Exposições
o teu rosto como o rosto da pintura
José David nasceu em Almeirim em 1938. Apaixonado pelo desenho desde a infância, foi essencialmente um autodidata, embora tenha frequentado os cursos de Desenho e de Pintura a óleo da SNBA, em 1956 e 1957.
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11 Jun a 20 Jul 2024
Simultaneamente, José David começa a expor, primeiro em Paris e depois, desde 1986, em Lisboa. A sua pintura relaciona-se então com a imagética surrealista, através do humor, capaz de gerar figuras absurdas e híbridas.
Na década de 1990, passa a viver entre Paris e Lisboa. Neste eixo sedimenta diversas amizades com artistas e criadores portugueses, entre os quais Manuel Alvess, Pedro Morais, António Lobo Antunes, Inês Pedrosa, Lourdes Castro, Carlos Saboga, José Luís Luna, Rogério Ribeiro ou Jorge Martins.
Pinta continuamente. Revisita temáticas intemporais da Pintura, desde a natureza-morta, a paisagem, o mito do minotauro, e enfim, o seu pretexto eleito – a autorrepresentação. Sucedem-se múltiplas séries de rostos, expressas numa pintura matérica e gestual.
Expôs em vários espaços culturais, de que são exemplo: a Biblioteca Marquesa do Cadaval (Almeirim), a Casa da Cerca (Almada), o Instituto Camões e o Centro Cultural Calouste Gulbenkian (Paris), ou a Galeria Diferença e a Casa Fernando Pessoa (Lisboa). Dos seus catálogos de exposições, fazem parte textos introdutórios de Nuno Júdice, António Lobo Antunes, Inês Pedrosa e Andrée Chedid, entre outros. José Luís Porfírio acompanhou as suas exposições, em textos críticos no jornal Expresso.
Em 2014, regressou definitivamente a Lisboa. Apresentou a última exposição individual na Galeria Monumental, em Lisboa, em 2017. Faleceu a 3 de agosto de 2018.
A exposição que agora se apresenta na Sociedade Nacional de Belas-Artes evoca a diversidade do percurso artístico de José David, mas elege, como seu tema maior, a autorrepresentação: o seu rosto confunde-se com o fazer da pintura cujos fundos são, quase sempre, intensamente matéricos e esgrafitados. E quando surgem outros corpos, de homens ou de bichos (especialmente o touro) é ainda de autorrepresentação que devemos falar. No entanto, o eu, identificável ou desfeito, não conta nem histórias nem circunstâncias. É um percurso e uma obsessão para a invenção da pintura.