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AMÁLIA NO CHIADO | EDIÇÃO A 24 DE NOVEMBRO
Se foi no Chiado, no Retiro da Severa, que Amália iniciou a sua carreira, foi também no Chiado o começo de uma das mais extraordinárias relações artísticas da História do disco: a de Amália com a Valentim de Carvalho.
Se foi no Chiado, no Retiro da Severa, que Amália iniciou a sua carreira, foi também no Chiado o começo de uma das mais extraordinárias relações artísticas da História do disco: a de Amália com a Valentim de Carvalho.
AMÁLIA NO CHIADO
Em março de 1952 Amália vai a Londres, aos estúdios da Electric and Musical Industries Ltd (EMI) em Abbey Road, gravar aqueles que se acreditou até hoje serem os seus primeiros registos para a editora. Entretanto, ao descobrir uma prova em acetato com a data de junho de 1951, confirmei o que o ouvido há muito me dizia: as primeiras bobines da Rua Nova do Almada eram anteriores às gravações londrinas.
Foi também no Chiado, numa sala (mais tarde dita da alta fidelidade) do segundo andar da loja da Valentim de Carvalho, que nesse junho de 1951 se deu o encontro entre a voz de Amália e Hugo Ribeiro, o técnico de som da casa. A diferença de qualidade, mesmo depois do natural envelhecimento das fitas, entre estas gravações e as de Londres é assinalável.
“O Hugo Ribeiro é que grava aquela que eu acho que é a minha voz, aquela que eu oiço”
A paixão que os ligava à arte de Amália, aliada ao engenho para ultrapassar as dificuldades técnicas, levou Hugo Ribeiro e Rui Valentim de Carvalho a superar os resultados conseguidos em todos os outros estúdios. Hugo Ribeiro inventou no Chiado a distância ideal entre o microfone e a voz de Amália.
Logo nesse primeiro ano o resultado é notável, tanto do ponto de vista técnico como artístico. Amália não só grava alguns dos seus “clássicos” de então, como nos oferece registos algo exóticos no seu repertório.
Rui Valentim de Carvalho possibilitou o uso ilimitado das bobines e a sua preservação, deixando-nos momentos extraordinários que em normais circunstâncias teriam sido apagados.
Entre estes registos, alguns viram a sua única edição nos discos de 78 rpm da época; outros seriam apenas editados em 1989 na caixa comemorativa dos 50 anos de carreira de Amália (hoje indisponível); outros, ainda, nunca chegariam a sair, muito provavelmente por duplicarem temas regravados mais tarde.
Esta edição reúne pela primeira vez as gravações de Amália na Loja do Chiado, e inclui alguns inéditos de estúdio, além de numerosas versões nunca publicadas.
Frederico Santiago