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TRABALHOS ARQUEOLÓGICOS REVELAM FORJA DO PERÍODO ROMANO

Os trabalhos arqueológicos que decorreram no Largo da Latada, em Pendilhe, durante o mês de Setembro, revelaram uma série de estruturas das quais se destaca uma forja.

Os trabalhos arqueológicos que decorreram no Largo da Latada, em Pendilhe, durante o mês de Setembro, revelaram uma série de estruturas das quais se destaca uma forja.

A intervenção arqueológica que se realizou este ano deu continuidade aos trabalhos iniciados no ano transacto e insere-se no âmbito de um projecto de investigação mais vasto (Da Serra da Nave ao Vouga: Paisagens Humanas da Antiguidade Tardia à Alta Idade Média, inscrito no Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos e financiado pelo Instituto Português de Arqueologia).

A Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva tem vindo a apoiar a equipa coordenada pela arqueóloga Marina Vieira, no quadro da valorização do Património concelhio e em consonância com o programa do Museu Arqueológico do Alto Paiva que, mais do que um espaço definido, é todo o território do Alto Paiva e o seu riquíssimo Património Arqueológico.

Este campo arqueológico tem, para além dos objectivos científicos, a missão de escola, pois visa formar jovens estudantes de arqueologia (provenientes, nesta campanha, das Universidades de Coimbra, Porto e Minho), proporcionando a prática de técnicas de trabalho de campo.

O sítio, identificado em 2005, permitiu recuar quase mil anos as origens da povoação de Pendilhe. Os vestígios recuperados permitem deduzir que existiria uma ocupação humana no local a partir dos primeiros séculos da nossa era.

As diferentes estruturas que estão em processo de escavação pertencem a distintas fases, que se estendem desde a época romana até à alta Idade Média, atestando várias remodelações na ocupação do mesmo espaço. São visíveis no local muros graníticos bem conservados, vêm-se as entradas de algumas divisões com as suas soleiras de porta e até alguns degraus. Existem vários pisos de argamassa, também bem preservados.

Em determinado momento, que por ora balizamos na época tardo romana (século IV em diante), o local terá sido utilizado para actividades ligadas à transformação do ferro. São testemunho desta forja: um forno rústico, construído de pedra e cerâmica; um almofariz de granito, que seria usado para triturar minério; e uma grande quantidade de dejectos de fundição, como escória e pingos. Entre o espólio recolhido contam-se centenas de pregos e rebites em ferro, bem como pesos pétreos que seriam usados no labor do ferreiro.

Estes achados, muito bem conservados, permitiram abrir uma janela sobre as actividades quotidianas do passado e, a breve trecho, será possível reconstituir a actividade desta oficina, que funcionaria no âmbito de uma grande exploração agro-pecuária, situada junto a um eixo viário de importância trans-regional.

Equaciona-se uma futura intervenção de musealização do local, o que permitiria uma leitura permanente do sítio, possibilitando a sua visita. Esta valorização constituiria, por certo, uma mais valia para a população local e para a região do Alto Paiva.

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