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50 MIL PESSOAS JÁ VIRAM "AMÁLIA, O FILME"
Os primeiros resultados de bilheteira de "Amália, o Filme" superaram as expectativas da produtora e indiciam uma boa performance da longa-metragem em exibição no grande ecrã.
Primeiro fim-de-semana de exibição supera as expectativas Os primeiros resultados de bilheteira de “Amália, o Filme” superaram as expectativas da produtora e indiciam uma boa performance da longa-metragem em exibição no grande ecrã. Cerca de 50 mil pessoas já viram o filme desde a estreia, a 4 de Dezembro, até ontem, nos primeiros cinco dias de exibição. Estreado em 66 salas de cinema e tendo como principal concorrente o blockbuster americano "Madagáscar 2", a obra cinematográfica de Carlos Coelho da Silva está a conquistar os espectadores portugueses.
Para o produtor, Manuel S. Fonseca, esta adesão é um motivo de optimismo: “O que nos preocupava mais era saber se a força de Amália era superior à crise generalizada do consumo que se verifica um pouco por todo o mundo. O primeiro impacto é muito positivo. Sabemos bem que estamos a chamar às salas de cinema um tipo de espectador que, em muitos casos, vai apenas ver um filme por ano. Estamos certos de que o apelo de Amália vai persistir por muitas semanas.”
Também o realizador Carlos Coelho da Silva partilha o mesmo entusiasmo: “Tenho a certeza de que o espectáculo que o filme oferece é muito invulgar em Portugal. É um filme com grandes valores de produção, com excelentes actores e com uma história fortemente dramática. Ou seja, trata-se de uma obra que faz o espectador feliz. A carreira de “Amália, o Filme” está lançada e vai ser triunfante.”
Retratando 40 anos na vida e carreira da mais importante diva da música portuguesa do século XX, “Amália, o Filme” entra agora na segunda semana de exibição, mantendo-se em 66 salas por todo o país.
Sobre “Amália, o Filme”
“Amália, o Filme” é uma co-produção da Valentim de Carvalho Filmes e da RTP, financiado pelo Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual (FICA). O FICA foi constituído em 2007 como fundo especial de investimento e tem como objectivo o apoio a obras cinematográficas, audiovisuais e projectos multiplataforma.
Sobre a Valentim de Carvalho Filmes (VC FILMES)
A Valentim de Carvalho Filmes (VC Filmes) foi fundada no dia 1 de Julho de 2007. A produtora é parte integrante do Grupo Valentim de Carvalho, cujas empresas desenvolvem actividades nas áreas da música, de produção para televisão, estúdios de som, de televisão e multimédia. A VC Filmes tem como principal objectivo a produção de cinema.
A VC Filmes vai igualmente desenvolver a produção de telefilmes, de mini-séries para televisão e de documentários.
AMÁLIA, O FILME
Mais do que a história da diva, este filme relata a história de uma mulher à frente do seu tempo, que desafiou mentalidades e costumes, projectando universalmente o seu nome e o país. Amália, a sobrevivência, os amores e o sucesso. Estreia dia 4 de Dezembro de 2008
Já conhece a mítica cantora. Pela primeira vez, conheça a mulher por trás do mito.
“Amália” segue a diva numa noite de Outono nova-iorquina em 1984, uma noite que atravessa as memórias íntimas de uma vida inteira.
A precoce separação dos pais e a reconciliação precária, marcada pela indiferença da mãe e a morte da irmã Aninhas, até ao início da vida adulta, inaugurada pela paixão com o guitarrista amador Francisco Cruz e o sucesso local e nacional, até à ruptura de um casamento indesejado.
Uma fase de maturação artística e grande agitação, de vida dividida entre o amante Eduardo Ricciardi, o playboy do ténis que se incomoda com as suas raízes plebeias, e um banqueiro comprometido, Ricardo Espírito Santo, cúmplice espiritual, até ao abrupto desaparecimento deste lhe retirar a esperança de um futuro comum, levando a um casamento por simpatia e conforto com César Seabra.
Por fim, um período de valsa dorida com as traições familiares e as conotações políticas com o regime, de bailado com a doença, apenas superado na gloriosa ressurreição em pleno Coliseu dos Recreios, quando triunfa sob o fogo cruzado da Revolução de Abril.
“Amália”, a biografia da mulher que atravessa o século XX para se transformar numa das maiores personalidades musicais de todos os tempos.
NOTA DO PRODUTOR
O projecto “Amália, o Filme” nasceu numa sala de cinema. O Francisco Vasconcelos, presidente do Grupo Valentim de Carvalho, acabara de me convidar para criarmos a VC Filmes e o meu primeiro impulso foi ir ao cinema ver um filme, um filme europeu que correspondesse à escala de produção a que poderíamos ambicionar.
Vi “La Môme”, o biopic de Edith Piaf, numa sessão da tarde e haveria umas 20 pessoas na sala. No fim, emocionados, esses espectadores anónimos aplaudiram de pé o filme que tinham visto. Era uma projecção normal, sem vedetas, nem imprensa, nem luzes da ribalta. E foi essa pura e genuína emoção que me fez reconhecer a evidência. Amália tinha, tal como a Piaf, tanto como a Piaf, direito àqueles aplausos. Nesse dia, no meio dos palmas a cobrir o genérico final, tive a certeza de que Amália seria a estreia da VC Filmes.
“Amália, o Filme” foi, depois, o resultado de uma vivência íntima e cúmplice com o Carlos Coelho da Silva, a Ana Torres e o Pedro Marta Santos. Foi este o núcleo essencial – fanático – de desenvolvimento do projecto. Devorámos tudo o que fosse Amália: os fados que ouvimos até às lágrimas; tudo o que se escreveu, das velhas “Plateias” às modernas biografias; os relatos de quem a acompanhou, do Hugo Ribeiro, que foi quem melhor lhe registou a voz, à Estrela Carvas, sua assistente pessoal e amiga.
Quando chegou o trio mágico, Gerardo Fernandes (director de produção), César Fernandes (1º assistente de realização) e Augusto Mayer (decorador), já sabíamos que tínhamos um filme intenso e cheio de emoções. Só não sabíamos é que tínhamos de cortar metade e mudar radicalmente a outra metade. Entre décores, personagens e a brutal e impiedosa realidade dos orçamentos, o que nós não amargámos!
Depois, o Carlos Coelho da Silva descobriu a Sandra Barata Belo. Nasceu, nesse dia, outro filme. O que, se tiveram a paciência de ler estas notas até aqui, quer dizer que “Amália, o Filme” é uma trindade, santíssima bem entendido, combinando o sonho de um núcleo fundamentalista com o pragmatismo de uma equipa de veteranos, e a inocência de um rosto e de uma atitude.
Para mim, “Amália, o Filme” é igualmente uma declaração de princípios. O cinema que queremos produzir na VC Filmes é este. Um cinema narrativo e de forte comunicação com o público. Um cinema de actores de que a Carla Chambel, a Ana Padrão ou o Ricardo Carriço são muito bons exemplos. Um cinema que se pretende ligado às mais fortes tradições da história do cinema, ou seja aos grandes filmes americanos e europeus que
converteram o cinema na arte popular do século XX, enchendo salas, motivando acesos debates e modificando comportamentos. Um cinema com impacto social. Um cinema capaz de contar, com encanto e emoção, as nossas histórias.
“Amália, o Filme” é também herdeiro do cinema português. Na VC Filmes estamos conscientes das tradições populares dos anos 40 e 50 e do que nos legou o cinema mais autoral das últimas décadas. A todos, do Pátio das Cantigas a Manoel de Oliveira, devemos um pouco. Mas estamos seguros de que somos, pelo espírito e pelas circunstâncias, diferentes. Do modelo de financiamento ao modelo narrativo, da lógica de produção às opções estéticas, a VC Filmes tem uma personalidade própria e, arrisco, inovadora. “Amália, o Filme” faz prova dessa diferença. A primeira prova.
Manuel S. Fonseca / Produtor
NOTA DO REALIZADOR
1984. A cidade que nunca dorme tem a hóspede perfeita. No quadragésimo andar uma mulher hesita. Memórias que surgem e desaparecem, apagadas pela ameaça tétrica da sua radiografia ao cérebro, e uma vontade de se atirar lá do alto. Foi este o primeiro desafio que se me colocou: como filmar Amália, como filmar Amália e a morte.
De súbito, uma voz familiar chama-a e Amália olha para o avô, em Lisboa, sessenta anos antes, quando cantou pela primeira vez em público. Foi este o segundo desafio que senti, como realizador: como filmar Amália, como filmar o gosto de viver de Amália.
O primeiro filme biográfico da maior cantora portuguesa é um filme onde Fado e música sinfónica se misturam com uma história apaixonante, jamais contada.
Na vida não revelada de Amália Rodrigues, da pobreza extrema aos grandes palcos do mundo, a objectiva viaja através de momentos públicos e privados que inspiraram o estilo e interpretações ímpares da artista. Grandes planos, realçados pela cor, redesenharão os lábios vermelhos na emblemática face pálida.
O olhar magnético irá de novo conquistar o público antes do primeiro acorde da guitarra.
Ouvir-se-á a voz original em som Dolby 5.1 remasterizado.
Baseado num argumento sólido e com um número impressionante de personagens interpretados por alguns dos melhores actores Portugueses, o enredo desenrola-se numa narrativa rápida e desenvolta com conflitos retirados da sua vida real. Foi este o terceiro desafio para mim ao realizar “Amália”, como filmar o ar do tempo, dos anos 30 aos anos 80, e como dar vida e dimensão psicológica a tantos personagens no mesmo filme.
Condenada por um ano fatal, um tumor cerebral e a premissa “Logo que haja morte, a vida passa a ser absurda”, Amália atravessa décadas em busca da liberdade de canto, à procura de uma mão amiga ou de um simples empurrão nas trevas, o seu elemento favorito. É por isso que o cinema a vestiu de negro, a cor do Fado. Foi este o último desafio que me apaixonou ao filmar “Amália”: filmar o negro da morte e o arco-íris da vida.
Chegou a hora de imprimir de forma diferente aquele sorriso misterioso e de mostrar ao mundo, num ecrã, todos os sentimentos guardados durante décadas naquela alma.
Carlos Coelho da Silva / Realizador
NOTA DOS ARGUMENTISTAS
"Amália", a construção de um edifício emocional
O projecto de “Amália, o Filme” nasceu na mente de Manuel S. Fonseca, o director da Valentim de Carvalho Filmes. Estando esta empresa associada ao Grupo Valentim de Carvalho, detentor dos direitos musicais de uma vasta discografia amaliana, a pergunta para nós foi: como não o fazer?
Havia um grande peso de responsabilidade, um pouco como um argumentista grego se sentiria ao escrever um guião sobre Maria Callas. Alvin Sargent (guionista de seis dos melhores filmes norte-americanos dos últimos 40 anos – “Straight Time”, “Julia”, “Bobby Deerfield”, “Paper Moon”, “I Walk the Line” e “Stalking Moon” – e autor dum filmezinho oculto chamado “Homem-Aranha 2”) diz que “com o grande poder vem a grande responsabilidade”. O potencial poder comunicativo de um filme sobre Amália é imenso, mas a responsabilidade era ainda maior.
Depois de quatro meses a ler todas as notas de rodapé, ver todas as imagens e escutar todas as gravações actualmente disponíveis sobre – e com – Amália Rodrigues, surgiram de forma natural duas ou três linhas de força, ideias recorrentes impressas na vida e palavras da Amália: a sua personalidade exterior procurava sempre a alegria, mas encontrava quase sempre a solidão; a dimensão popular de Amália foi, em grande medida, um sistema de fuga a uma dimensão interior marcada pelo isolamento; e, finalmente, a Amália-mulher era solar, viva, de resposta sempre pronta, mas acabava por cair num “looking for love in all the wrong places”. Encontrada a chave do conceito, o resto tornou-se mais fácil.
Por exemplo, era necessário decidir as personagens da vida de Amália que deviam entrar no guião e as que deviam ficar de fora. Nalguns casos, a escolha foi feita através da regularidade e intensidade com que a própria Amália falava dessas figuras ao longo dos anos. Noutros casos, decidimos a partir duma intuição da força dramatúrgica que algumas delas poderiam desempenhar em pontos decisivos do conflito. Nas primeiras versões, havia figuras apaixonantes (Rui Valentim de Carvalho, Alberto Janes, Frederico Valério) que tivemos de reduzir ou, simplesmente, anular pela reduzida potencialidade dramática no quadro da história que queríamos contar. O peso da música na ficção que se construiu é, naturalmente, significativo. No entanto, não podíamos ceder à preguiça de uma abordagem meramente ilustrativa – a voz e o génio de Amália são tão claros que era um impulso tentador – como não deveríamos fazer depender a estrutura do argumento da evolução na carreira da cantora (suponho que isto servirá para qualquer “biopic” musical). O que nos interessou mais foi o reflexo da vida na música, não o oposto.
Quanto aos diálogos, as minhas preocupações foram - e procuro que sejam sempre - essencialmente três:
Primeiro, que eles cumpram a sua função informativa no desenvolvimento da acção. Em segundo lugar, que nunca se substituam a ela. Por fim - encontrar um registo naturalista mas envolvente que faça jus à inteligência espontânea e ao registo emocional das personagens. No caso de “Amália, o Filme”, um 'biopic' que atravessa vários períodos históricos, tudo foi depois adaptado às pequenas nuances próprias a cada época do tempo de acção (de 1920 a 1974, com um preâmbulo-epílogo em 1984).
O processo de escrita foi interessante: nem o grande Billy Wilder se considerou autosuficiente para escrever certos projectos a solo – os seus melhores filmes como realizador/guionista são os que partilhou na escrita com Charles Brackett, primeiro, e I.A.L. Diamond, depois (também é verdade que acabou por se chatear com ambos). Eu e o João Tordo, conscientes da nossa fraca natureza e importantes limitações, adoptamos outra estratégia: depois de eu escrever o tratamento, ele escreveu a primeira versão do guião. Eu escrevi a segunda versão sobre a dele, e ele fez o mesmo para escrever a terceira - e assim sucessivamente.
Para a versão final, trocámos ideias como adultos e discutimos como adolescentes. Foi divertido, e o ego de ambos sobreviveu. Quanto à relação com o realizador, foi a melhor possível. O Carlos Coelho da Silva tem um instinto forte para as soluções visuais, o que facilita a vida ao argumentista. No que divergimos, não houve nada que um bom tinto alentejano não tenha resolvido a contento.
Por último, parece-me relevante lembrar que, numa ficção histórica, o fundamental – e o mais complexo – é o exacto equilíbrio entre factos e ficção. Numa produção desta natureza, a realidade nunca é suficiente, mas se os factos nucleares não são respeitados, perde-se o mais importante: a verosimilhança. Resta portanto lançar mais perguntas do que oferecer respostas. Porque a única resposta possível é devolver Amália ao público com a máxima humanidade e esplendor.
Pedro Marta Santos / Argumentista
* * *
Tive a sorte e o orgulho de ser convidado para este projecto pela mão do produtor Manuel Fonseca. Quando me encontrei pela primeira vez com o Pedro Marta Santos, de quem fui co-argumentista, ditou a fortuna que o Pedro já tivesse, na sua cabeça e em (muito) papel, delineada uma história, um conceito e uma ideia do que viria a ser este filme.
Escrevi uma primeira versão do argumento baseada num “tratamento” original do Pedro e, em seguida, partimos à descoberta do que tínhamos feito de errado. E tinham sido muitas coisas, tantas como as que havíamos acertado, sempre com a colaboração atenta e inteligente do Manuel Fonseca, da produtora Ana Torres e do realizador Carlos Coelho da Silva. Nem a distância, em certas alturas do projecto, nos conseguiu separar, e o Pedro e eu trabalhámos arduamente em várias versões consecutivas – ele com as suas ideias, eu com as minhas, batalhando pelos respectivos inputs – até chegarmos a uma versão quase final, quase conciliadora do que acabaram por ser os nove meses mais compensadores da minha curta vida como argumentista.
O grande gozo foi ter aprendido tantas coisas com o Pedro, sobre a maneira certa de equilibrar uma história que se queria, à partida, senão polémica, pelo menos apaixonante, e o resultado de um filme-série que são os 180 primeiros minutos de biopics no cinema português do século XXI. As dificuldades, como o Manuel Fonseca bem sabe, foram inúmeras, reflectidas no jogo permanente entre aquilo que é ficção e aquilo que de facto aconteceu, um teste à nossa resistência enquanto fabricantes de outros mundos; de uma realidade outra que, necessariamente, pretendia ser um espelho da vida fascinante da maior artista portuguesa do século XX. Julgo que lhe fizemos justiça. Julgo que Amália acaba por sair deste projecto a verdadeira estrela da companhia, um motivo de inspiração que, espero, acabe por perdurar na arte cinematográfica e acabe por inspirar outras histórias.
No final, julgo que a maior recompensa é o amor que agora sinto por Amália, e o amor recentemente descoberto pela fina arte do guião, na certeza de que tive, nos meus companheiros da Valentim de Carvalho Filmes, os melhores professores e faróis de referência sempre que, por uma razão ou outra, me julgava perdido num mar de papéis, fotografias e informação proveniente de tantas fontes diferentes. Como já disse, não foi sem dificuldades que levámos esta empreitada a bom porto; dificuldades de ordem estrutural, descobertas fascinantes à última da hora quando as páginas já se encontravam escritas (recordo-me de, uma tarde, descobrir que uma das personagens que pretendíamos usar morrera, na vida real, muito antes do tempo de ficção que lhe estava destinado...), encontros inesperados com figuras funestas que deram cor e vida às páginas do filme. O público, julgo, irá apreciar tanto como nós esta incursão inusitada pela História da música portuguesa. Quanto a mim, só tenho a agradecer eternamente a experiência.
João Tordo / Argumentista
DEPOIMENTO DE SANDRA BARATA BELO
Foi com muito prazer que me envolvi no projecto Amália. Sendo este também o primeiro projecto da VC Filmes, senti muita dedicação e confiança em torno do processo.
Desde o inicio, há 9 meses atrás, sempre fui bem acompanhada por toda a produção.
Chegar à personagem Amália não foi só um trabalho e uma dedicação minha, havia já, um plano de pré-produção e pesquisa muito bem estruturado, que facilitou e ajudou o meu processo artístico.
Foi fundamental ter tido dois meses de preparação. Ensaiar e estudar ajudou a combater o peso da responsabilidade que sentia.
Comecei com o realizador, Carlos Coelho da Silva, na leitura e análise do guião - a partir daí percebi o que se pretendia da minha personagem, e pude organizar-me nesse sentido.
Li biografias, poemas e entrevistas. Ouvi fados e a sua voz falada. Vi documentários, filmes, actuações, programas de TV e entrevistas em várias fases da vida de Amália. Falei com os seus confidentes. Tive aulas de canto e de dicção - para perceber o instrumento e moldar a voz.
Era necessário ver Amália, perceber Amália e absorver Amália, para reapresentar Amália. Nunca pretendi imitá-la, mas criar um pouco daquilo que pode ter sido a sua existência. Como actriz precisava de saber como se comportava e porque agia de certa maneira, e como mulher precisava de a entender... e aquela estranha forma de vida começou a fazer sentido, preenchendo o meu imaginário.
Vieram os ensaios com o realizador e com os outros actores, levantaram-se novas dúvidas e surgiram mais ideias e, de repente, já estávamos na primeira semana de rodagem, com o resto da equipa, a pôr em prática todo o trabalho de pré-produção - a fazer o filme.
O tempo voava.
Foi bom ter trabalhado com uma equipa tão dedicada que me dava e transmitia segurança.
Não posso deixar de comentar o trabalho com os actores e o envolvimento que nós tivemos.
A realização dava espaço às nossas propostas e sabia dirigi-las.
Foi muito bom pertencer a esta produção que sempre prezou a qualidade do trabalho.
Tive o fado e o privilégio de ter sido Amália.
Sandra Barata Belo / Actriz