde estudou com João Vaz. Participou em várias edições do curso de Mateus estudando cravo e música de câmara com Jacques Ogg.

Estudou em vários cursos internacionais de órgão, em Basel com Andrea Marcon e em Toulouse com Willem Jansen.
É diplomado pela Accademia Internazionale di Musica per Organo San Martino de Bologna, no curso de Literatura para Órgão Italiana, onde estudou com Luigi Ferdinando Tagliavini.

Concluiu o mestrado em interpretação de órgão na Escola Superior de Música de Lisboa onde estudou órgão com António Esteireiro e João Vaz.

Foi professor de órgão no Conservatório Reginal de Évora – Eborae Musica e durante dez anos na Escola de Música do Conservatório Nacional em Lisboa.

É organista titular na Sé de Évora, nas igrejas de S. Francisco e Espírito Santo em Évora.

Atualmente é investigador e doutorando bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, com a orientação de João Vaz, onde desenvolve a tese: «Património Organístico Material e Imaterial de Évora: Instrumentos, Repertório e Performance».
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