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COREOGRAFIAS DE PAULO RIBEIRO EM CENA EM PARIS

Depois do enorme sucesso alcançado em Cannes, coroado pelos rasgados elogios tecidos pelo jornal Le Monde que enalteceu o regresso vencedor do trabalho de Paulo Ribeiro a França, o coreógrafo português vê agora as suas coreografias White Feeling e Organic Beat subirem ao palco de um dos teatros de referência de Paris, o Théâtre de La Ville, dirigido por Emmanuel Demarcy-Mota.

Depois do enorme sucesso alcançado em Cannes, coroado pelos rasgados elogios tecidos pelo jornal Le Monde que enalteceu o regresso vencedor do trabalho de Paulo Ribeiro a França, o coreógrafo português vê agora as suas coreografias White Feeling e Organic Beat subirem ao palco de um dos teatros de referência de Paris, o Théâtre de La Ville, dirigido por Emmanuel Demarcy-Mota. Criadas originalmente para o extinto Ballet Gulbenkian e remontadas para o CCN - Ballet de Lorraine (Nancy, França) em 2006 e 2008, respectivamente, as duas peças estarão em cena durante uma semana em Fevereiro, na temporada 2011/2012, num programa inédito dedicado a um coreógrafo português.

Desde a sua remontagem, White Feeling e Organic Beat têm circulado com o CCN – Ballet de Lorraine por várias salas. A última apresentação aconteceu durante o Festival de Dança de Cannes, que decorreu em Novembro e Dezembro de 2009 e que colheu o entusiasmo de mais de dois mil espectadores que assistiram às peças, assim como da crítica especializada do jornal Le Monde, Rosita Boisseau que, a propósito do que viu, não hesita em falar em duas boas notícias: a primeira prende-se com o regresso do trabalho de Paulo Ribeiro a França e a segunda diz respeito ao facto das suas peças não terem “nem uma ruga”. Em “ambas as peças, o gesto próprio de Ribeiro, entre a arquitectura e a pintura, consegue distribuir as energias dos bailarinos como se de vírgulas nervosas ou formas recortadas se tratasse. Com algumas pinceladas rápidas, numa espécie de ataque rápido ao espaço, Ribeiro também sabe manipular bem a explosão que surge. Ele sabe dispersar os intérpretes em explosões múltiplas e, em seguida, quase de imediato, voltar a juntá-los em linhas limpas. Ver em geral, mas também os detalhes é uma das principais características do português”, refere Rosita Boisseau. E, após uma crítica detalhada de cada uma das coreografias, finaliza: “Então, acordeões lusitanos contra uma tempestade tribal pós-moderna? Ribeiro não precisa de escolher. Ele é duas vezes vencedor”.

Além do Théâtre de La Ville (Paris, França), as duas peças vão passar por outras salas europeias, esta semana, de 23 a 25 de Fevereiro, White Feeling e Organic Beat, interpretadas pelo CCN - Ballet de Lorraine são apresentadas num dos mais importantes teatros de Estrasburgo, Le Maillon.

Criadas em 2004 e 2005, respectivamente, White Feeling e Organic Beat foram as duas únicas peças criadas por Paulo Ribeiro para o repertório do Ballet Gulbenkian enquanto director artístico e também das últimas apresentadas por este colectivo, que foi extinto em Julho de 2005. Esta apresentação inédita do trabalho de Paulo Ribeiro no Théâtre de La Ville (Paris, França) não só prestigia o coreógrafo e a sua companhia que este ano assinala 15 anos de existência, mas também é o reconhecimento público de que o repertório criado para o Ballet Gulbenkian continua a integrar o património coreográfico e cultural europeu, uma realidade que se distancia do que acontece em Portugal. Apesar do contributo inegável dado para a história da dança portuguesa, a extinção formal do Ballet Gulbenkian parece ter feito desaparecer todo o património criado por coreógrafos e bailarinos que passaram pela companhia de Lisboa e cujo trabalho corre o risco de ser definitivamente esquecido, quando em alguns balanços culturais da última década, o fim do Ballet Gulbenkian acabou por ser, inúmeras vezes, omitido.   

Sobre White Feeling e Organic Beat

Ao longo do seu percurso como coreógrafo, Paulo Ribeiro “criou um estilo inimitável, uma gramática e um vocabulário próprios”, impossíveis de decalcar, dada a intensidade física do gesto e o humor peculiar que emprega em cada criação. White Feeling e Organic Beat propõem “uma dança total, uma dança feita de uma dupla matéria: sonho e músculos”, refere o programa de apresentação das obras, elaborado pelo CCN – Ballet de Lorraine.

“Prazer e dor carnal, levitação e humor, ironia e banalidade é esta a recordação que White Feeling deixou em Nancy, em 2005”, descreve a companhia francesa. Uma coreografia “festiva e ritmada pela melodiosa música dos acordeões das Danças Ocultas e sublinhada por um bom trabalho de luzes que esculpem os corpos. A dança num estado puro”, acrescenta. Depois de White Feeling, peça para 11 homens, Paulo Ribeiro remontou em Nancy, Organic Beat “onde os corpos dos bailarinos e bailarinas se unem ao ponto de não se distinguirem. Organic Beat procura construir um espaço de sensualidade da matéria do corpo, da carne, um conjunto de histórias singulares”. Em Organic Beat, os Drumming deram lugar às Percussões de Estrasburgo que interpretam ao vivo o universo de John Cage.

A propósito do convite para a remontagem destas duas coreografias para a companhia de Lorraine, Paulo Ribeiro refere no programa de apresentação das peças que “é essencial que as obras possam reforçar ou reafirmar os seus objectivos e, nesse sentido, todos os dias estão em criação e recriação, sendo que o coreógrafo tem a responsabilidade de ter em conta os intérpretes, o contexto e o tempo em que as obras se reinscrevem”. A título de exemplo, refere que em White, acrescentou Feeling ao título, de modo a “confirmar uma convicção pessoal que atribui ao branco a possibilidade de transportar todas as cores, de ter um espaço de tolerância e de coabitação que permite sensibilidades e energias variadas”.

Aquando da estreia de Organic Beat pelo CCN – Ballet de Lorraine, em Dezembro de 2008, as duas peças foram apresentadas na Ópera Nacional de Lorraine, numa noite dedicada apenas a Paulo Ribeiro, num programa intitulado Programme Ribeiro: une danse total.

 

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