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FEVEREIRO É SINÓNIMO DE DANÇA CONTEMPORÂNEA EM GUIMARÃES

Entre os próximos dias 13 e 23 de fevereiro, Guimarães acolhe, pelo terceiro ano, o GUIdance, um festival internacional dedicado à dança contemporânea que tem trazido até Guimarães algumas das mais conceituadas companhias e coreógrafos nacionais e internacionais.


Entre 13 e 23 de fevereiro, Guimarães acolhe, pelo terceiro ano, o GUIdance, um festival internacional dedicado à dança contemporânea que tem trazido até Guimarães algumas das mais conceituadas companhias e coreógrafos nacionais e internacionais. Este ano, o GUIdance abraça a cidade, fruto da existência de novos espaços de apresentação que resultaram do ano de Capital Europeia da Cultura. Os espetáculos dividem-se, assim, pelos auditórios do Centro Cultural Vila Flor, mas também pela Black Box da Fábrica Asa e do CAAA - Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura. Acompanhado por alguns dos coreógrafos que integram a programação, o festival visita também as escolas secundárias do concelho. Nestas visitas, os jovens estudantes poderão saber mais sobre o percurso destes criadores: descobrir o que os levou a trabalhar na área da dança, como se tornaram coreógrafos e como encaram hoje uma vida dedicada à criação artística. 

Cabe à Australian Dance Theatre as honras de abertura do GUIdance no dia 13 de fevereiro, no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor. Recordamos que a companhia australiana foi também responsável pelo espetáculo de abertura da 1ª edição do festival. Em 2011, apresentou “Be Your Self”. Este ano, a Australian Dance Theatre traz até Guimarães o espetáculo “Proximity”, de Garry Stewart, coreógrafo australiano que há 15 anos ocupa o cargo de diretor artístico da companhia. Garry Stewart tem mostrado apetência pelas criações que fundem tecnologia e dança, mas não deixa de refletir sobre questões mais basilares e filosóficas como a identidade e o movimento do corpo. “Proximity” é dominada visualmente por três grandes ecrãs. Captada por câmaras que lançam um “olhar” por todo o palco, a ação ganha uma nova e poderosa dimensão, vendo-se amplificada por uma componente tecnológica que lhe confere multidimensionalidade e que acrescenta uma camada de perceção mais próxima e intimista. A performance em palco e a manipulação de vídeo em tempo real disputam a atenção do espetador. No palco, a partir de uma determinada realidade cénica, a história multiplica-se e a experiência é (re)criada. É lá onde o pormenor perdido na distância se revela ao espetador: do plural nasce o singular, do infindável o infinitesimal.

No segundo dia do festival (14 de fevereiro), na Black Box da Fábrica Asa, é a vez da dupla de criadores Cecilia Bengolea e François Chaignaud apresentar o espetáculo “altered natives’ Say Yes To Another Excess – TWERK”. Twerk, em gíria urbana, significa “trabalhar o corpo como na dança, em especial as nádegas”. É também uma nova dança, de origem africana, que é moda nos clubes de Nova Iorque. Este é o ponto de partida para uma peça que pretende tratar a dança como representação “abstrata”, como simples expressividade e poética, de teor pré-consciente e discursivo. Cecilia Bengolea e François Chaignaud são os criadores de um trabalho que se inspira em danças populares, ritmos que se cruzam em clubes – de Londres a Nova Iorque – transformados em lugares de pesquisa e investigação. Hip hop, house, dancehall, kump, ballet…. Reggae, drum&bass, garage, jungle, Grime…. Uma performance que assenta na partilha de um objetivo único: a dança determina o momento. Em palco, cinco bailarinos (entre os quais Cecilia Bengolea e François Chaignaud) interpretam uma coreografia estudada, contudo desenfreada. Uma dança de apelo direto que se introduz nos corpos, acrobática e coletiva, que enlouquece e surpreende. 

Também no dia 14 será apresentada, em estreia nacional, a mais recente criação de Marina Nabais. Intitulada “O Peso de uma Semente”, é um espetáculo criado numa colaboração estreita entre diferentes linguagens e artistas, que contou ainda com o envolvimento, ao longo de todo o processo, de um conjunto de jovens da região norte – uns na interpretação, outros na conceção e confeção dos figurinos. O espetáculo, que parte da depuração do espaço do corpo, do espaço sonoro e do espaço cénico para explorar o paradoxo entre esforço e inércia, desenvolve-se em dois momentos: um prólogo, peça de grupo interpretada pelos jovens participantes, e um solo de dança. No dia 14 de fevereiro, o espetáculo será apresentado às 15h00, no Pequeno Auditório do CCVF. No dia seguinte há uma nova sessão, às 22h00.

No fecho da primeira semana do festival (16 de fevereiro), Tânia Carvalho apresenta “O Reverso das Palavras”, a sua mais recente criação estreada no passado mês de janeiro no Festival Aire de Jeu, em Lyon, França. “O Reverso das Palavras” partiu de um convite do diretor do Laboratório Internacional de Criação Artística - Les Subsistances, em Lyon, dirigido a Tânia Carvalho para criar e desenvolver um trabalho coreográfico a partir de uma colaboração com a compositora norte-americana Julia Wolfe. Neste espetáculo, o pensamento é feito por movimentos, intensidades do corpo, ritmos, pausas, figuras e atmosferas. Atmosferas que buscam inspiração nos sons de LAD, a composição para um ensemble de gaitas de foles que Julia Wolfe depura com uma simplicidade inquietante. E dessa simplicidade nasce a expressão corporal como linguagem que prescinde do vocábulo. 

“Regina - The Ritual Wedding”, do Útero Associação Cultural, abre a segunda semana do GUIdance. Este espetáculo resulta do encontro entre os artistas Regina Fiz e Miguel Moreira. Um trabalho que pisa territórios de um ritual enraizado e que convoca o público para uma experiência nova, apelando ao interdito e a uma proximidade entre íntimos. “Regina” é também um outro discurso: a transformação e o pensamento queer associados a uma ideia de uma sociedade livre. O espaço do corpo e da liberdade em uníssono. Uma peça que é resultado e processo. Resultado de uma experiência de vida - a de Regina Fiz - e de um processo de luta contra as normas sociais e políticas segregadoras. O espetáculo vai estar em cena no dia 20 de fevereiro, às 22h00, e nos dias 22 e 23, às 24h00, no CAAA - Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura.

No dia 21 de fevereiro, Olga Roriz apresenta no Centro Cultural Vila Flor “A Cidade”, uma reflexão sobre a atmosfera de pressão, contaminação, alienação e desgaste que as cidades causam no ser humano. Uma metáfora que convida a reflexão ou, no mínimo, evidencia uma sociedade que vive uma era do vazio, ilusória e efémera. Em palco, quatro bailarinos desmultiplicam-se em diversas personagens, ao som de músicas como as de Melody Gardot ou Nick Cave, num espetáculo fragmentado que é também capaz de produzir cenários inusitados, difíceis de reproduzir na vida das cidades. É neste contraponto que assenta uma componente onírica que se opõe à reificação do quotidiano. É este o espaço para se “respirar”, para mundos imaginados, ainda que temporários e difusos. “A Cidade” é também um lugar de discussão que se abre ao improviso. Um paradoxo entre a consciência de estarmos prisioneiros e a possibilidade de nos libertarmos.

O penúltimo espetáculo do festival, a 22 de fevereiro, é da responsabilidade da coreógrafa japonesa Kaori Ito, que volta a marcar presença no GUIdance (depois de “Island of no Memories”, em 2012), desta vez no duplo papel de coreógrafa e intérprete em “Solos”. Quatro mulheres em palco partilham o mesmo corpo, sucedendo-se a partir de transições subtis que introduzem novas histórias, ou partes distintas da mesma história. Todas elas personificadas por Kaori Ito a partir de uma conceção assente em fantasia, espiritualidade e xintoísmo. “Solos” é um exercício sublime de expressão corporal, de luz e formas, e uma metáfora dos tempos modernos: quem sou eu, se o meu corpo não me pertence?

No dia 23 de fevereiro, “A Ballet Story”, de Victor Hugo Pontes, encerra o GUIdance 2013. Há obras excecionais, aclamadas pelo público e pela crítica, que temos oportunidade de ver uma vez na vida. Há quem, por variados motivos, não consiga essa oportunidade. Há obras que habitam a nossa geografia, que estão mais próximas. Há obras que nascem num contexto especial que as torna especiais. Há obras que regressam, por tudo o atrás dito. É o caso do espetáculo “A Ballet Story”, do vimaranense Victor Hugo Pontes, que teve estreia mundial na edição de 2012 do GUIdance e que regressa novamente ao festival. Considerado melhor espetáculo de dança de 2012 (Jornal Expresso) e espetáculo de dança do ano (Jornal Público), “A Ballet Story” é uma peça complexa e original, um exercício que introduz novos elementos de interpretação a partir da recombinação entre história, música e dança. Um quadro artístico exigente feito de momentos de grande vigor, de apurado sentido estético e, sobretudo, de uma originalidade assinalável. A não perder, portanto.

Os bilhetes para os espetáculos podem ser adquiridos no Centro Cultural Vila Flor, na Plataforma das Artes e da Criatividade, em www.ccvf.pt, nas lojas Fnac, no El Corte Inglés, bem como em todas as entidades aderentes da Bilheteira Online.

 

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