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OBRA POLÍTICA DE BERNARDINO MACHADO
Defendia a ideia de que “a política não é uma religião, não é um dogma, apenas existem pessoas com outras visões sobre o mundo”. Este pensamento foi recordado, esta segunda-feira, pelo coordenador científico do Museu Bernardino Machado, Norberto Cunha durante a apresentação do III Volume, I Tomo da Obra Política de Bernardino Machado.
Câmara de Famalicão lançou I Tomo no 160.º aniversário do seu nascimento
Obra política de Bernardino Machado nas livrarias em finais de Abril
Bernardino Machado, o famalicense que foi Presidente da República por duas vezes (em 1915 e 1925) defendia a ideia de que “a política não é uma religião, não é um dogma, apenas existem pessoas com outras visões sobre o mundo”. Este pensamento foi recordado, esta segunda-feira, pelo coordenador científico do Museu Bernardino Machado, Norberto Cunha durante a apresentação do III Volume, I Tomo da Obra Política de Bernardino Machado. A obra, publicada pelas Edições Húmus, contém as publicações textuais existentes entre 1883 até 1907 e foi apresentada no âmbito das comemorações dos 160 anos do nascimento de Bernardino Machado. Na cerimónia, para além de Norberto Cunha, marcou também presença o vice-presidente da autarquia famalicense Paulo Cunha. Com cerca de 600 páginas, a obra deverá estar disponível nas livrarias em finais do mês de Abril, a um preço próximo dos 22 euros.
Paulo Cunha com Norberto Cunha
Para Paulo Cunha “o pensamento político de Bernardino Machado é mais actual do que se pode pensar”. Neste âmbito, “a Câmara Municipal tem a responsabilidade de deixar tal herança e, bom estado para as gerações vindouras” referiu o responsável.
O vice-presidente que é também vereador da Cultura aproveitou ainda a oportunidade para elogiar o trabalho desenvolvido por Norberto Cunha, que coordena a edição das Obras de Bernardino.
Por sua vez, Norberto Cunha explicou o enquadramento da obra política salientando que se até 1903 Bernardino Machado era considerado o maior pedagogo português, acreditando não só na instrução profissional, como igualmente no papel da escola para a formação de cidadãos, o que o volume revela é que não foi Machado que mudou (e aqui está presente a sua adesão ao Partido Republicano em 1903), mas foi a própria Monarquia que o mudou, na medida em que a liberdade é uma condição de sociabilidade e de acção.
Por outro lado, os textos deste I Tomo da Obra Política revelam a ponte entre a instrução e a política, porque a política é indissociável da instrução, até porque na escola se realiza a polis, se aprende a ser livre e sociável, na escola se faz a ética. É aqui que podemos ser melhores cidadãos em defesa da liberdade. “Estes textos, publicados entre 1883 até 1907, revelam, ao mesmo tempo, a independência moral e política de Bernardino Machado e a intemporalidade do seu pensamento, a sua coerência moral”, salientou o responsável.
Norberto Cunha anunciou ainda os futuros tomos da Obra Política, caso do II (1908-1910), ou o III (1910-1914), esperando-se a publicação, pelo menos, de sete tomos.
O professor Norberto Cunha intitulou a introdução a este Tomo I da seguinte forma: “Bernardino Machado: do monárquico liberal a republicano (1882-1907) para uma maior compreensão do pensamento político de Machado. A obra encontra-se dividida em sete partes: i) O deputado regenerador (1882-1883); ii) Oposição às políticas monárquicas antiliberais e de engrandecimento do poder real (1894-1895); iii) Grão-Mestre da Maçonaria (1895-1899); iv) Em trânsito para a mudança (1897-1903); v) Na senda do republicanismo (1903-1905); vi) Das eleições ao neo-monarquismo (1906-1907); vii) Em defesa da República.