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CASA MUSEU DE CAMILO VAI SER REABILITADA E AMPLIADA PARA RECRIAR VIVÊNCIAS DO SÉCULO XIX
A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão vai ampliar a Casa-Museu Camilo Castelo Branco, em S. Miguel de Seide, e reabilitar a quinta envolvente, restituindo ao edifício a traça original e recriando o ambiente camiliano do século XIX, o mais fielmente possível.
Paulo Cunha apresentou projeto no 190.º aniversário de nascimento do romancista
A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão vai ampliar a Casa-Museu Camilo Castelo Branco, em S. Miguel de Seide, e reabilitar a quinta envolvente, restituindo ao edifício a traça original e recriando o ambiente camiliano do século XIX, o mais fielmente possível. O projeto, que prevê um investimento de cerca de 250 mil euros, a candidatar a financiamento comunitário, foi apresentado esta segunda-feira, 16 de março, no âmbito das comemorações dos 190 anos do nascimento do romancista. “Uma belíssima prenda de aniversário para Camilo”, como destacou o diretor da Casa-Museu, José Manuel Oliveira.
De acordo com o responsável, hoje, vivemos um dia festivo “porque o nosso tributo para honrar e manter vivo o escritor não se limita apenas a ler e a divulgar a sua obra”. E acrescentou: “Se Vila Nova de Famalicão herdou de Camilo um património literário de indiscutível valia para o estudo e compreensão do ser e do estar português. A autarquia famalicense não tem olhado a esforços para assegurar e garantir que o refúgio das dores do Mestre e altar maior de quem fez do sofrimento Arte, se transmita, vivo, de geração em geração, para agir como um dos valores máximos da arte da criação ficcional e do culto da Língua Portuguesa.”
A autarquia adquiriu recentemente a totalidade do terreno da Quinta de Seide, o que vai permitir a reconstrução da “Casa dos Caseiros”, anexa à moradia, que será composta de novas valências educativas e culturais como, entre outras, salas para a realização de ateliers temáticos, serão ainda recriados um Sequeiro e uma Eira, e ao nível da quinta, prevê-se a criação de uma pequena quinta pedagógica, com horta e pomar, e um percurso pedonal circundante, tal como existia no tempo de Camilo Castelo Branco.
Para o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, “com este projeto temos a ambição de restaurar a Casa de Camilo tal como era antes do incêndio de 1915”. “Sabemos da relação forte que o romancista tinha com esta casa e com esta terra e queremos preservar essa memória, recriando o ambiente camiliano com todas as valências pedagógicas e bucólicas do tempo de Camilo”. O autarca salientou a vontade de, com estas obras, proporcionar “aos visitantes uma viagem no tempo, até ao passado, para que possam reviver este espaço que foi de Camilo”. E acrescentou: “Camilo representa um valioso legado que queremos preservar intacto para as próximas gerações”.
Paulo Cunha aproveitou ainda a oportunidade para desafiar o diretor regional de Cultura do Norte, António Ponte, para a criação de uma rede de Casas de Escritores. O responsável pela Cultura notou que já existe o programa “Escritores a Norte”, que pretende reunir os vários nomes de escritores num site e numa antologia e que representa a primeira fase de um projeto desse género.
António Ponte afirmou ainda que “as casas-museu são de grande valor para uma cada vez maior descentralização da cultura, contribuindo para a valorização do património e para a atração de visitantes”. O responsável apadrinhou a reedição do roteiro “Viajar com… Camilo Castelo Branco”, da autoria de Aníbal Pinto de Castro e de José Manuel Oliveira.
A cerimónia ficou ainda marcada pela inauguração de duas exposições, um fotográfica e documental intitulada “Casa de Seide: História e Estórias”, que apresenta um conjunto de fotografias retratando os 150 anos da Casa de Camilo. E outra bibliográfica e documental sobre “António Lopes Mendes, amigo pessoal de Camilo, natural de Vila Real.
A casa de S. Miguel de Seide foi construída, por volta de 1830, com dinheiros amealhados em terras de Vera Cruz por Pinheiro Alves. Após a sua morte, para o qual contribuiu o desgosto que lhe causara a absolvição de sua esposa, Ana Plácido, e de Camilo Castelo Branco no Tribunal da Relação do Porto, pelo crime de adultério de que os acusara, o romancista instalou-se na casa amarela, no inverno de 1863, onde até ao fatídico dia de 1 de junho de 1890, num processo febril de criação literária e à custa da tragédia própria e alheia, escreveu grande parte da sua obra, onde se refletem os traços mais marcantes e genuínos do Portugal oitocentista e da alma portuguesa em todos os tempos.
Depois do incêndio de 1915, o imóvel foi reconstruído e transformado, em 1922, em Museu Camiliano, assumindo atual designação nos anos 50 do século XX.
Em 1 de junho de 2005, a Câmara Municipal de Famalicão inaugurou o Centro de Estudos Camilianos, uma obra da autoria do arquiteto Siza Vieira.
Considerada hoje a maior memória viva de Camilo Castelo Branco e uma das mais conhecidas e prestigiadas Casas-Museu do país, a Casa de Camilo é uma instituição permanente, ao serviço da comunidade e do seu desenvolvimento, sem fins lucrativos e aberta ao público, tem como principais funções adquirir, investigar, conservar e, muito especialmente, expor para fins de estudo, educação e recreio, os testemunhos materiais de âmbito camiliano.