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FILIPE LOPES, NA PRISÃO PELO AMOR À POESIA

Na semana em que se assinala o Dia Mundial da Poesia, Filipe Lopes entra no Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada para tentar convencer os reclusos de que vale a pena ler e que o texto poético pode ser uma janela aberta para o mundo exterior.

Na semana em que se assinala o Dia Mundial da Poesia, Filipe Lopes entra no Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada para tentar convencer os reclusos de que vale a pena ler e que o texto poético pode ser uma janela aberta para o mundo exterior. Será no dia 19 de março, a partir das 10h30 e marca o início de mais um ano de colaboração entre o fundador do Grupo O Contador de Histórias e a Direção Geral dos Serviços Prisionais.

Foi em 2003 que Filipe Lopes transpôs pela primeira vez os portões de uma cadeia. O convite era para animar com algumas leituras uma entrega de prémios de um concurso de contos aberto a todos os reclusos do país. Contador de histórias, dinamizador cultural e com uma enorme paixão pela Poesia, não tardou a entender que tinha encontrado um terreno fértil para promover os livros e a leitura e, em 2004, com o apoio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (atual DGLB) iniciou o projeto “A Poesia não tem grades”. Sintra (masculino) e Tires (feminino) foram os primeiros Estabelecimentos Prisionais a receber a iniciativa, que decorreu ao longo de vários meses, trabalhando a leitura individual e partilhada, a escrita e a expressividade. A agenda d’O Contador de Histórias levava Filipe Lopes de norte a sul do país e a perceção de que os EP’s fora de Lisboa e Porto estavam mais desfavorecidos em termos culturais conduziu à reformatação do projeto que passou a funcionar em sessões únicas, nos diversos locais, de Bragança aos Açores. 

Atualmente, em regime de voluntariado, Filipe Lopes reserva na sua agenda um conjunto de datas para voltar para trás das grades e continuar a deixar sementes de cultura junto de quem se encontra, tantas vezes, com tempo mas sem rumo. As sessões de leitura são um momento de partilha, um recital conversado onde as emoções se confundem, com lágrimas contidas e gargalhadas descontraídas, porque tudo cabe dentro da Poesia. E é com ela que se fala de solidão, de amor, de dependências, de liberdade e muitas outras coisas, sem lições de moral nem juízos de valor.

A 19 de março, que também é dia do Pai, recomeça “A Poesia não tem grades”, no EP Ponta Delgada, sessão aberta a todos os reclusos que pretendam participar. Ao longo do ano, os caminhos de Filipe Lopes cruzarão outras rotas, para lá dos portões de ferro de diversas prisões do país. Nessas prisões, cada vez mais sobrelotadas, há gente à procura de pagar a sua dívida à sociedade e em busca de um rumo para se voltar a integrar. O “contador de histórias” tomarense acredita que a Poesia lhes pode ser uma ferramenta para esse processo e lembra que, um dia, cada um destes reclusos estará em liberdade e será “o nosso vizinho do lado”. Técnicos, guardas, voluntários, todos são importantes nesta reabilitação de homens e mulheres que mais cedo ou mais tarde voltarão ao lado “de cá” dos muros.

Filipe Lopes é fundador do Grupo O Contador de Histórias e desenvolve há cerca de vinte anos em projetos de dinamização cultural, com enfoque especial na promoção do livro e da leitura. Tem dedicado especial atenção ao trabalho junto dos públicos com necessidades especiais, tendo colaborado com a Fundação do Gil (onde foi coordenador do voluntariado), com a Direção Geral dos Serviços Prisionais (através do projeto “A Poesia não tem grades”) e da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens. É autor do livro infantil “A história do Zeca Garro”. Foi recentemente distinguido com o prémio "Sorrir na Educação", pelo trabalho desenvolvido nesta área.

 

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