Cinema e Vídeo
"The sky over Kibera" de Marco Martinelli
Projeção gratuita do filme "The sky over Kibera" de Marco Martinelli, legendado em português, por ocasião do DANTEDÌ, Dia Nacional de Dante Alighieri
24 Mar a 27 Mar 2021
Pela primeira vez no grande ecrã, 150 alunos das escolas de Nairobi (Quénia) Little Prince School, Ushirika Centre, Cardinal Otunga High School, Urafiki Carovana Primary School apoiadas pela AVSI que, para o filme, venceu o Prémio de Voluntariado 2019 para a seção Cultura, conferido pelo Senado da República.
De 24 a 27 de março será ativo o link para ver o filme no canal Vimeo do Teatro delle Albe-Ravenna Teatro com possibilidade de escolher no botão 'cc' as legendas em língua portuguesa e em outras línguas: https://vimeo.com/507547704/f1d3a37408
"Não vedes
que a cada um de nós, por verme
ser borboleta angélica lhe calha
para à justiça enfim voar inerme?"
Dante Alighieri
THE SKY OVER KIBERA é um filme de arte: conta-nos a transposição para a vida da Divina Comédia no imenso bairro de lata Kibera, em Nairobi, onde o realizador trabalhou com 150 crianças e adolescentes, reinventando a obra-prima de Dante em inglês e suaíli. E fá-lo com o seu cunho poético e visionário, intercalando com as filmagens do espetáculo outras imagens, sequências gravadas de propósito no bairro para realizar a operação alquímica de transformar o teatro em cinema.
Três adolescentes de Nairobi dão rosto e voz a Dante, Virgílio e Beatriz: são os guias que conduzem o espetador no labirinto de Kibera, onde a “selva escura” em que se perde o poeta é mais do que uma simples metáfora: em suaíli, Kibera significa selva. À sua volta, um coro fervilhante de corpos recita o tumulto de estarem ao lado de feras, condenados, ladrões e assassinos, diabos e políticos corruptos e poetas que indicam os caminhos de salvação: entre cantos e representação, corridas frenéticas e danças excitadas, os 150 protagonistas dão vida a um fresco rico de poesia comovente, que confirma, mais uma vez, o caráter universal da obra-prima de Dante.
ideia Marco Martinelli e Ermanna Montanari | consultoria para o argumento Riccardo Bonacina
assistente de realização Laura Redaelli | montagem Francesco Tedde
pós-produção Antropotopia | música original Daniele Roccato
organização geral Marcella Nonni e Silvia Pagliano | distribuição Maria Martinelli
consultoria e relações com a imprensa Rosalba Ruggeri | produtor executivo Alessandro Cappello
produção Ravenna Teatro/Teatro delle Albe, em colaboração com Fondazione AVSI, Vita non profit magazine, Kamera Film, Antropotopia
Intenções da realização
«Quando cheguei a Kibera para iniciar este percurso, convidado peça Fondazione Avsi, pensei logo em Dante, na sua Divina Comédia. Pode parecer estranho associar esta obra-prima, origem da língua e da literatura italiana, a um dos maiores bairros de lata africanos, com mais de meio milhão de pessoas sem água potável, barracas coladas umas às outras, lixo por toda a parte e condições de vida insustentáveis. Mas o que é a Divina Comédia senão a descida corajosas às entranhas da humanidade? A obra perfila-se como o arquétipo de uma viagem universal, e Dante, ao narrar sobre si mesmo, narra toda a humanidade: de uma “selva escura” feita de medo, raiva e desespero, o poeta, ao aceitar ser guiado por sombras salvíficas, desce primeiro ao Inferno, depois sobe a montanha do Purgatório e, por fim, chega à luz do Paraíso. Começámos narrando o enredo da Divina Comédia como uma fábula: funcionava. Os nossos pequenos cúmplices divertiam-se e sentiam como sua aquela história que lhes chegava de um outro mundo. Começámos com um jogo e com o improviso, dizendo a todos que aquela fábula antiga precisava do “mundo” deles, das suas experiências, dos seus desejos e dos seus medos, para voltar à vida e conseguir falar aos espetadores. Os 150 protagonistas de THE SKY OVER KIBERA empunharam a Comédia como uma arma cintilante de beleza, para gritar a todo o planeta o seu direito à felicidade.»
MARCO MARTINELLI autor, dramaturgo e realizador, é fundador e diretor artístico, juntamente com Ermanna Montanari, do Teatro delle Albe (1983). Com Montanari, atriz e realizadora multipremiada, há anos que leva a cabo realizações e projetos sobre Dante de fôlego internacional, da Roménia aos Estados Unidos, entre os quais a edição integral da Divina Comédia para o Ravenna Festival, 2017-2021.
Recebeu vários prémios a nível nacional e internacional, entre os quais sete prémios Ubu, os Óscares do teatro italiano, como encenador, dramaturgo e pedagogo; o Golden Laurel do Festival Internacional Mess de Sarajevo; o Prémio Hystrio; o Prémio Enriquez de realização; o Prémio de carreira Journées Théâtrales de Cartago. Assinou mais de cinquenta encenações e os seus textos foram publicados e encenados em Itália, França, Bélgica, Alemanha, Roménia, Eslováquia, Chile, Rússia, Brasil, Senegal e Estados Unidos. À sua atividade dramatúrgica é dedicada a monografia Marco Martinelli Un Drammaturgo Corsaro, de Maria Dolores Pesce, editada por Editoria e Spettacolo.
Martinelli é fundador da não-escola, uprática teatral e pedagógica com adolescentes que se tornou uma referência em Itália e em diversas partes do mundo, descrita no volume Aristofane a Scampia, Ponte alle Grazie Editore, publicado em França por Actes Sud.
Martinelli estreou-se no cinema em 2017 com a longa-metragem Vita agli arresti di Aung San Suu Kyi – argumento assinado em parceria com Montanaria, que é também a protagonista –, reconhecida como de interesse cultura pelo MiBACT-Direzione Cinema, apoiada pela Film Commission-Regione Emilia Romagna, apresentado em antestreia no Biografilm Festival, noutros festivais italianos, no estrangeiro e em sala com distribuição independente.
Acabou de sair, pela editora Ponte alle Grazie, Nel Nome di Dante, em que Martinelli associa memórias autobiográficas e eventos contemporâneos a uma releitura cintilante da obra e da vida de dante, um percurso original com raízes nas transformações da Comédia em linguagem teatral.