Cinema e Vídeo
Dia Mundial do Património Audiovisual - A Rosa do Adro de Georges Pallu
A ROSA DO ADRO de Georges Pallu com música ao vivo por um sexteto de solistas da Orquestra Metropolitana de Lisboa.

26 Out 2019 | 21h30
com Maria de Oliveira, Erico Braga, Carlos Santos, Etelvina Serra, Duarte Silva
Portugal, 1919 - 76 min
mudo, intertítulos em francês traduzidos eletronicamente em português | M/6
com música ao vivo por um sexteto de solistas da Orquestra Metropolitana de Lisboa
Aquela que pode ser considerada a primeira longa-metragem de ficção do cinema português (no sentido que foi atribuído à expressão a partir de inícios ou meados da década de dez do século XX) marcou também o salto para esta dimensão da produção da Invicta e da própria obra de Georges Pallu, que ali fizera já no ano anterior o mais curto FREI BONIFÁCIO, a seguir a um arranque de carreira em França também com metragens muito inferiores. Ao contrário do precedente, não foi porém um salto de pouca relevância ou de mero âmbito técnico ou de produção. Avançando agora enfaticamente com o famoso lema “Romance português – filme português – cenas portuguesas – artistas portugueses” (o slogan publicitário criado por Raul de Caldevilla, cuja realidade convivia então ironicamente com o recurso a um realizador e a técnicos estrangeiros), este é um filme assinalável a muitos níveis, a propósito do qual João Bénard da Costa escreveu que “as próprias incongruências da história acentuam (…) o caráter onírico e singular que torna a ROSA DO ADRO (…) num dos filmes mais interessantes da Invicta e de Pallu”. O filme é adaptado do romance homónimo oitocentista de Manuel de Maria Rodrigues (transpondo a história original dos inícios do século XIX para os inícios do século XX), e foi ainda João Bénard da Costa que nele salientou aquilo que hoje em dia pode ser visto como “um certo lado inocentemente perverso ou perversamente inocente que caracteriza o enlace triangular” das personagens principais. O filme é exibido em nova versão digital, produzida a partir do único material de época até hoje localizado, que é um interpositivo feito como suporte da distribuição em França, com intertítulos em francês (legendados eletronicamente em português). A partitura original de Armando Leça foi recuperada por uma equipa de musicólogos do Instituto de Etnomusicologia – Centro de estudos em Música e Dança, INET-MD, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Nesta sessão, a partitura será interpretada ao vivo pelos solistas da Orquestra Metropolitana de Lisboa José Pereira, Joana Dias (violino), Joana Nunes (viola), Catarina Gonçalves (violoncelo), Vladimir Kouznetsov (contrabaixo) e Francisco Sassetti (piano). A imagem digitalizada e a música original interpretada pelos solistas indicados (que será gravada para o efeito) serão objeto de versão DCP para circulação alargada e de uma nova edição DVD da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema que dará continuidade às que já foram realizadas com outras obras do cinema mudo português.