No próximo dia 6 de Maio, quinta-feira, pelas 21h30, realiza-se no Teatro-Cine de Torres Vedras uma nova sessão inserida no
Ciclo Noites Utópicas, desta vez com a presença de Leonel Moura artista, comissário de exposições e escritor cujo trabalho na área da criatividade artificial vem sendo internacionalmente reconhecido.
"Há uma tendência muito marcante que tem a ver com a questão da vida. A arte sempre ilustrou a vida e agora não está a ilustrar mas a criá-la. Ou vida biológica, quando se usa biotecnologia, ou vida artificial, no caso da robótica por exemplo", afirma Leonel Moura.
É evidente que precisamos de uma nova cultura do conhecimento aberta ao saber e capaz de contribuir através da imaginação e da criatividade para a própria evolução e efectiva racionalidade humanista da Ciência. É por isso que há quem fale não de duas mas de três culturas. A das Humanidades, a da Ciência, e agora a da recombinação entre as duas.
Nestes últimos anos tem-se desenvolvido um novo tipo de arte que basicamente assenta no conhecimento científico e no uso de tecnologias avançadas. Dar o salto da inteligência artificial para a criatividade artificial foi o objectivo de Leonel Moura com a criação de um robô capaz de escrever e pintar. Um tal empreendimento levanta muitas questões. Pode considerar-se arte uma tela pintada por um robô? Que novo tipo de relação se estabelece entre homem e máquina quando esta para além de inteligente se torna criativa? Estamos a contribuir para uma superação e possível aniquilação do humano?
Leonel Moura (Lisboa, 1948) tem-se destacado nestes últimos anos com o seu trabalho com robótica e inteligência artificial. Em 2003 criou a primeira geração de robôs pintores capazes de produzir, de forma autónoma e baseados no comportamento emergente, obras de arte originais. Em 2006 surge RAP (Robotic Action Painter) que passa a figurar na colecção permanente do Museu de História Natural de Nova Iorque e que para além da produção de pinturas, decide por si próprio o momento em que a estas estão terminadas e assina. Também em 2006 segue-se ISU (O robô poeta) que constrói composições pictóricas, com letras, palavras e manchas de cor, muito ao estilo da Poesia Concreta e do Letrismo, donde retira o seu nome em homenagem a Isidore Isou criador deste movimento.
Em 2007 é inaugurado o Robotarium em Alverca, primeiro equipamento do género em todo o mundo que se configura como uma espécie de pequeno jardim zoológico dedicado à vida artificial.
Para além da arte robótica Leonel Moura dedica-se igualmente à arquitectura e tem produzido uma continuada reflexão sobre Criatividade, Inovação e a Cidade na linha do conceito das Cidades Criativas.
É colunista do Jornal de Negócios e autor de vários livros.
Leonel Moura foi designado pela Comissão Europeia Embaixador do Ano Europeu da Criatividade e da Inovação
Em 2009 organizou a exposição INSIDE [arte e ciência]
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