Notícias
CASCATAS SANJOANINAS
As cascatas sanjoaninas sempre tiveram grande importância em Gaia mas vêm conhecendo ainda maior expressão com a sua multiplicação.
As cascatas sanjoaninas sempre tiveram grande importância em Gaia mas vêm conhecendo ainda maior expressão com a sua multiplicação.
No caso da estrutura montada nos jardins da Casa da Cultura/Casa Barbot, nomeadamente na gruta central, o conjunto ganhou em originalidade e está a suscitar grande curiosidade, tanto entre gaienses como entre turistas e também nas camadas mais jovens. É o caso de cerca de dezena e meia de crianças da creche do Torne, um dos grupos que já visitou este equipamento municipal para admirar ao vivo as peças do artesão avintense Fernando Almeida, em exposição até 30 de Junho entre as 9h e as 2h, de segunda a sexta-feira, e entre as 15h e as 19h, aos Sábados.
Ainda no âmbito do Pelouro da Cultura, Património e Turismo, também o Solar dos Condes de Resende, em Canelas, cumpre a tradição e acolhe uma cascata de S. João, esta da autoria de Manuel Mendes.
Nesse caso, as visitas podem ser feitas de segunda a sexta-feira entre as 9h e as 22h e aos fins-de-semana e feriados entre as 9h e as 19h, até 6 de Julho.
Paralelamente, a Vila de Avintes, através da Junta de Freguesia, está a promover o 19º Concurso de Cascatas Sanjoaninas que, até 30 de Junho, permite a visita do público a 16 cascatas montadas em outros tantos locais.
Sobre as cascatas
Estas construções são «pequenos mundos de encanto, pequenos cenários de opereta muda com figuras de barro que representam a sociedade ainda rural de antanho, alcandoradas pelas arribas dos montes, entre a zona ribeirinha e a ermida cumeeira», como refere o Professor Gonçalves Guimarães, historiador especialista em Vila Nova de Gaia, queirosiano e director do Solar dos Condes de Resende.
A designação de cascata talvez tenha sido retirada das quedas de água que os ribeiros de outrora faziam, aqui e ali, quando caíam «em cascata» por entre fraguedos e açudes, onde a vegetação das margens era mais densa, onde havia o girar das rodas dos moinhos, onde, perto, os rebanhos pastavam, onde se passava a ponte para ir à romaria, onde se faziam maroteiras mais ou menos inocentes de namoros, medos e bruxas, que no solstício de Verão se esconjuram com ervas cheirosas dos prados, as labaredas das fogueiras e o banho purificador, qual renovo do baptismo a prometer eternidades nestes dias das noites breves.
Não se sabe quando começou esta tradição, mas ela só podia perdurar em terra de oleiros, de mascateiros e de imaginários, considera Gonçalves Guimarães. De entre uns e outros saíram os «santinhos», que são afinal todos os tipos populares, da leiteira ao soldado, do pastor à lavadeira, do pescador à mulher da erva, entre outros mais brejeiros, como o cagão e a mijona. Todos eles tutelados pelos santos verdadeiros, afinal alheios a tudo isto, pois um foi doutor da Igreja (Santo António), o do meio deu-lhe para zurzir os poderosos e comer gafanhotos no deserto (S. João) e o terceiro foi o primeiro papa (S. Pedro). Mas o povo pouco sabe de teologias e por isso o primeiro é casamenteiro, o segundo comanda os folguedos do solstício e o último proletarizou-se como pescador e abençoa os pescadores da Afurada no fim do mês de Junho.