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“PALAVRA CHAVE” LEVA VOLUNTARIADO ÀS PRISÕES

Usar os livros e a leitura para apoiar o processo de reintegração social dos reclusos é um dos principais objetivos do “Projeto Palavra Chave” que arranca em setembro em diversos pontos do país.

 

Usar os livros e a leitura para apoiar o processo de reintegração social dos reclusos é um dos principais objectivos do “Projecto Palavra Chave” que arranca em Setembro em diversos pontos do país. Bragança, Lamego, Elvas, Grândola e Ponta Delgada são os locais onde decorrerá uma formação que pretende encontrar voluntários que possam desenvolver projectos de intervenção nos Estabelecimentos Prisionais daquelas zonas. Em Coimbra o projecto decorrerá também mas direccionado para a formação dos próprios reclusos que, ao longo de várias sessões, obterão conhecimentos sobre a dinamização de pequenas bibliotecas e de iniciativas de promoção da leitura.

Esta iniciativa foi concebida e será dinamizada por Filipe Lopes, promotor cultural e fundador do Grupo O Contador de Histórias, que desenvolve há uma década o projecto “A poesia não tem grades” em diversos centros de reclusão no país. Apesar do crescente número de voluntários que dão o seu contributo nas prisões, continua a ser notória a assimetria do país, com as regiões do interior, também neste caso, a contarem com um número muito mais reduzido face aos grandes centros urbanos. “Palavra Chave” pretende assim encontrar quem tenha disponibilidade e interesse em desenvolver estas iniciativas localmente, razão pela qual foram escolhidas estas cinco localidades mais periféricas.

Desenvolvido em parceria com a Direcção Geral da Reinserção e dos Serviços Prisionais, o projecto foi um dos vencedores do programa EDP Solidária em 2013. Decorrerá a partir de Setembro e até Março de 2014, nesta primeira edição, passando por uma fase inicial de formação que pretende cimentar o conceito de “voluntariado”, dotando os participantes de ferramentas que lhes permitam entender a especificidade de uma população-alvo como a dos reclusos. Uma introspecção, conduzida pela psicóloga Carla Xavier, ajudará os participantes a conhecerem as suas motivações, capacidades e limitações para o desempenho desta função.  Filipe Lopes colocará à disposição dos voluntários os seus conhecimentos e experiência nesta matéria, num processo que terminará com a aprendizagem de técnicas que permitam a criação e desenvolvimento de projectos de promoção da leitura em ambiente prisional, acompanhando posteriormente os projectos nascidos no âmbito desta formação.

Mas qual a razão para trabalhar com reclusos, especialmente num momento de emergência social em diversos sectores da sociedade? Para Filipe Lopes (que desde sempre trabalhou com públicos específicos como as crianças em internamento hospitalar ou os jovens em risco) trata-se de uma oportunidade para utilizar o livro e a leitura como ferramenta de desenvolvimento pessoal e de integração social. A sobrelotação das cadeias e a diminuição de recursos diminuem a capacidade destas para cumprir essas funções. O autor do projecto refere que “quando encerramos alguém numa cela não atiramos a chave fora. O recluso tem de sentir o sofrimento como punição pelos seus actos mas tem de ser apoiado no seu processo de crescimento e renovação interior. O que muitos de nós se esquecem é que estes homens e mulheres, amanhã ou daqui a vários anos, vão ser o nosso “vizinho do lado” e que todos beneficiamos com a sua recuperação”.

Os interessados em participar poderão consultar mais informações na página de Facebook da iniciativa ou através do email projectopalavrachave@gmail.com.

Em paralelo com este projeto “Palavra Chave”, continuam a decorrer as sessões de “A poesia não tem grades” que este ano já passaram por Ponta Delgada e que estão ainda agendadas para Silves, Faro, Olhão, Carregueira, Alcoentre, Covilhã, Guarda, Aveiro, Lamego e Caldas da Rainha, um trabalho também realizado em regime de voluntariado.

Filipe Lopes é fundador do Grupo O Contador de Histórias e desenvolve há cerca de vinte anos projetos de dinamização cultural, com enfoque especial na promoção do livro e da leitura. Tem dedicado especial atenção ao trabalho junto dos públicos com necessidades especiais, tendo colaborado com a Fundação do Gil (onde foi coordenador do voluntariado), com a Direção Geral dos Serviços Prisionais (através do projeto “A Poesia não tem grades”) e da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens. É autor do livro infantil “A história do Zeca Garro”. Foi recentemente distinguido com o prémio "Sorrir na Educação", pelo trabalho desenvolvido nesta área.

 

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