Notícias
TEATRO DA PALMILHA DENTADA EM DOSE DUPLA
Dando continuidade à sua residência no Teatro Helena Sá e Costa o Teatro da Palmilha Dentada repõe “O Guardião do Rio” e estreia “O Medo Que o General Não Tinha”.
Dando continuidade à sua residência no Teatro Helena Sá e Costa o Teatro da Palmilha Dentada repõe “O Guardião do Rio” e estreia “O Medo Que o General Não Tinha”. Os espetáculos serão apresentados todos os dias em horários diferentes: 21h46 e 22h46 respetivamente.
Ao contrário do que parece ser a estratégia governamental para a cultura o Teatro da Palmilha Dentada baixou o preço dos seus bilhetes. Mas não é uma estratégia simpática é realista. Infelizmente com a crise quase todos somos obrigados a cortar despesas, como é evidente corta-se no que não é essencial e o teatro - nas suas vertentes entretenimento ou mais cultural - é evidentemente um dos cortes imediatos. Para muita gente pagar o cinco euros é difícil ou mesmo impossivel. E porque não queremos que o teatro seja um produto de luxo, mas sim um bem de primeira necessidade optamos por baixar drasticamente o preço. Não por sermos simpáticos mas por sermos realista.
Mas a crise na realidade toca quase todos, mas não a todos, e por isso o preço simpático para quem quiser e puder ser simpático. E nós ficaremos devedores a quem, simpaticamente, achou que deveria pagar mais, quando com toda a legitimidade, poderia pagar menos.
E por ser mais simpático dar a possibilidade de alguém usar a sua simpatia do que obriga-la a apelar à simpatia dos outros eliminamos o preços com desconto. O preço único é de 5 euros com exceção de terça feira em os estudantes pagam apenas 3 euros.
Consideramos também que o público ao tomar a opção de ser simpático passa também por uma experiência de cidadania: são responsáveis pela continuação ou fecho do projeto. Porque nem tudo deve obedecer às leis do mercado, e numa fase em que o estado nitidamente se demite das suas obrigações cabe à sociedade civil encontrar formas para que a cultura não morra, ou pior se torne definitivamente um luxo elitista.
Apesar de não ser subsidiado nem ter nenhum mecenas, ou talvez por isso, a Palmilha Dentada estará em cena de terça a domingo, ao longo de quatro semanas. Não tendo dinheiro para fazer teatro a única solução é fazer teatro para ter dinheiro.
“O Guardião do Rio” tem texto e encenação de Ricardo Alves e interpretação de Ivo Bastos, música originais de Rodrigo Santos e direção plástica de Sandra Neves e estará em cena de 13 de abril a 6 de maio, de terça a domingo às 21h46.
“A vida está dependente de coisas pequenas. São importantes as conjunturas, as opções do plano e os pactos de instabilidade sem crescimento, claro. Mas as coisas pequenas…O que seria a vida sem a amizade e sem a poesia. Mas importante mesmo são as coisas pequenas. Os parafusos por exemplo, são importantes. As coisas cairiam se não estivessem aparafusadas. Tudo se mexeria e sairia do sítio, não haveria sossêgo. Mas vida está mesmo dependente é das coisas realmente pequenas. Muito pequenas mesmo. Como as endorfinas. O mais famoso dos neuro-hormónios produzido pela glândula hipófise e que nos provoca uma sensação de prazer”.
E este é um espetáculo sobre as endorfinas e a nossa necessidade de sermos felizes. O tentar perceber se o que causa a libertação da endorfinas é importante ou se apenas é importante que elas sejam libertadas.
O guardião, fechado no seu posto de trabalho junto ao rio, equidistante das duas aldeias próximas da barragem, conta a sua história e as histórias dos seus tios, os antigos guardiães. Porque a profissão de guardião do rio passa de tios para sobrinhos, deveria ser de pais para filhos mas, como é sabido, quem abraça a profissão de guardião do rio não abraça mais nada.
Esta comédia solitária é para maiores de 16 anos.
“O Medo que o General Não Tinha” tem texto Ricardo Alves e Rodrigo Santos, encenação de Ricardo Alves e interpretação de Rodrigo Santos, e estará em cena de 12 de abril a 6 de maio às 22h46.
“POLICIA INTERNACIONAL E DE DEFESA DO ESTADO
POSTO DE VIGILÂNCIA DE BEJA
Relatório semana Nº 15/61-s-r
Ervidel-Aljustrel
Excelentíssimo senhor
De harmonia com o determinado superiormente, tenho a honra de relatar a V.Exª. o seguinte:
Manuel Alexandre Rita Ribeiro, solteiro, ceareiro, nascido a 24-7-915, na freguesia de Ervidel, concelho de Aljustrel, filho de Manuel Alexandre Ribeiro e de Ana Bárbara Rita, residente em Ervidel. Este indivíduo manifestou-se abertamente a favor de Humberto Delgado, quando da última campanha eleitoral para Presidência da República. Na passagem do candidato da oposição por Ervidel, o Manuel Alexandre Rita Ribeiro foi dos que mais entusiasmo revelou, tendo chegado a atirar-se para cima do carro em que o candidato seguia. Foi referenciado no relatório semanal confidencial nº 1361-s.-r., de 1 do corrente, apenas como Manuel Alexandre.
A BEM DA NAÇÃO
O CHEFE DO POSTO
Gentil Garcia de Coelho
Chefe de Brigada”
Em Portugal tivemos um general que não teve medo. Hoje parecemos viver no medo. Do general ficou-nos a memória, o nome em algumas praças e fotos. As fotos, onde o general emoldurado por uma multidão, prova que não foi apenas um fenómeno de um general sem medo, foi um momento em que se acreditou não ser necessário o medo. Foi um pequeno impulso propulsor que nos libertou. Depois o tempo passou, assaltaram o paquete Santa Maria, em abril passearam os cravos, chegamos à Europa e ao novo século.
Do general ficou-nos a memória e o nome em algumas praças.
Um espetáculo para maiores de 16 anos
Reservas pelo telefone 961 631 382.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.