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BIBLIOTECA DE EDUARDO PRADO COELHO
A biblioteca pessoal de Eduardo Prado Coelho (1944-2007) vai ser doada à Biblioteca Camilo Castelo Branco, em Famalicão. A decisão foi tomada pelos familiares do escritor, crítico e ensaísta desaparecido em Agosto passado, e justificada, em primeiro lugar, pelo desejo de que o espólio se mantenha junto e seja tratado documentalmente.
A biblioteca pessoal de Eduardo Prado Coelho (1944-2007) vai ser doada à Biblioteca Camilo Castelo Branco, em Famalicão. A decisão foi tomada pelos familiares do escritor, crítico e ensaísta desaparecido em Agosto passado, e justificada, em primeiro lugar, pelo desejo de que o espólio se mantenha junto e seja tratado documentalmente. "Estou convencida de que o meu pai aprovaria esta decisão, já que ele acompanhava, com atenção e interesse, a actividade cultural da Câmara de Famalicão", disse ao PÚBLICO Alexandra Prado Coelho, a sua filha, que tomou aquela decisão em conjunto com Maria Manuel Viana, companheira do escritor.
O espólio, que deverá contar perto de seis mil volumes, vai ser estudado, catalogado e colocado numa sala que ficará com o nome de Eduardo Prado Coelho, na biblioteca famalicense. Artur Sá da Costa, director dos Serviços Culturais da autarquia, explicou que as condições de instalação vão ser ainda decididas de acordo com o desejo dos familiares de Prado Coelho, que deverão brevemente deslocar-se à cidade para conhecer o edifício e o espaço na biblioteca.
O que vai ser doado a Famalicão não é a totalidade dos livros que Eduardo Prado Coelho foi reunindo durante a sua vida - muitos dos quais ele foi oferecendo ou pondo de lado -, mas apenas aquilo a que se poderá chamar a sua "biblioteca pessoal", os livros que "ele leu e que verdadeiramente lhe interessaram", nota Alexandra Prado Coelho, acrescentando que grande parte deles estão anotados pela sua mão.
Literatura, linguística, psicanálise, cinema, fotografia, artes plásticas e arquitectura, mais ou menos por esta ordem, e cronologia, são os temas representados na biblioteca, perante a qual será possível como que reconstituir o percurso biográfico e a evolução dos interesses do escritor.
Como é que este espólio foi parar a Famalicão? Há razões históricas e afectivas, diz Artur Sá da Costa: em 1984, a Câmara de Famalicão atribuiu ao professor e crítico literário Jacinto do Prado Coelho (1920-1984) o 1.º Prémio Casa Camilo - que viria a ser recebido apenas em Novembro, já a título póstumo, pelo seu filho Eduardo; em Março deste ano, o FamaFest - Festival de Cinema e Literatura de Famalicão homenageou Eduardo Prado Coelho.
O director do FamaFest é Lauro António, que esteve na origem dos contactos entre a Câmara de Famalicão e a família de Prado Coelho, e que viriam a resultar na doação.
O espólio de Eduardo Prado Coelho vai acrescentar-se a outros, de figuras relevantes da história e cultura portuguesa, já na posse da autarquia. É o caso do político e jornalista famalicense Nuno Simões (1894-1975), cujo espólio está depositado na biblioteca, mas também das bibliotecas "camilianas" de Alexandre Cabral, Manuel Simões e Aníbal Pinto de Castro (esta ainda em fase de instalação), colocadas no Centro de Estudos de S. Miguel de Ceide.