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PAULO COELHO

Pergaminho lança o novo romance de Paulo Coelho “O Vencedor Está Só” O novo livro de Paulo Coelho, O Vencedor Está Só, lançado em Portugal pela Editora Pergaminho, estará disponível nas livrarias a partir de 12 Setembro.


Fotografia de Frederic Charmeaux


O novo livro de Paulo Coelho, O Vencedor Está Só, lançado em Portugal pela Editora Pergaminho, estará disponível nas livrarias a partir de 12 Setembro.

Paulo Coelho faz do seu 12.º romance um testemunho da crise de valores de um universo centrado nas aparências. O Vencedor Está Só é, segundo o próprio autor, “uma fotografia do mundo em que vivemos”, que se concentra no retrato de uma superclasse, a elite da elite, com a acção a decorrer no seio do mundo das celebridades. A narrativa leva-nos até ao Festival de Cinema de Cannes, onde actores consagrados, candidatas a actriz, top models, estilistas, e um assassino em série, integram o enredo de uma história que podia ser real.

Recentemente considerado o autor vivo mais traduzido da História (Guiness Book 2009) e depois de entrar para o Guiness Book of Records como o autor que autografou mais traduções de uma obra, numa única sessão (Feira do Livro de Frankfurt, em 2003), Paulo Coelho apresenta a sua nova grande aposta literária. Ultrapassando os cem milhões de livros vendidos, O Vencedor Está Só tem seguidores em mais de 160 países. Até agora foram publicadas 455 traduções dos seus livros, em 67 idiomas.

Distinguido com mais de 30 galardões, Paulo Coelho foi este ano escolhido para orador-convidado da Conferência de Imprensa de Abertura da 60.ª Feira do Livro de Frankfurt, que decorre a 14 de Outubro, entre as 11 e as 12h00.

Paulo Coelho responde a três perguntas sobre O Vencedor Está Só

O livro O Vencedor Está Só passa-se no mundo das celebridades, onde todos querem ser vencedores. Porque é que no título destaca uma parte pouco óbvia da vitória?

A ideia do vencedor está associada, sobretudo, ao facto de ser amado e de estar em contacto com toda a gente. No fundo, qualquer pessoa quer ser querida. À medida que vai galgando os degraus da fama, a pessoa vai percebendo que existe, sempre, uma contrapartida para o seu desejo, que é a seguinte: sim, você está a conseguir mas, ao mesmo tempo, todos aqueles que não conseguiram o consideram, por um lado, uma pessoa fascinante, por outro lado, vêem-no com uma certa amargura. Acho que o exemplo mais clássico que nós temos é o de Jesus, que é recebido com glória no domingo, cercado de gente que canta «Hosana», e, na quarta-feira, esse mesmo público que o recebeu no domingo está a condená-lo à morte. O livro versa muito sobre este tema: como as massas são, de alguma maneira, facilmente guiadas e dirigidas. E a primeira coisa que um indivíduo experimenta como líder, vencedor ou pessoa que chegou ao topo é uma profunda solidão.

Em que medida é que tudo isto diz respeito à sua própria carreira internacional?

Eu tenho uma carreira bastante atípica, sou uma pessoa muito acessível, que sai e conversa com os leitores. Acho que a fama me permitiu abrir portas, e não fechá-las. Acontece, às vezes, a pessoa estar rodeada por mil pessoas durante o dia e, à noite, estar sozinho, a ler no quarto de hotel. Mas não é muito frequente, porque optei por um caminho diferente, que é o do contacto que, aliás, é a matéria-prima do meu trabalho de escrita. Eu tenho uma grande admiração por Proust, por Joyce e por escritores que elegeram, digamos assim, a sua viagem interior. Mas não é o meu caso. No elenco dos meus escritores encontra-se Henry Miller, William Blake, enfim, pessoas que escolheram o contacto, com uma excepção, que é o Jorge Luis Borges, que era extremamente solitário. Dito isto, eu percebo – porque convivo com muita gente que chegou onde muitos sonharam chegar – que exista sempre aquela sensação curiosa de que «ninguém me ama». Uma vez, quando estava sentado numa mesa de um bar com uma cantora famosíssima, ela disse-me: «Paulo, acho que as pessoas me odeiam.» Eu disse-lhe que não era possível, que ela estava no topo da sua carreira de sucesso, era amada. Mas ela achava que não.

Em O Vencedor Está Só, o que é que viu e o que é que teve de pesquisar?
Basicamente, eu vi tudo. Aos poucos descobri que, no mundo da moda, tudo é controlado pelos Estúdios de Tendências, as grandes empresas que enviam pessoas para o mundo inteiro, para observarem as discotecas, as ruas, para tomarem notas... E chega uma altura em que dizem: Reparem, agora a tendência vai ser a água.

As pessoas já passaram a fase de salvar o planeta, do aquecimento global e agora estão mais na fase «Vai faltar a água». Então, a pessoa pergunta-se: quem foi o primeiro indivíduo que teve a ideia de vender água? E quem foi o primeiro que teve a ideia de vender um terreno? E quem foi o primeiro que resolveu comprar e aceitar que aquilo era uma verdade? Portanto, um indivíduo apercebe-se de que existe um Estúdio de Tendência. A partir desse momento, claro, eu quero saber o que isso é. E, nessa altura, sim, tenho de pesquisar e conversar com as pessoas do meio, que sempre me deram pistas, mas sem saberem que eram pistas. Eu conversei, por exemplo, com um amigo meu que é detective sobre assassinos em série e com outro amigo que é médico, especializado em situações de emergência, e descobri que muitas das emergências são casos de envenenamento. Em seguida, conversei com modelos, usei os contactos que tinha no meio, falei com pessoas em festas. Quando chegou a Semana da Moda, disse: também vou participar. Fui a vários desfiles. Já tinha ido a Cannes antes e ficado surpreendido por não ser verdadeiramente um festival de cinema, ou seja, ninguém se lembra do filme que ganhou, mas toda a gente se lembra que houve uma determinada festa. Portanto, no fundo, a pesquisa vem dos contactos que se tem. Uma pessoa dá-nos o fio de Ariadne, nós vamos seguindo o fio e chegamos onde queremos. Eu acho que, para quem não está inserido no mundo da moda, este livro é uma surpresa.
Biografia
Paulo Coelho nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em Agosto de 1947. A sua vida tem sido intensa. Antes de se tornar um autor de renome a nível mundial, teve de superar muitos obstáculos. Na adolescência, sofreu a brutalidade da terapia electroconvulsiva no hospital psiquiátrico onde os seus pais – que interpretavam a sua rebeldia como um sinal de loucura – internaram-no três vezes entre 1966 e 1968. Acusado de praticar actividades subversivas contra a ditadura brasileira, foi preso e torturado.

Em 1986, com 38 anos, Paulo Coelho percorreu o caminho de Santiago. Imediatamente descreveu essa experiência no seu primeiro livro, O Diário de Um Mago, publicado em 1987. No ano seguinte, alcançou fama mundial com o seu segundo livro, O Alquimista, o romance que já conquistou o status de clássico moderno e é objecto de admiração universal. A história que narra, considerada atemporal, promete encantar e inspirar gerações inteiras de futuros leitores.

O trabalho de Paulo Coelho tem especial importância para o Brasil e para a história da língua portuguesa. Em 2002, o Jornal de Letras (Portugal) declarou que O Alquimista é o livro com o maior número de cópias reproduzidas em toda a história da língua portuguesa. Nesse mesmo ano, o escritor foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. A sua nomeação como Embaixador da Paz da ONU, em 2007, pelo secretário-geral, Ban Ki-moon, conferiu-lhe a responsabilidade de promover a paz mundial. O carácter propagador da cultura, da obra de Paulo Coelho, como eixo de união entre os povos, determinou a nomeação do escritor também como embaixador do Ano Europeu para Diálogos Interculturais, em 2008, pela Comissão Europeia.

Paulo Coelho recebeu um grande número de prestigiosos prémios internacionais. Os críticos elogiam o seu estilo poético, realista e filosófico, assim como a linguagem simbólica que utiliza e que não fala às nossas mentes, e sim aos nossos corações.


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