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PRÉMIO DE ARQUITECTURA PAISAGISTA

O Estádio Municipal de Braga acaba de vencer o “Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista 2007”, atribuído pela “About Blue”, grupo editorial que «lidera a informação sobre o mercado do ambiente e das cidades».

Projecto do arquitecto Daniel Mangana Monteiro

ESTÁDIO MUNICIPAL DE BRAGA VENCE
PRÉMIO DE ARQUITECTURA PAISAGISTA

O Estádio Municipal de Braga acaba de vencer o “Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista 2007”, atribuído pela “About Blue”, grupo editorial que «lidera a informação sobre o mercado do ambiente e das cidades».

O prémio, atribuído ao autor do trabalho de arquitectura paisagista deste multidisciplinar projecto, reconhece o trabalho desenvolvido por Daniel Mangana Monteiro, responsável pela concepção dos espaços exteriores do novo estádio bracarense.

Daniel Monteiro, que iniciou a sua actividade profissional como arquitecto paisagista na Câmara Municipal de Braga, repete, assim, a conquista deste reconhecimento público, depois de o ter feito já em 2005 com o projecto do Cemitério Municipal de Monchique, em Guimarães.

Na memória descritiva elaborada para o concurso de que ora resultou vencedor, o arquitecto recorda que o local de construção do Estádio Municipal de Braga – desenhado por Eduardo Souto Moura e já contemplado com vários prémios nacionais e internacionais – se situa numa encosta a norte da cidade, ocupando terrenos declivosos que começam numa pedreira e culminavam, no extremo norte, numa linha de água.

«Para além de dar resposta às directrizes programáticas de acessibilidade e estacionamento, o projecto pretendia (re)criar uma paisagem que permitisse a continuidade visual entre os espaços circundantes do edificio e o futuro Parque Urbano de Braga/Norte, a par da vontade de ter o edifício inserido em espaço natural», explica.

Por esta razão – diz – optou-se por não construir um espaço exterior ajardinado; optou-se igualmente por demarcar de forma evidente o construído do “não-construído”, através da regularidade de traçado das áreas pavimentadas, ou da evidente antropogénese no desenvolvimento dos taludes, por oposição ao leito meandrizante da linha de água, suavidade no desenvolvimento dos movimentos de terras da linha de vale, ou da inserção do arruamento de acesso ao interior do estádio, acentuando, pela oposição destas duas linguagens, a forma de inserção do edifício no meio natural.

De acordo com Daniel Monteiro, também na escolha dos materiais foi assumido este princípio, predominando o uso de inertes nos espaços construídos e, quando usada a flora, esta aparece colocada de forma compassada. Nos restantes espaços, a irregularidade das plantações, a constituição de maciços arbustivos em orla e a promoção da colonização natural de grandes áreas, foi a solução adoptada.

«A implantação do estádio preserva quase na íntegra o maciço arbóreo a poente e parte importante do nascente; o espaço restante – pedreira, encosta e linha de vale – são ocupados pelo edifício, acessos e novo leito da ribeira; dentro deste, os espaços “naturais” são reconstruídos, nomeadamente a linha de vale, através de aterros, modelação e estabilização de terrenos e execução de plantações e sementeiras», justifica.

Sobre a linha de água hoje visível, o arquitecto paisagista refere que o seu leito original se encontrava, nalguns pontos, quatro metros abaixo do nível actual, tendo sido reperfilado dentro da área de intervenção. «Sempre que possível, foi mantida a permeabilidade do leito e os muros construídos em alvenaria de pedra seca», destaca.

Também a colina a poente do estádio merece a sua apreciação, lembrando que ela resulta de importantes movimentos de recolocação de terras: «originalmente este espaço era para manter intocado, contudo a colocação do estaleiro de obra alterou-a profundamente, tendo sido necessário reconstruí-la».

Na vegetação utilizada, o especialista optou por fazer um reconhecimento informal da flora presente na envolvente próxima e utilizar as espécies predominantes, tendo sido, no entanto, introduzidas algumas novas espécies, nomeadamente amieiros e pilriteiro.

No estrato arbustivo – refere ainda – a escolha recaiu, entre outras plantas, nos loureiros, medronheiros e folhados, procurando sempre a criação de maciços com alguma expressão.

Já no estrato herbáceo, optou por uma mistura comercial de relvado nas áreas mais próximas dos acessos públicos, sendo esta substituída por mistura específica de hidrossementeira nas zonas de colina e talude, uma mistura que procurou recriar a composição florística local de herbáceas e sub-arbustos, considerando que assim promoveu a base para a promoção da colonização natural desejada nestas áreas.

Licenciado em Arquitectura Paisagista pela Universidade de Évora, Daniel Mangana Monteiro trabalhou na delimitação da reserva ecológica nacional de vários concelhos do norte, nos espaços exteriores do Campus de Gualtar da Universidade do Minho, no projecto de infraestruturas da Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos (Ponte de Lima), na transladação e reimplantação do Cromeleque do Xerez, no adro da Sé de Vila Real, no Parque 25 de Abril (Caminha) e no também premiado Cemitério Municipal de Guimarães.

No ano passado obteve uma “menção honrosa” na categoria de “Espaços Urbanos” do Prémio Alexandre Herculano, promovido pela Associação Nacional de Municípios com Centro Histórico.

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