Exposições
"Budonga" de Fernando Brito na ZDB
A convite da ZDB, Brito expõe um conjunto de ilustrações do catálogo do hipotético museu duma civilização antiga inventada a partir da novela (chamada «Budonga») que, nos idos anos oitenta, o seu colega Proença extrapolou duma anedota parva.
17 Set a 28 Nov 2020
Segunda a sabádo das 18h às 22h
Entrada: 3€
As visitas serão efectuadas de acordo com as medidas de segurança recomendadas: é obrigatória a utilização de máscara e recomendada a utilização do gel desinfectante disponível na entrada da ZDB.
A que é que se chama «história» e a que é que se chama «civilização» (e quem é que chama?)? Como é que o vivo fabrica o morto (que género de «outro» é o morto?)?
Que noção tem o apropriador daquilo de que se apropria (o que é que mostra? Como e para que fins é que mostra?)?
A convite da ZDB, Brito expõe um conjunto de ilustrações do catálogo do hipotético museu duma civilização antiga inventada a partir da novela (chamada «Budonga») que, nos idos anos oitenta, o seu colega Proença extrapolou duma anedota parva.
O nome «Budonga» usa-se numa anedota que fala de humilhação e/ou morte por violação anal ritual. Chega ao dicionário homeostético na novela «Budonga» (1985), em que Proença narra a fuga dum branco cerebral entediado para o coração da África subsaariana. Em Brito, logo após, nomeia uma cidade anterior à civilização mesopotâmica, do catálogo de cuja escavação (documento pomposo de arqueologia colonialista) aqui se mostram ilustrações de arquitectura, de baixo relevo, de equipamento e de estatuária. No quotidiano homeostético, «Budonga» (que dá o qualificativo «budonguiano»), faz-se um «cliché» de uso imoderado cujo sentido não ocorre a ninguém querer fixar.
Fernando Brito (Pampilhosa da Serra, 1957). Licenciado em Artes Plásticas (Pntura) pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1983). Membro convidado do grupo Homeostética (Ivo,Portugal, Proença,Vieira, Xana). Membro fundador do grupo Ases da Paleta (Feliciano, Portugal, Vieira, Xana). Activo na década de 1990 com Louro, Mendes, Palma, Tabarra e Vidal. Desde 2010, curiosidade pelo chamado pensamento pós-colonial e a descoberta dos conceitos de «política» e de «sujeito político» em Rancière têm determinado que as ideias de arte como jogo político, artista como político que usa imagens, obra como jogada política, se tenham constituído em motor do seu trabalho.