Verão muito animado nas Caldas da Rainha com espectáculos de rua

O Verão das Caldas da Rainha e Foz do Arelho apresenta-se este ano de modo diferente e inova trazendo para as ruas, praças e largos um vasto programa que contempla uma diversidade de artes do espectáculo e de rua.

Do rap nacional dos Macacos do Chinês ao “nonsense” de Los Estramboticos, as ruas da cidade têm ganho ainda mais vida, num colorido que agrada dos mais novos aos mais velhos.

Logo o primeiro fim-de-semana do programa Verão Caldas-Foz 2009 demonstrou como a palavra chave para os próximos dois meses é: Caldas, Anima-te!

Os Raspa de Tacho, grupo de chorinho brasileiro, deram “show” no Largo Frederico Pinto Bastos na noite de 10 de Julho. Fundado em 2001, este é o grupo de Choro há mais tempo em actividade em Portugal.

No dia seguinte, a manhã foi preenchida com muita animação no centro da cidade. Los Estramboticos, uma dupla de comediantes espanhóis, surpreenderam os habituais frequentadores dos sábados de manhã das Caldas da Rainha.

Com sketches misturados com música, teatro e circo, apresentam-se como super agentes secretos, bailarinas e até fazem acrobacias com facas, procurando sempre o contacto directo com a audiência.

Os artistas gostaram muito das Caldas da Rainha. “É uma cidade encantadora. As pessoas são muito hospitaleiras”, comentaram. Esta é a segunda vez que a dupla actua em Portugal, mas já passaram por Brasil, Itália, Coreia, China, Argentina e Chile, entre outros países.

À noite, na Praça 5 de Outubro, os O’queStrada deram  um espectáculo que representa bastante bem a filosofia da programação para este Verão: uma ligação entre a tradição e os novos sons. As suas músicas misturam fado, temas pop e um toque dos Balcãs.

Depois de sete anos com espectáculos de Norte a Sul do país e representações em países como a França, China, Sérvia e Espanha, os OqueStrada editaram finalmente o seu primeiro álbum, intitulado “TascaBeat - O Sonho Português“.

Nos seus temas originais há desgarradas meio em português meio em francês, bossa nova arraçada de ska e corridinhos de funaná.

No concerto nas Caldas da Rainha a vocalista, Marta Mateus (em palco assume o alter-ego Miranda), garantiu que o grupo vai continuar em estrada, para estar junto do seu público.

Perto da meia-noite, José Carlos Alegria e de Carlos Miguel Alegria, apresentaram um teatro de marionetas para adultos na Cova da Onça, com direito a bolinha vermelha no canto superior direito.
Pai e filho, os dois artistas fazem parte do projecto Era Uma Vez, teatro de marionetas, cuja maior parte dos espectáculos em cena é dedicado aos mais novos. Foi isso que os dois artistas apresentaram na manhã seguinte, 12 de Julho, na rua das Montras.

“O Mistério da Pedra Encantada” conta a história do rei, de uma princesa e de uma pedra misteriosa que no final se veio a revelar ser um ovo de dragão.

José Alegria ficou muito contente com a recepção do público nas duas apresentações que fizeram nas Caldas. “Aplaudiram muito e por isso acho que gostaram”, disse.

O artista foi, durante um ano, actor no Teatro da Rainha, antes de se dedicar às marionetas. Na sua opinião, estas apresentações na rua são muito boas para criar novos públicos para a cultura.

Por outro lado, ajudam também a economia local. “Até o funcionário da esplanada aqui em frente estava a comentar que tinham tido uma sobrecarga de trabalho por causa da nossa actuação”, referiu.

Na sexta-feira seguinte, 17 de Julho, a Companhia Marimbondo trouxe às Caldas a Miss Easy no Trio Pedalo, um espectáculo inspirado nas matrafonas do Carnaval de Torres Vedras.

O Trio Pedalo é um antigo triciclo de deficientes, totalmente adaptado de forma a transportar toda a banda e que até possui um sistema de amplificação independente. Estas matrafonas tocam melodias animadas, dos blues ao etno-rock.

A Companhia Marimbondo foi criada 1990 por três alemães na Lousã, mas já teve elementos de 11 países. Detlef Schafft, um dos membros fundadores, é Miss Easy que anda pelo mundo a espalhar “a matrafonia total”. O projecto tem tido tanto êxito que até já gravaram um CD.

Na manhã de 20 de Agosto, às 11h00 na rua das Montras, Detlef Schafft  vai voltar como Tocador de Realejo, onde irá tocar numa réplica de uma caixa de música da Floresta Negra, de 1890, que funciona com rolos de papel.

O trio circulou da Praça da República até à Praça 5 de Outubro, chamando também a atenção para o concerto dos Macacos do Chinês que decorreu nessa mesma noite.

À semelhança dos O’Questrada, os Macacos do Chinês fazem uma ligação entre o tradicional e os novos sons. Mais uma vez, o público jovem caldense surpreendeu-se com a oferta deste espectáculo no seu local de convívio de fim-de-semana.

Embora a noite estivesse fria, em pouco tempo os Macacos do Chinês aqueceram o ambiente. “Foi um espectáculo que foi crescendo e acabou mesmo numa festa”, assinalou o  vocalista, Miguel Pité (irmão do DJ Riot dos Buraka Som Sistema).

Embora não conhecesse bem as Caldas da Rainha, Miguel Pité já tinha ouvido falar muito desta cidade, porque há elementos da banda que aqui estudaram.

Depois do lançamento seu primeiro álbum, "Ruídos Reais", o grupo tem vindo a colher as atenções da crítica e do público. “O CD foi como um bilhete de identidade para as pessoas conhecerem as nossas músicas. A partir daí temos tido muitos mais concertos”, contou o vocalista.

Este é um movimento musical português com referências "multiétnicas", que não quer apenas criticar o “sistema”, mas também influenciar as pessoas para mudar para melhor.

O poeta Fernando Pessoa é uma das referências do grupo e a guitarra portuguesa, dá uma sonoridade especial ao som hip-hop. “Queremos mostrar que os ritmos portugueses também servem para dançar”, disse Miguel Pité.

No sábado à noite, 18 de Julho, subiram ao palco na Praça 5 de Outubro os caldenses Plant e os Pontos Negros (de Queluz).

A banda das Caldas da Rainha marca pela simplicidade, pelos tons melódicos e uma poderosa voz que não deixa ninguém indiferente.

Os Pontos Negros, que têm feito furor em Portugal nos últimos tempos, apresentam um rock refrescante e habilidoso no domínio da sensibilidade melódica.

O programa “Caldas, Anima-te!” vai continuar até final de Agosto e promete trazer grandes referências musicais, do teatro de rua, artes circenses e marionetas nacionais e internacionais.

Na sexta-feira à noite, 24 de Julho, a companhia Criadores de Imagens vai trazer o Dragocirco, uma maquineta com personagens circenses que irá fazer um percurso entre a Praça da República e o CCC.

A Alexandrina é uma Dragoa especial, que transporta no dorso um fantástico circo que pavoneia-se pelas ruas ao som de um realejo. Consigo virá Sebastião, engolidor de facas, Aurora, a equilibrista de arame, os encantadores de animais, o elefante Kumba e a foca Estrelinha, o mago Professor Karma, a dupla de palhaços Emiliano e Borboletae a voadora indiana Djamila, entre outros artistas.

Na noite seguinte, a Praça da Animação do CCC recebe o grupo de música klezmer Lafra, constituído por elementos oriundos dos Balcãs. O espectáculo será composto por músicas festivas dos Balcãs, mediante arranjos que, com grande virtuosismo instrumental, se inspiram em melodias tradicionais, nas quais se descobrem sonoridades da música klezmer e clássica, do jazz e da ambientação cinematográfica.

Na mesma noite, às 22h30 no Largo Frederico Pinto Basto, actua um quinteto de música caboverdiana com Armando Tito (Violão) Adérito Pontes (Violão) Djudjuty Alves (Cavaquinho) Moisés Ramos (Piano e Teclas) Manuel Paris (Viola Baixo) Péricles Paris (bateria e Percussão) e Calú Moreira (Voz).

A Praça do CCC volta a animar-se na noite de 26 de Julho, a partir das 23h30, com a actuação do grupo “As 3 Marias”. O grupo é constituído por Cristina Bacelar (guitarra e voz), Fátima Santos (acordeão), Sara Barbosa (contrabaixo) e Zagalo (Percussão).

Neste novo projecto sentem-se influências de recursos clássicos do tango, misturados com flamenco, bolero, bossa, jazz, tango-canção e ainda outros imaginários musicais.

Os Ena Pá 2000 vão actuar na Foz do Arelho a 22 de Agosto e a 28 de Agosto virá às Caldas da Rainha uma das grandes referências da música tradicional portuguesa, Júlio Pereira.

A encerrar este intenso programa, as ruas da cidade vão receber o “Nusquam” da Companhia Teatro do Mar. Um espectáculo visual, sensitivo e emocional, representado em quatro estruturas cénicas móveis (de cerca de sete metros de altura). A linguagem do teatro físico cruza-se com a dança, a acrobacia aérea, o vídeo e músicas originais.

Este espectáculo tem passado pelos principais eventos europeus dedicados ao Teatro de Rua e tem merecido grandes elogios da crítica especializada pela sua espectacularidade nos níveis de representação e arrojo tecnológico com desempenhos extraordinários.