“O corpo que tapa a sua visão e tropeça sobre si mesmo é o ponto de partida para esta reflexão. Este corpo, individual ou colectivo, encontra-se em evolução. Caminha em distância, sem ver por onde vai e quem atropela.

A convivência dos corpos é representativa deste processo. Dos avanços e recuos, dos empurrões e quedas, da cegueira e da sabotagem. Mas é também um aceitar dos procedimentos. É este reconhecimento que se expressa no gesto do desenho, que procura colocar os corpos em confronto. Numa eterna relação de causalidade que perturba as ações e que as motiva, as dinâmicas colectivas são perpetuadas pelas individuais.

O homem, a nudez e o azul constituem a linguagem que desenha um corpo em contracena com outro, podendo ser o mesmo. A dicotomia entre a acção relativamente ao próximo e ao próprio é vasta o suficiente para ser representada. São registos que referenciam o colectivo desde uma formalização primitiva, que vai sendo progressivamente mais definida e contemporânea.”

Tomás de Castro Neves