Esta VI edição da Exposição de Camélias Antigas, a decorrer na freguesia das Furnas, nos dias 23 e 24 de Fevereiro, promete uma maior envolvência entre os participantes e a própria ideia de criar uma exposição sobre esta flor, muito apreciada internacionalmente e que conhece nos Açores alguns dos espécimes mais raros e únicos do mundo. Aliás esta ideia foi transmitida na altura da conferência, já que os especialistas que participaram, no ano passado, no II Encontro Internacional de Camélias Antigas reencontraram em S. Miguel e nas Furnas exemplares únicos e há muito perdidos em vários países da Europa, um destes é a que vulgarmente conhecemos como “Autonomia dos Açores”. Esta flor, que em muitos países da Europa é conhecida por “Sofia”, nome atribuído por um viveirista belga, em homenagem à rainha holandesa com o mesmo nome, foi dada por desaparecida durante alguns séculos e foi em S. Miguel, neste Encontro Internacional, que foi novamente encontrada, para surpresa dos holandeses, responsáveis pelo Jardim Botânico de Estugarda.

A VI edição da Exposição de Camélias Antigas terá como tema o Ikebana. Trata-se de uma arte floral japonesa que preza pela harmonia representativa da construção linear, o ritmo e a cor, aludindo simbolicamente a três ponto principais como o céu, a terra e a humanidade, esta exposição dará a possibilidade aos participantes de fazerem o seu arranjo floral.

À entrada deste certame haverá um conjunto de expositores para os diversos arranjos, onde todas as espécies de camélias serão identificadas e onde haverá também um cartaz a explicar as três correntes ou disciplinas do Ikebana que mais se praticam na actualidade.

No sábado de manhã, dia 23, haverá uma espécie de workshop onde os participantes convidados poderão realizar os seus trabalhos livremente, assimilando esta arte do Ikebana e apresentando os seus trabalhos no final, onde serão premiadas as melhores realizações.

A inauguração propriamente dita está marcada para as 14 horas e será restrita a convidados. Após a sessão inaugural as portas do Casino abrir-se-ão para acolher todos quantos queiram visitar a mostra.

Para o Presidente da Câmara ambas expectativas são altas, tanto para a Exposição como para a Meia Maratona. “Queremos que os nossos eventos continuem a crescer com sustentabilidade para que assim possam causar impacto na dinamização da economia local”, acrescentou o edil. Para Francisco Álvares, estes eventos, bem como a Mostra do Cozido, as belezas naturais do Vale Formoso e, num futuro próximo, o Complexo Desportivo e o Pavilhão Vulcanológico, constituem importantes chamarizes que acabam por estar todos interligados, funcionado como grande ponto de atracção para a freguesia e para o Concelho. Mais, segundo o mesmo, a freguesia e o Concelho já hoje dão provas que prestam um serviço muito importante na promoção do destino turístico dos Açores, merecendo, por isso, um apoio diferenciado da parte do Governo Regional.

Para a edição deste ano a verba prevista para a Exposição ronda 25 mil euros, montante que Francisco Álvares não considera elevado “porque este património natural da luxuriante paisagem das Furnas constitui uma importante mais valia que importa divulgar e dignificar através desta iniciativa da Câmara Municipal da Povoação, testemunho vivo do nosso empenho e determinação na valorização das gigantescas potencialidades do nosso concelho e, neste caso particular, do paradisíaco Vale das Furnas”.

O autarca afirmou ainda que nesta edição serão celebrados protocolos com entidades privadas e viveiristas, no sentido de se desenvolver “Camelietos”. Ou seja a criação de jardins com o maior número de variedades devidamente classificadas, tendo em vista a promoção em larga escala desta flor de Inverno.

Em relação à Meia Maratona que decorrerá na manhã do dia 24, em frente ao Casino Terra Nostra, terá como novidade a introdução do Parque Terra Nostra no percurso da prova. Ou seja, a prova passará por vários locais da freguesia mas também por dentro do Parque Terra Nostra, local onde existem muitas espécies de cameleiras, e pela Lagoa das Furnas. Do percurso foi eliminado a parte da Lagoa Seca, já que no ano passado este foi o local considerado pelos atletas como o mais duro de todo o trajecto.

O autarca espera que a iniciativa cresça nos próximos e venha a tornar-se uma referência entre as provas desportivas no arquipélago dos Açores.

A parte mais técnica da prova foi então apresentada pelo Presidente do Futebol Clube Vale Formoso, clube promotor do evento, que deu a conhecer as particularidades das actividades que estão agendadas para as 10 horas, do dia 24 de Fevereiro. Assim sendo, para além da meia maratona terá lugar, neste dia, mais duas provas: são elas as Corridas das Camélias e da Juventude que irão ter no seu total mais de 300 participantes, vindos de vários estabelecimentos de ensino da ilha, de diversas Associações e Clubes Desportivos.

Em relação ao percurso, os desportistas irão passar por algumas das principais artérias da freguesia de Furnas em direcção à Lagoa das Furnas, ficando o trânsito muito condicionado das 9h30 até às 13 horas nas seguintes vias e zonas: Rua Padre José Jacinto Botelho; Rua Dona Maria Eugénia Oliveira; Padre Afonso Quental; Avenida Victor Rodrigues; Largo da Estrela; Rua das Caldeiras; Rua Dr. Vasco Bensaúde; Rua Dr. Frederico Moniz Pereira; Largo do Teatro; Rua Dr. Carlos Arruda; Rua dos Moinhos; Rua Engº Clemente Soares; Rua de Sant´Ana; Estrada Regional do Sul (desde Bomba de Gasolina até à Lagoa); Rua Padre José Tavares; Largo do Marquês da Praia.

A 1ª Meia Maratona é composta por duas voltas que se traduzem em 21,10 km. Quanto à Corrida das Camélias, os atletas irão fazer um percurso de 10,7 km, aproximadamente, o que corresponde a uma volta do percurso exposto no regulamento. Por fim, a Corrida da Juventude destina-se às camadas mais jovens que terão de percorrer uma distância de 2.2 km.

A Meia Maratona é uma prova anual e será supervisionada pela Associação de Atletismo de S. Miguel.

As inscrições poderão ser feitas nos sites www.cm-povoacao.pt, www.fcvaleformoso.pt ou para o telemóvel 917868888. No dia da prova os interessados poderão inscrever-se até às 9h45, na sede do Futebol Clube Vale Formoso. 

Curiosidades sobre O IKEBANA

O Ikebana, que em japonês quer dizer literalmente “flores vivas”, (também conhecido por Kado, “a via das flores”), é uma arte nipónica de arranjos florais que usa a disciplina do chamamento interior para a realização dos arranjos. Diz-se que pelo trabalho realizado em Ikebana se pode ver o estado de espírito da pessoa que o realizou.

Contrastando com a maneira habitual de se fazer arranjos florais, preconizada no ocidente, o Ikebana, arranjo floral japonês, estabelece uma harmonia de construção linear, ritmo e cor. Enquanto que no ocidente há a tendência para dar ênfase à quantidade e ao colorido, dando relevo às flores em si, a cultura japonesa destaca e cultiva o respeito e veneração pelos aspectos lineares do arranjo. Esta arte foi desenvolvida pelos nipónicos de forma a incluir o vaso, caules, folhas e ramos, além das flores.

Esta disciplina nascida no Japão teve origem nos antigos rituais de servir o chá, o chanoyu, sendo que esta forma de arte já é praticada há mais de 600 anos. Primando pelo respeito pela natureza, esta disciplina era inicialmente uma simples oferenda a buda. Os monges colocavam as flores no altar consagrado a buda e daí surgiu a primeira e mais disseminada corrente ou disciplina do Ikebana, o Rikka.

Daí em frente esta forma de arte tornou-se uma profissão, uma verdadeira forma de vida, inicialmente para homens e de alto estatuto social, alagando-se depois a ambos os sexos e a todos os sectores sócias.