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OBRA TIMORENSE AO MUSEU DE LAMEGO
A viúva do ilustre lamecense Major General Mário Lemos Pires, D. Maria Theolinda Queiroz Barrento Lemos Pires, decidiu doar ao Museu de Lamego uma obra de arte timorense.
Major General Lemos Pires
A viúva do ilustre lamecense Major General Mário Lemos Pires, D. Maria Theolinda Queiroz Barrento Lemos Pires, decidiu doar ao Museu de Lamego uma obra de arte timorense que tinha sido, por seu turno, oferecida ao seu marido, aquando da independência de Timor Leste, como lembrança e em ato de homenagem ao senhor General, como último Governador de Portugal naquele longínquo território do império colonial português.
Uma réplica miniatural, em filigrana de prata, representando uma casa típica de Lospalos e a carta oficial de pesar pelo falecimento do Sr. General Lemos Pires, assinada por Kay Rala Xanana Gusmão, Primeiro Ministro da República Democrática de Timor-Leste, são as peças doadas ao Museu e cuja formalização pública ocorrerá em cerimónia oficial, a realizar no próximo dia 9 de setembro de 2012, pelas 16 horas, no auditório do Museu de Lamego.
A cerimónia será encerrada com um espumante de honra oferecido pela Câmara Municipal de Lamego, com o apoio da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Lamego.
Dados Biográficos do Major General Mário Lemos Pires
(1930 – 2009)Nasceu em Lamego em 30 de junho de 1930, falecendo em Lisboa em 22 de maio de 2009, filho de Alberto Augusto Pires (médico veterinário) e de Maria da Graça Rocha Lemos Pires. Teve três irmãos: Eurico (n. 1927, professor liceal), Dulce (n. 1928) e Albano (n. 1939, alferes piloto-aviador morreu em desastre de aviação na Base da Ota, em 1962).
Casou com Maria Theolinda Queiroz Martins Barrento Lemos Pires, professora, filha do TGen. João Eduardo Correia Barrento e irmã do Gen. António Eduardo Queiroz Martins Barrento (foi CEME) e teve três filhos: Mário (n. 1959, economista), Maria Teolinda (n. 1961, professora, casada com o Cor Cav José Braga) e Nuno (n. 1965, TenCor Inf). Teve oito netos.
Estudou em Lamego até, ao então, 6º ano do Liceu Latino Coelho, concluindo o 7º ano Complementar no Liceu Camilo Castelo Branco, em Vila Real.
Frequentou a Escola do Exército (1948-51) e o tirocínio como aspirante na EPI, Mafra (1951-52), com a classificação final de 15 valores, ficando como nº 2 do seu Curso da Escola do Exército.
Durante a sua carreira teve uma formação profissional militar muito intensa, de que se destacam os seguintes diplomas obtidos: dos cursos de Instrutor e de Mestre de Educação Física Militar, Mafra (52/53 e 54/56); do curso de Professor de Esqui e Escalada Militar, Escuela Militar de Montaña, Jaca, Espanha (1957 e 1959); do curso de Estado Maior do Exército Português, IAEM/Lisboa (63/66), com a classificação de “distinto”; do curso de Estado Maior do Exército dos EUA, Leavenworth (72/73), com a distinção de “honor graduate”; do curso do Colégio de Defesa NATO, Roma (1980); do curso de Comando e Direção do Exército, IAEM/Lisboa (80/81) e do curso de Defesa Nacional, Lisboa 82/83.
Iniciou a sua carreira como alferes (1952) no Regimento de Infantaria nº 14, Viseu, tendo sido pouco depois transferido para a Escola Prática de Infantaria onde permaneceu essencialmente ligado à área da educação física (promovido a tenente em 1954), sendo depois fundador e instrutor do Centro Militar de Educação Física, Equitação e Desportos, Mafra (1956/59), onde fez parte do grupo reorganizador da doutrina e regulamentação da Educação Física Militar (promovido a capitão em 1957).
Colocado no BCaç5, Lisboa, em Set59 com vista à sua integração no futuro CIOE tendo aí participado na instrução das primeiras companhias de caçadores especiais e sido Observador da Guerra da Argélia em dezembro, foi depois fundador e instrutor do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), Lamego (1960/61), ligado à organização e difusão das novas doutrinas da guerra subversiva e de contraguerrilha, especializando-se em ação psicológica.
Em 1961/63 cumpriu, como oficial de operações do Batalhão de Caçadores 114, uma comissão de serviço em Angola, primeiro no Norte ,nas campanhas de reocupação dos Dembos, tendo nos meses de Nov/Dez/61 integrado a primeira experiência de tropas de comandos em Cabinda (Buco Zau); no segundo ano o comando do seu batalhão esteve inicialmente empenhado na estruturação das informações da Zona Leste (ZIL), com responsabilidades territoriais no distrito do Moxico, numa fase muito crítica face aos acontecimentos no vizinho território da República do Congo (Katanga) tendo, nesse âmbito, cumprido missões especiais.
Após o curso de Estado Maior, foi professor do IAEM (promovido a major em 1966) e, em acumulação, adjunto da repartição de instrução do Estado Maior do Exército (1966/69).
Em 1969/71 cumpriu uma comissão de serviço na Guiné como chefe da Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica do Comando Chefe (promovido a tenente coronel em 1971), sendo coordenador dos grandes projetos “Uma Guiné Melhor” e “Congressos do Povo”.
Após o curso de Estado Maior nos EUA foi de novo professor no IAEM e, em acumulação, secretário permanente do Instituto das Defesa Nacional (1973/74).
Após o 25 de Abril de 1974 exerceu sucessivamente as funções de delegado da Junta de Salvação Nacional, com responsabilidade da gestão do Ministério do Interior, de chefe do Gabinete do Ministro da Defesa Nacional e de Nov74 a Abr76 foi o Governador e Comandante-Chefe de Timor, tendo-se confrontado com enormes vicissitudes numa época difícil e conturbada, quer em Portugal quer em Timor.
Em 1976 voltou ao IAEM como professor e chefe do Gabinete de Estudos e Planeamento (foi promovido a coronel em 1977), tendo trabalhado ativamente na reorganização do Instituto no pós-25Abr; em acumulação, integrou o planeamento e a execução do exercício nacional “ORION-78”, na função de chefe de estado maior da Divisão.
Em 1978/79 foi comandante da Escola de Formação de Sargentos, que integrava o anterior CIOE, em Lamego, tendo dedicado especial atenção na continuidade e preservação da qualidade da instrução de “operações especiais”; em acumulação, foi o chefe do Grupo de Planeamento e Coordenação do exercício FALCÃO-78, da Região Militar do Norte.
Em 1981/84 foi, como coronel e major-general, o diretor do Serviço de Educação Física do Exército, tendo presidido (30 anos depois) à nova reorganização e regulamentação da Educação Física do Exército (promovido a major general em 1982).
Entre 1984/87, desempenhou as funções de subdiretor do IAEM dedicando especial atenção à reorganização do corpo docente, ao lançamento do sistema informático do Instituto e à instalação de modernas instalações para a prática da educação física.
Após a passagem à situação de reserva, em Jun87, foi colocado no Instituto da Defesa Nacional onde, sucessivamente, exerceu funções de assessor, de diretor do Departamento de Investigação de Defesa e de diretor do Curso de Defesa Nacional. Durante os oito anos de permanência no Instituto dedicou-se particularmente ao estudo e publicação de textos sobre o serviço militar, o planeamento estratégico, o terrorismo e crime organizado, a organização da defesa nacional e a formação para a cidadania.
Após a passagem à situação de reforma, em Jun95, foi convidado pelo IDN (MDN) como seu delegado para, conjuntamente com o TGen António Eduardo Mateus da Silva como delegado da Associação Industrial Portuguesa, organizarem o Centro de Estudos EuroDefense-Portugal, no quadro da rede internacional EuroDefense. Participou na criação e desenvolvimento deste Centro de Estudos durante onze anos, primeiro como secretário-geral e depois como vice-presidente, organizando as estruturas do Centro, promovendo e coordenando estudos, atividades e publicações, a nível nacional e internacional. Deixou funções executivas em Nov08, continuando como colaborador após esse período.
Ao longo da sua vida desenvolveu significativa atividade em três áreas específicas. A primeira refere-se a uma participação diversificada em desportos de competição desde os tempos liceais até aos anos 60, em particular no voleibol, râguebi, pentatlo militar (Pentatlo Militar Internacional em 1954, Antibes,França) e equitação (vencedor do Campeonato Equestre Militar-2ª série, em 1954 e 1955).
A segunda decorre essencialmente entre 1990 e 2005, onde desenvolve múltiplas atividades como conferencista e analista de assuntos militares, estratégicos e de defesa em cursos, seminários e na comunicação social, com uma presença frequente na rádio e TV, tendo sido colaborador permanente da Radiodifusão Portuguesa entre 1991/2000 e do Jornal de Notícias entre 1995/2003. Nesta fase publicou cerca de trezentos artigos em boletins, revistas e jornais. Publicou em 1991 o livro “Descolonização de Timor-Missão Impossível?”, edição do Círculo de Leitores e da editora D. Quixote. Foi colaborador com textos em livros especializados e na enciclopédia Verbo e nas Moderna Enciclopédia Universal e Moderna Enciclopédia Larousse editadas pelo Círculo de Leitores. Membro do Conselho Consultivo da revista Nação e Defesa e do Conselho Editorial da revista Segurança Defesa. Membro do Centro de Estudos Estratégicos do Instituto de Altos Estudos Militares (1999-2005) e do Grupo de Reflexão sobre Segurança e Defesa do Instituto Humanismo e Desenvolvimento (desde 2000).
Teve, também, grande participação em atividades associativas, destacando-se a Associação dos Auditores dos Cursos de Defesa Nacional (vice-pres. da Direção, 1992-93, presidente da Assembleia Geral, 1996-97 e presidente do Conselho Fiscal, 2006)-09), a Associação Portuguesa do Colégio de Defesa NATO, a Associação de Operações Especiais, o International Institute for Asian Studies and Interchange (IASI), a Associação Fraterna da Ilha de Moçambique (vice-presidente da Assembleia Geral desde a sua criação, 2001) e membro da Irmandade Militar de Nossa Senhora da Conceição (Lamego/CIOE).
Ao longo da sua carreira foram-lhe conferidos 21 louvores (sendo 12 de General e 4 de Ministro) e condecorado com 14 medalhas militares das quais se destacam: Medalha de Prata de Serviços Distintos c/Palma (1963, comissão em Angola), Medalha de Prata de Serviços Distintos c/Palma (1971, comissão na Guiné), Medalha de Prata de Serviços Distintos (1975, professor no IAEM), Medalha de Ouro de Serviços Distintos (1984, Diretor do Serviço de Educação Física do Exército), Medalha de Prata de Serviços Distintos (1987, Sub-Diretor do IAEM), Medalha de Prata de Serviços Distintos (1995, serviços prestados no IDN) e, também, a Medalha de Serviços Distintos e Relevantes no Ultramar (1973, serviços civis prestados na Guiné) e a Medalha “Military Merrit” (1974, do Exército dos EUA pelo seu desempenho no Curso de Estado Maior).
(Os presentes dados biográficos foram gentilmente cedidos pela família do senhor General)
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.