Arranca recuperação do Convento de Santo António de Ferreirim

Classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1944, o Convento de Santo António de Ferreirim conhece agora uma nova vida. Após um conjunto de circunstâncias que levaram à quase destruição das dependências monásticas, arranca agora a aguardada obra de requalificação do espaço, incluída no Projeto Vale do Varosa, da responsabilidade da Direção Regional de Cultura do Norte.

Depois dos Mosteiros de Santa Maria de Salzedas (aberto ao público desde 2011) e de S. João de Tarouca (em fase final de obra), chega agora a vez do Convento de Ferreirim, cuja história começou em 1525 quando D. Francisco Coutinho, Conde de Marialva, faz a doação do terreno, na envolvente da sua torre senhorial, para a construção deste convento masculino franciscano.

Ainda nesta centúria, são erguidos alguns dos espaços conventuais, contratados os retábulos da igreja a Garcia Fernandes e Gregório Lopes, construído o pórtico da igreja e encomendados os arcazes da sacristia a Manuel Esteves.

Nos séculos seguintes sucedem-se vários documentos de encomendas e contratos a ourives, pedreiros, carpinteiros, entalhadores, sineiros, relojoeiros e vidraceiros, onde é possível constatar variadas obras de construção de novos espaços, remodelações e ampliações. Destaque para a construção do nártex no século XVIII, a pavimentação do claustro em 1702, a execução do cadeiral em 1711 e do órgão em 1717, a fundição de três sinos, a construção de campanário e do relógio em 1775 e a pintura da “Anunciação”, entre 1775 e 1777, pelo italiano Francesco Fachini.

No entanto, a extinção das ordens religiosas em 1834, o incêndio de 1954 e a derrocada, em 2001, do que restava do edificado, na sequência de agentes climatéricos extremos, ditaram um futuro incerto para este imóvel, que viu toda a área pertencente às dependências monásticas praticamente destruída.

A recuperação em curso vem restituir a memória a um espaço que durante séculos foi lugar do sagrado, mas também de arte, dando assim continuidade à obra que, entre 2001 e 2005, levou ao restauro integral da igreja e respetivo recheio.