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VITORINO EDITA CD COMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA
Viva a República Viva! é o título do álbum com o qual Vitorino Salomé pretende comemorar a implantação da República, a consagração de “A Portuguesa” como símbolo nacional, a partir de 19 de Junho de 1911, e a Constituição Portuguesa de 1911.
Viva a República Viva! é o título do álbum com o qual Vitorino Salomé pretende comemorar a implantação da República, a consagração de “A Portuguesa” como símbolo nacional, a partir de 19 de Junho de 1911, e a Constituição Portuguesa de 1911.
Particularmente grato aos ideais anarco-sindicalistas que estiveram na base do movimento que na tarde de 4 de Outubro de 1910, em Setúbal e em quase toda a Margem Sul, deu início à implantação da República, Vitorino reúne neste CD seis temas, na sua maioria compostos propositadamente para este efeito.
Nesta criação Vitorino procura entender o passado recente que, através dos seus avós e tios, começa com o século XX, ao qual soma a sua vivência e informação adquiridas. Desse entendimento o cantor faz aquilo que pode ser uma banda sonora da sua vida e recria as ambiências – em ficção – do que pode ter sido a música popular que andava no ar, no princípio do século XX – tarefa facilitada pela grande quantidade de material disponível em arquivos, livros, discos e informação fornecida por amigos.
As comemorações do Centenário da República decorrem, no ano de 2010, tranquilas, seguras e pachorrentas. Interessantes e numerosas publicações, exposição, venda de artigos que provavelmente preenchiam as prateleiras das lojas e drogarias do país. Tudo muito confinado a Lisboa. Faz, porém, muita falta a festa, as imagens, o movimento e a música.
A República reviveu no 25 de Abril de 1974, mas, lentamente, começou a definhar e nunca nos foi ensinada na sua dimensão de verdadeira e profunda mudança, alterando as relações sociais e culturais do povo português. O Estado Novo apagou a história do movimento revolucionário que levou à implantação da República, mas, agora com o Centenário em comemoração, teremos uma oportunidade única de a reviver e ensinar aos mais novos e de aprendê-la e exercê-la num quotidiano difícil e deprimido.
E, neste contexto, a proposta é de festa da música da música revivendo-se a República de 1910 com os olhos postos na República de 2010. Sem fantasmas e em português. VIVA A REPÚBLICA VIVA!
Vitorino, Outubro 2010
Alinhamento:
1. Marcha dos Combatentes da Rotunda (00:02:18)
Letra e Música: Vitorino
2. Carta de um Soldado da Armada (00:04:03)
Letra e Música: Vitorino
3. Hino do 31 de Janeiro (00:02:59)
Letra e Música: Vitorino
4. Fado Republicano (00:02:44)
Letra e Música: Reynaldo Varella
5. Fado da Liberdade Livre (00:03:04)
Letra e Música: Vitorino
6. A Vermelho e Verde (00:03:10)
Letra: José Jorge Letria
Música: Vitorino
Ficha Artística
Filipa Pais, Janita Salomé e Carlos Salomé: Coros em “Marcha dos Combatentes da Rotunda”
Sam the Kid: Voz em “Carta de um Soldado da Armada”
Sérgio Costa: Teclas, Flauta, Guitarra
Tomás Pimentel: Trompete
Daniel Salomé: Saxofone e Clarinete
Luís Cunha: Trombone
Tuba: Rui Gaspar
Rui Alves: Bateria
José Manuel Neto: Guitarra Portuguesa em “Fado Republicano”
António Neto: Viola de Fado em “Fado Republicano”
Arranjos e Direcção Musical: Sérgio Costa
Arranjos de Sopros e Direcção Musical em “Hino do 31 de Janeiro”: Tomás Pimentel
Produção: Rui Alves, Sérgio Costa, Vitorino
Ficha Técnica
Todos os temas gravados por Artur David, nos Estúdios Músicas do Mundo, excepto “Hino do 31 de Janeiro” - gravado por Joaquim Monte, nos Estúdios Namouche.
Misturas e Masterização: Artur David.
Breve Biografia
Vitorino Salomé pertence desde há muito ao imaginário musical português. Temas como "Menina estás à Janela", "Queda do Império", "Tinta Verde", "Laurinda" ou "Leitaria Garrett" têm marcado várias gerações que se habituaram por um lado à doçura da sua voz, mas também ao seu lado intervencionista, mais acutilante e sarcástico, perante uma sociedade à qual, tal como os artistas românticos do século XIX, sente não pertencer.
Marginal, anarquista, romântico, republicano, alentejano, erudito são alguns adjectivos que podem descrever Vitorino isoladamente, mas que, sem dúvida, compõem a sua personalidade.
Começou a cantar nos anos 1970 acompanhando Zeca Afonso, figura marcante no desenvolvimento da sua carreira e sempre musicalmente referenciado em todos os seus espectáculos.
Desde a edição do seu primeiro álbum em 1975, Vitorino tem sabido manter-se fiel às suas origens alentejanas, divulgando-as, e construindo um universo musical também marcado pela temática amorosa e urbana, nomeadamente através de vários retratos da cidade de Lisboa.
Apaixonado pelas sonoridades do Sul tem feito parcerias com artistas africanos, como Tito Paris, de Cabo Verde, e sul-americanos, como o Septeto Habanero, de Cuba. A paixão pelos tangos leva-o a editar o disco Tango, em 2009, que conta com a participação de músicos argentinos.
VITORINO
Biografia
Presente em alguns momentos-chave da Música Popular Portuguesa (por exemplo o célebre concerto de Março de 1974, no Coliseu), Vitorino foi companheiro de palco e canções de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Fauto, Sérgio Godinho e outros nomes fundamentais da música portuguesa dos últimos 30 anos, estreando-se em 1975 com o seu primeiro disco assinado com nome próprio, editado num dos períodos de maior agitação social da história recente de Portugal. Semear Salsa ao Reguinho foi logo considerado, apesar das condicionantes existentes na época, um ponto de referência na redefinição de padrões estéticos e caminhos que a música popular viria a trilhar a partir do meio da década de 70. Nesse primeiro disco estava incluída a canção que se viria a tornar o seu êxito/emblema mais famoso, transformando-se numa das canções mais importantes e divulgadas do imaginário colectivo português – “Menina estás à Janela” –.
Viajante de palavras e de terras, Vitorino esteve ligado a um dos mais genuínos registos da música do Alentejo, o disco do Grupo de Cantadores do Redondo. Às “bases” naturais adicionou um acumulado de experiências que passavam pelas serenatas em que participou, pelas peregrinaçõs hippies pela vida de Lisboa, onde se fixou a partir dos 20 anos, pelas temporadas passadas em diversas cidades europeias e outros locais mais remotos, pelos contactos proporcionados por combates políticos e estilos de vida que, ainda hoje, o associam à noite, às tertúlias e aos prazeres boémios. A linha mestra condutora dos seus dois discos posteriores, Os Malteses e Não Há Terra Que Resista - Contraponto, não se alterou substancialmente. Já no disco Romances, trabalho de 1980, abre-se de par em par outra das suas frentes preferidas: a recolha de música tradicional que transforma, molda à sua voz e aos seus padrões criativos. Este disco acabou por se tornar num dos mais importantes álbuns editados na época onde as preocupações com a preservação do nosso ameaçado património musical tradicional, imprescindível à nossa identidade nacional, se afirmavam presentes. Foi igualmente fundamental para o excelente resultado final de Romances a participação do multi-instrumentista Pedro Caldeira Cabral que marcou este trabalho com o seu virtuosismo e inspiração.
A coerência foi-se mantendo com o decorrer dos anos, mesmo quando os caminhos e estilos musicais escolhidos por Vitorino eram naturalmente alargados. Flor de La Mar será novamente um trabalho marcante a todos os títulos, chegando o seu autor a explanar uma variedade de acompanhamentos instrumentais que rompia com os limites habituais da “canção de palavra” nacional. Nesse período, surgiu outra das canções que ajudou a definir a categoria e a atitude de uma carreira – canção chamada "Queda do Império". Em 1984, com Leitaria Garrett, outra experiência bem sucedida, Vitorino reafirmou o seu amor e cumplicidade com Lisboa, pelas tradições ameaçadas, por uma série de comportamentos em extinção e vítimas de um “progresso” cego e desumanizador da cidade, por figuras e sítios que as novas “condições de vida” fizeram desaparecer. Desde a canção-título à "Tragédia da Rua das Gáveas", Vitorino conduz uma viagem pela capital de que todos sentem saudades, mesmo os que nunca tiveram hipótese de a conhecer realmente.
Sul e Negro Fado serão outros tantos passos em frente na construção de uma obra que não tem pontos baixos e que sempre foi considerada de vanguarda, onde pontificaram trabalhos com raízes distintas e múltiplas colaborações, como por exemplo o trabalho sobre um tema musical deAntónio Pinho Vargas ou as experiências realizadas a partir de formas musicais quase inesperadas (as mornas, as marchas populares, o reggae). Vitorino teima em não perder o norte, em arriscar sempre. Formalmente, algumas das suas grandes aventuras chegariam ainda mais tarde.
Na continuidade do seu gosto pelos os grupos, Vitorino aparece com a formação Lua Extravagante, nome por que responde, a partir de 1990, o quarteto formado com Filipa Pais e os seus irmãos Janita e Carlos Salomé. O sucesso que este grupo rapidamente alcançou, motivado pelo seu reconhecido valor artístico e importância do seu trabalho, permitiu a divulgação de algum do nosso património musical e a concretização de contactos e projectos com uma posterior geração de músicos que, sendo membros de alguns dos mais importantes grupos de pop e rock da actualidade, não recusaram participar em alguns projectos de muito interesse artístico.
Em 1992 segue-se nova surpresa. Eu Que Me Comovo Por Tudo E Por Nada, é escrito, exceptuando uma nova versão de "Marcha de Alcântara", por António Lobo Antunes; ficcionista consagrado, ficou responsável pelas letras do novo álbum deste seu amigo. Lobo Antunes, com letras agridoces, retrata uma Lisboa que se perdeu e vidas que se perdem. Vitorino responde a rigor: compõe melodias em compasso de dança – do tango à valsa, do bolero ao mambo, onde não falta uma canção de embalar.
Os arranjos são confiados a João Paulo Esteves da Silva que se rodeia de instrumentos de Música Clássica numa formação de Câmara.
Unanimemente reconhecido pela crítica e pelo público, o elevado grau de qualidade artística e de produção alcançado na transposição do disco Eu Que Me Comovo Por Tudo E Por Nada (álbum vencedor do Prémio José Afonso/93 e do Se7e de Ouro/92 para Música Popular) para o palco resultou da atitude desde sempre interessada e empenhada utilizada por Vitorino nos projectos em que participa, nunca prescindindo da sua total independência e autonomia criativa. As suas assumidas e sempre presentes raízes alentejanas são uma marca que parece surgir do “fundo dos tempos”, nunca deixando Vitorino de lhes acrescentar um “toque” de modernidade e de as enriquecer com o culto da poesia e da palavra.
Em finais de 1993 é editada a compilação As Mais Bonitas que, reunindo os grandes êxitos da sua carreira, alcança vendas espectaculares, ultrapassando o galardão Disco de Platina.
1995 traz-nos uma nova incursão pelo mundo cativante de Vitorino. A Canção do Bandido, editado a 14 de Novembro desse ano, a exemplo do seu último trabalho de originais, tem António Lobo Antunes como responsável pelas letras, à excepção de "Fado Triste", "Tocador da Concertina" e "Cruel Vento", cujos créditos se devem a Vitorino. Uma das notas marcantes deste disco é que dos seus 13 temas, boa parte são fados. Vitorino explica: «Os textos na sua maioria chamam-se fados, que neste caso reportam a histórias do quotidiano; as personagens com que nos cruzamos diariamente, que se deslocam para os centros urbanos, quer seja para trabalhar, quer seja para passear, como fazem os reformados. Os ambientes (os tiques) são de fado, quer nos textos, quer nas músicas». E acrescenta: «É um disco muito visual, fílmico. Tem um ou dois heróis, mas o resto são anti-heróis. É um álbum mais lírico do que triunfal».
Em 1999 grava em Cuba um disco de boleros com o Septeto Habanero que tem por título La Habanna 99. O projecto resultou do encontro durante a EXPO 98 entre o cantor do Redondo e uma das mais míticas formações da música popular de La Habana. Este CD foi um grande êxito, tendo vendido cerca de 40.000 cópias. Os espectáculos resultantes deste trabalho foram também um grande sucesso nos anos 2000 e 2001, tendo Vitorino e o grupo Septeto Habanero realizado inúmeros espectáculos de norte a sul de Portugal.
No ano de 2001 é lançado Alentejanas e Amorosas, um trabalho de originais no qual Vitorino apresenta uma colecção de excelentes canções e que em mês e meio alcançou mais de 10.000 cópias vendidas, ou seja Disco de Prata.
Já nos finais de 2002 Vitorino lança As mais bonitas 2, um disco que reúne alguns dos seus maiores êxitos como “Desde el Dia en Que te Vi”, “O Dia em Que me Queiras” e “Alentejanas e amorosas”.
Em 2004, Vitorino propôs uma viagem ao imaginário do futebol romântico que nos fazia sonhar, longe do “tudo se compra e tudo se vende” com o sugestivo Ninguém nos Ganha aos Matraquilhos. Em 2005, Vitorino edita uma nova colectânea Tudo: O Alentejo, Lisboa, O Amor, e em 2009 regressa à paixão pelos sons da América Latina com o álbum Tango, gravado maioritariamente em Buenos Aires, e onde é acompanhado pelo La Boca Livre Tango Sextet, dirigido pelo guitarrista Ramon Maschio.
Com o CD Viva a República Viva!, agora editado, Vitorino pretende comemorar a implantação da República, a consagração de “A Portuguesa” como símbolo nacional, a partir de 19 de Junho de 1911, e a Constituição Portuguesa de 1911. Para tal, compôs seis músicas originais, onde recria as ambiências – em ficção – do que pode ter sido a música popular que andava no ar, no princípio do século XX .