"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Uma Peça | Um Museu

S. Jerónimo

Obra-prima do mais genial pintor alemão do Renascimento Albrecht Dürer, criada durante a sua viagem aos Países Baixos nos anos de 1520-21. 

Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga


S. Jerónimo
Albrecht Dürer (Nuremberga, 1471-1528)
Monogramado e datado (1521) no canto inferior esquerdo
Óleo sobre madeira
Aquisição, 1880
Inv. 828 Pint

No conciso diário dessa viagem, Dürer descreve as relações de grande cortesia e amizade que manteve com os dirigentes da feitoria portuguesa em Antuérpia, muito especialmente com Rui Fernandes de Almada, secretário da feitoria, e assinala, em 16 de março de 1521, que acabara de oferecer este quadro ao diplomata português. A obra manteve-se sempre na família dos Almada até à sua aquisição pela Academia de Belas Artes de Lisboa, em 1880, quando se situava na capela da Quinta da Má Partilha (Azeitão).

O S. Jerónimo de Dürer constitui uma solução inovadora na iconografia específica e nas formas de representação pictórica do santo patrono dos humanistas cristãos. A usual representação do Doutor da Igreja no seu gabinete de estudo, rodeado de atributos de erudição ou de elementos lendários da sua hagiografia vulgar, é aqui reconvertida em poderosa, concentrada e sintética imagem de um velho sábio que melancolicamente medita sobre a morte e a contingência da condição humana, cujo olhar nos interpela e envolve nesse exercício de sabedoria. O uso do tinteiro ou a leitura do livro foram suspensos, o gesto da mão esquerda indica veementemente o crânio como espelho e destino de todas as vanidades mundanas, o crucifixo, num plano recuado, focaliza a mensagem redentora num destino espiritual e transcendente.

No realismo da figura do santo (sabe-se que Dürer usou como modelo um velho de 93 anos), como nos escassos objetos que a rodeiam, todas as sedutoras aparências da forma, da cor e da luz foram magistralmente traduzidas, mas essa capacidade analítica, fenomenológica, serve algo mais que não se apreende na imediata visualização do espaço pictórico e da sua magnífica figurabilidade. Com efeito, o S. Jerónimo de Dürer é um extraordinário exemplo da capacidade da pintura renascentista para sugerir também um espaço de interioridade e de meditação, para dar a ver um “espaço mental”.

Na Galeria Albertina (Viena) e na Galeria Dahlem (Berlim) subsistem quatro desenhos preparatórios para esta composição.

Agenda
Ver mais eventos

Passatempos

Passatempo

Ganhe convites para a antestreia do filme "Memória"

Em parceria com a Films4You, oferecemos convites duplos para a antestreia do drama emocional protagonizado por Jessica Chastain, "MEMÓRIA", sobre uma assistente social cuja vida muda completamente após um reencontro inesperado com um antigo colega do secundário, revelando segredos do passado e novos caminhos para o futuro.

Visitas
93,815,677