Presidente do Centenário do Turismo alerta
PERDA DE PATRIMÓNIO AZULEJAR URGE PLANO NACIONAL DE SALVAGUARDA
O Presidente da Comissão Nacional do Centenário do Turismo em Portugal, Jorge Mangorrinha, denunciou hoje a perda, no nosso país, de um importante património urbano cerâmico com valor turístico, pela deterioração dos edifícios, pela realização de intervenções desajustadas ou por roubo e comercialização, pedindo a criação urgente de um Plano Nacional de Salvaguarda e Valorização do Património Cerâmico Urbano em Portugal, no quadro do recente acordo de colaboração entre a Secretaria de Estado do Turismo e a Secretaria de Estado da Cultura.
Este alerta foi dado na Conferência Internacional de Turismo, realizada na cidade da Maia no âmbito do programa nacional do Centenário e subordinada ao tema "Singularidades e Diversidades dos Destinos Turísticos".
Jorge Mangorrinha acrescentou a necessidade de se estabelecer uma metodologia uniforme para os centros urbanos ricos neste património e de os responsáveis destes adoptarem a execução parcelar do Plano Nacional, até porque os poucos exemplos nesta matéria, como o caso do Porto, são esporádicos.
"O azulejo é um elemento notavelmente caracterizador da nossa cultura artística e um ícone turístico muito apreciado. As fachadas de azulejo criam uma extraordinária dinamização dos planos, pela luminosidade reflectida, pela profusão de cores, pelo realce dos elementos arquitectónicas em jogo com as texturas e desenhos dos azulejos. Das épocas artísticas, subjaz um património cultural de inegável importância, a merecer urgente salvaguarda, conhecimento e valorização, sendo também um exemplo para novas produções", defende.
Considera a Comissão Nacional que o turismo pode e deve ajudar este problema, porque beneficiará com a sua resolução, pelo que pretende agora informar a Secretaria de Estado do Turismo da justificação de um Plano Nacional de Salvaguarda e Valorização do Património Cerâmico Urbano em Portugal, o qual poderá ser desenvolvido segundo uma metodologia participativa e iteractiva, através da colaboração de entidades públicas e privadas, especialistas, artistas e cidadãos em geral, e a constituição de um Grupo de Missão ou Comissão Nacional do Azulejo, sem que para tal se exijam encargos acrescidos, antes optimizando recursos dos centros de saber e das administrações públicas e potenciando os apoios mecenático e dos programas de financiamento.
De entre as iniciativas propostas, sublinha-se a necessidade de alargar a uma visão nacional a elaboração dos levantamentos georeferenciados e inventários e dos tratamentos informáticos de existências, riscos e patologias, de forma a parametrizar doutrina e fundamentar critérios e metodologias de actuação. Neste sentido, urge iniciar um processo amplo de sensibilização dos cidadãos, através das redes sociais, de actuação com as entidades de carácter regulador e policial e de pedagogia e educação patrimonial em todos os níveis de ensino.
"Sabemos como existem fluxos internacionais que viajam a Portugal com o objectivo de compra deste património, pelo que é urgente prevenir este tipo de risco, salvaguardando esta herança artística. Há que fazer uma legislação nacional, uma base de dados do património cerâmico urbano e, também, a integração nesta missão dos contributos que substanciem os projectos criativos, o reconhecimento público para as boas práticas de salvaguarda e a edição de um Guia Nacional do Azulejo", concluiu Jorge Mangorrinha na sua intervenção, realizada na mesa de encerramento da Conferência Internacional de Turismo.