"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Teatro

Barulheira

João Sousa Cardoso apresenta criação baseada na obra de Álvaro Lapa, uma celebração à multiplicidade da língua portuguesa.

12 Mar 2016  |  22h00

Centro Cultural Vila Flor
Avenida D. Afonso Henriques, 701, 4810-431 Guimarães

Este sábado, 12 de março, às 22h00, o palco do Pequeno Auditório do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, apresenta “Barulheira”, um espetáculo concebido pelo artista visual João Sousa Cardoso e pela encenadora e atriz Constança Carvalho Homem, a partir da obra “Barulheira” do escritor e pintor Álvaro Lapa. “Barulheira” reflete sobre a importância da palavra nas suas várias declinações, desde a tradição literária às práticas da oralidade, numa perspetiva de reinvenção permanente das formas e da formulação das ideias.

Para João Sousa Cardoso, trazer os textos de Álvaro Lapa à cena exige tornar a voz sincopada, as suspensões e os silêncios de Lapa audíveis e expor com a mesma delicadeza a trama das associações de ideias em redor de paisagens e de figuras em que engendrou uma encriptada mitologia pessoal. Em “Barulheira” procurou-se tomar as palavras ásperas e pulsionais do escritor e ensaiar, no que parece ser uma casa desabrigada (ou a vastidão de uma planície onde resiste uma mesa), a experiência física do texto e as dificuldades que ele coloca. Lido, ensaiado e debatido, o texto é então oferecido a um público que se confunde com os atores e com eles coabita numa plateia que coincide com a cena, transformando todo o espaço em lugar de labor.

Neste espetáculo convida-se os espectadores para uma conversa que relaciona os fenómenos naturais e o saber científico, a erudição escolar e a clandestinidade, a memória das descobertas quinhentistas e a descoberta do desejo e dos caprichos do corpo, onde as ingenuidades da iniciação cultural equivalem invariavelmente ao maravilhamento aterrado da iniciação sexual.

Este “Barulheira” assinala também o encontro em teatro com Ricardo Bueno, Marta Cunha e Constança Carvalho Homem, três artistas que já se têm encontrado no cinema. Esta reunião traz a memória da azáfama do plateau e aprofunda um diálogo sobre os problemas da representação e a procura partilhada de formas menos dóceis – e justas – de criação num país depauperado e numa Europa que receia os povos e o futuro que eles sempre encarnam. Talvez esta criação seja sobre o tumulto que origina o entendimento entre os homens.

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