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ALCINO SOUTINHO (1930-2013)

O arquiteto Alcino Soutinho morreu neste domingo, aos 83 anos, na sua casa no Porto. Não sobreviveu ao cancro que o obrigou a diversas intervenções cirúrgicas no último ano. Associado à Escola do Porto, ficou principalmente conhecido como o autor da Câmara Municipal de Matosinhos, cidade onde projetou parte assinalável da sua obra.


Mensagem de pesar pela morte do arquiteto Alcino Soutinho

Portugal perdeu um dos seus maiores arquitetos e um dos mais destacados representantes da “Escola do Porto”.

Alcino Soutinho deixou a sua marca por todo o país, numa presença feita de rigor e pureza no traço arquitetónico, no encontro de soluções de grande expressividade, sempre com uma particular atenção ao contexto da sua arte. São emblemáticas construções como os Paços do Concelho e a Biblioteca Florbela Espanca, em Matosinhos, a Casa-Museu Guerra Junqueiro, no Porto, ou o Museu do Neorrealismo, em Vila Franca de Xira.

Na arquitetura, na sua atividade de docência na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e também na pintura, Alcino Soutinho deixa-nos um legado de justeza e inventividade que devemos recordar e celebrar sempre.

Maria da Assunção A. Esteves
Presidente da Assembleia da República



Alcino Soutinho, fotografado em 2009 [Paulo Ricca]

MORREU ALCINO SOUTINHO, O ARQUITETO DA CÂMARA DE MATOSINHOS

Associado à Escola do Porto, ficou principalmente conhecido como o autor da Câmara Municipal de Matosinhos, cidade onde projetou parte assinalável da sua obra.

O arquiteto Alcino Soutinho morreu neste domingo, aos 83 anos, na sua casa no Porto. Não sobreviveu ao cancro que o obrigou a diversas intervenções cirúrgicas no último ano.

Nascido em Vila Nova de Gaia a 6 de novembro de 1930, Soutinho mudou-se para o Porto ainda criança, acompanhando a família, mas, como arquiteto, haveria de ficar principalmente conhecido como o autor da Câmara Municipal de Matosinhos, cidade onde projetou parte assinalável da sua obra, e que viria a homenageá-lo com duas medalhas de mérito e o título de cidadão honorário.

“Santos da casa não fazem milagres”, comentou o arquiteto à Fugas, no início deste ano, no decorrer de uma visita guiada aos seus lugares de eleição no Porto, onde sempre teve o seu atelier, e onde a sua obra de maior realce foi o restauro e ampliação da Casa-Museu Guerra Junqueiro, um projeto não acabado de Nicolau Nasoni. “É a única obra institucional que tenho no Porto”, confidenciava o arquiteto, que, no entanto, projetaria para a cidade edifícios que marcam o perfil atual da secção poente da Avenida da Boavista, como o da Bolsa de Derivados.

Em 1985, foi distinguido com o prémio Europa Nostra pela adaptação da pousada do castelo de Vila Nova de Cerveira.
Formado na Escola Superior de Belas-Artes do Porto em 1957, Soutinho foi colega de Álvaro Siza, com quem partilhou o interesse por outras disciplinas, a pintura e escultura, que nunca abandonariam.

Em 1961, viveu em Itália usufruindo de uma bolsa da Gulbenkian para estudar museologia. No regresso, lecionou na ESBAP, e integrou o Comissariado para a Renovação Urbana da Área Ribeira-Barredo, no Porto.

Ainda que tenha obra espalhada pelo país, ficou sempre associado à Escola do Porto – mesmo se a certa altura foi “acusado” de cedência ao pós-modernismo: “É verdade que fui considerado, não direi um trânsfuga, mas um herético da Escola do Porto. Não é totalmente verdade. O que não fui foi um seguidor epidérmico da Escola. Mas os princípios, a interpretação do sítio, todos esses mecanismos que subjazem à Escola estão sempre nas coisas que fui fazendo, mas não de uma forma seguidista”, comentou para a Fugas. E considerava que a Escola do Porto tinha já acabado, depois de cumprido o seu papel. “Teve o seu princípio, o seu apogeu, e acabou naturalmente”.

por Sérgio C. Andrade, in Público | 24/11/2013
no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

 

 

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