Isabel d’Ávila  Winter, a escritora portuguesa radicada na Austrália de quem a QuidNovi publicou, em 2008, o romance de estreia  Dona Stella e as Suas Rivais , com que venceu, já este ano, o Prémio Talento de Literatura, atribuído pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, acaba de ver esta obra galardoada com o Prémio Máxima de Literatura 2009, na categoria de Revelação.

O mesmo júri – composto por Leonor Xavier, valter hugo mãe, Maria Helena Mira Mateus, António Carvalho e Laura Luzes Torres – que atribuiu o Prémio Máxima Literatura a Maria Velho da Costa pelo romance Myra e o Prémio de Ensaio a  Anabela Natário pela colecção “Portuguesas com História”, decidiu por unanimidade destacar Isabel d’Ávila Winter como autora-revelação do ano.

A QuidNovi, orgulha-se de, uma vez mais, poder dar os parabéns a Isabel d’Ávila Winter, que vê  o seu talento reconhecido por um júri e um prémio com tal prestígio.

Houve em Lisboa, no início do século XX, um maestro brilhante e genial que, embora não primasse pela beleza, tinha o condão de fazer com que as mulheres lhe caíssem nos braços. Diz-se que se casou por amor e que Dona Stella, a sua serena e sofredora esposa, tudo suportou em silêncio, talvez para expiar uma falha que não perdoava a si própria. Mas diz-se muita coisa. Um dos narradores deste romance é precisamente a voz do rumor, que põe a correr versões do que se terá passado com o maestro, as amantes, o filho e a mulher nos bastidores das salas de concerto e dos teatros, entre as paredes do Conservatório ou no mais íntimo do palacete da família, no coração da cidade antiga. Mas Dona Stella tem a sua versão, que a tudo resiste – até à morte do marido. E o Maestro tem a sua – e quer ir morrer ao leito conjugal. Outras terão também as amantes, a criada, o filho, o genealogista que procura as próprias raízes nas fundações da casa dos Afonses Pereira…
Magnificamente arquitectado e escrito, eis um romance de rara inteligência, sensibilidade e ironia que marca, com uma grande história inspirada em personagens reais, a estreia mundial de uma autora que vai dar que falar no panorama literário português e não só.

ISABEL D’ÁVILA WINTER cresceu na Lisboa dos anos 60 e 70. Aos quinze anos estreou-se no teatro, a sua primeira paixão, no palco do Teatro São Luiz. No ano seguinte a mãe, sempre sonhadora, levou-a consigo para a Austrália. Estabeleceram-se na zona rural de Nova Gales do Sul, onde o seu novo padrasto trabalhava nos bananais. Foi aí, numa tenda no meio de um bananal, que descobriu a escrita – em inglês, porque era o que lia. Em 1983, com vinte anos, regressou a Portugal, sozinha, e trabalhou no teatro, em Lisboa e no Porto, até 1987. Foi também durante esses anos que conheceu e se aproximou dos seus meios-irmãos, filhos do seu falecido pai, um homem das letras e do teatro. Em 1988 voltou para a Austrália. Licenciou-se em Literatura Inglesa na University of New South Wales e empregou-se na ópera de Sidney como guia turística, o que a deixava com disponibilidade para escrever e viajar. No final dos anos 90, já casada, acompanhou o marido, engenheiro, pelo mundo fora – Venezuela, e depois Nova Iorque e Alemanha, onde as suas filhas nasceram. Em 2002 estabeleceram-se em Brisbane. Desde então, completou um mestrado em Escrita Criativa na Universidade de Queensland, onde também deu aulas, e escreveu o presente romance, inspirado na vida conjugal de uma das suas tias-avós (do lado materno). As suas críticas e contos têm sido publicados em revistas literárias australianas como Writing Queensland W/Edge e Etchings e um dos seus contos ganhou o prestigiado prémio literário One Book Many Brisbanes.