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RECLUSOS DE GUIMARÃES RECRIAM OBRA CAMILIANA
Cerca de 30 reclusos do Estabelecimento Prisional de Guimarães vão recriar a obra camiliana “Memórias do Cárcere”. O projeto cultural que foi apresentado na Casa-Museu de Camilo, em S. Miguel de Seide, resulta de um desafio lançado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão à Capital Europeia da Cultura (CEC).
Cerca de 30 reclusos do Estabelecimento Prisional de Guimarães vão recriar a obra camiliana “Memórias do Cárcere”. O projeto cultural que foi apresentado na Casa-Museu de Camilo, em S. Miguel de Seide, resulta de um desafio lançado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão à Capital Europeia da Cultura (CEC). De acordo com o presidente da Fundação Cidade de Guimarães, João Serra, "este projeto pretende trazer Camilo Castelo Branco até à CEC, num momento de comemoração dos 150 anos de duas das suas importantes obras da literatura portuguesa: “Memórias do Cárcere e “Amor de Perdição”. Para o vice-presidente da autarquia famalicense, Paulo Cunha, “com este projeto, a Câmara de Famalicão contribui para uma dimensão regional da CEC”. O responsável assinalou ainda a importância do projeto na criação de sinergias para a divulgação da obra camiliana.
Numa primeira fase os reclusos vão participar em sessões de leitura da obra camiliana promovidas por figuras públicas da sociedade portuguesa. Segue-se uma ação de formação em escrita criativa e por fim a compilação das suas próprias memórias do cárcere em livro. Os reclusos terão ainda a oportunidade de visitar a Cadeia da Relação do Porto, onde Camilo Castelo Branco esteve detido por adultério e a Casa-Museu de Camilo, onde viveu e morreu em 1890.
Segundo o diretor do Estabelecimento Prisional, José Sousa, “os reclusos andam muito entusiasmados com a ideia de escreverem as suas memórias”. O responsável elogiou ainda a iniciativa da autarquia famalicense que teve “a ousadia de bater à porta e esperar o nosso contributo para este projeto”.
Para além da escrita e da leitura, o projeto inclui ainda uma vertente audiovisual, na qual os reclusos vão ter um primeiro contacto com ferramentas de captação de som e imagem, de forma a criarem bases para a realização do seu próprio filme. Assim, depois de escreverem as suas próprias “Memórias do Cárcere”, sob a forma de guião cinematográfico os participantes vão filmar, montar e sonorizar um filme. Todo este caminho vai ser documentado em filme pelo realizador Tiago Afonso e poderá ser visionado em novembro na Casa de Camilo Castelo Branco, em Vila Nova de Famalicão.
“AMOR DE PERDIÇÃO EM RETROSPECTIVA”
A obra camiliana marcará ainda presença em Guimarães 2012 com a projeção de "Amor de Perdição", em três versões realizadas em épocas distintas. A primeira versão, que poderá ser vista a 18 de março, será a do realizador George Pallu, uma versão muda que estreou no cinema Olímpia, Porto, a 0 de novembro de 1921. A 27 de março será exibida a versão de António Lopes Ribeiro, datada de 1943 e a 1 de abril segue-se a versão de Manoel de Oliveira, de 1979. As adaptações fílmicas, em suporte de 35mm, serão projetadas no Cinema S. Mamede, e no auditório da Casa de Camilo (em novembro). Paralelamente ao ciclo de cinema as três peliculas serão editadas em DVD.
Durante a apresentação do projeto, o vice-presidente da Câmara Municipal de Famalicão que é também vereador da Cultura aproveitou para afirmar a importância da obra camiliana referindo que Camilo Castelo Branco merecia maior atenção no panorama literário nacional e defendendo a reintrodução da sua obra nos planos curriculares.