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CASA DE CAMILO RECEBE 112 CARTAS MANUSCRITAS PELO ESCRITOR

A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão adquiriu um conjunto de 112 cartas originais manuscritas pelo escritor Camilo Castelo Branco, no século XIX, na sua correspondência com o político Tomás Ribeiro. Esse acervo, de grande valor, nomeadamente para os camilianistas e estudiosos do século XIX, foi entregue ao Município de Vila Nova de Famalicão.

A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão adquiriu um conjunto de 112 cartas originais manuscritas pelo escritor Camilo Castelo Branco, no século XIX, na sua correspondência com o político Tomás Ribeiro. Esse acervo, de grande valor cultural, nomeadamente para os camilianistas e estudiosos do século XIX, foi entregue ao Município de Vila Nova de Famalicão no dia 18 de Setembro, na Casa-Museu de Camilo Castelo Branco, em Seide S. Miguel. Este espólio foi mantido até hoje por descendentes de Tomás Ribeiro, a quem agora a Câmara Municipal de Famalicão vai adquirir pelo montante de 25 mil euros.

Segundo o investigador Alexandre Cabral, Camilo Castelo Branco escreveu ao longo da sua vida cerca de 15.000 páginas de correspondência, endereçada às mais diversas personalidades da vida política e cultural do seu tempo, a qual constitui um repositório inesgotável para o conhecimento da vida e do pensamento do escritor.

Entre essas personalidades conta-se a de Tomás Ribeiro. Considerado um dos mais distintos políticos do séc. XIX, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, e exerceu vários cargos públicos de relevância como deputado, par do reino e ministro.

Conheceu Camilo em 1863, e visitou-o em Seide, acompanhado de António Feliciano de Castilho, em 1866, e em sua memória foi erigido o obelisco que, ainda hoje, pode ser apreciado na Casa-Museu de Vila Nova de Famalicão. Foi depois desta visita que começou a consolidar-se uma amizade sólida, fraternal e solidária em todas as emergências.

Tomás Ribeiro era o esteio firme em que o romancista confiava plenamente. A expressão material do apreço de Camilo por Tomás Ribeiro manifestou-se publicamente quando lhe dedicou, em 1876, Maria Moisés, uma das novelas mais apreciadas entre toda a obra camiliana.

Ao longo de várias gerações, a correspondência trocada entre Camilo e Tomás Ribeiro conservou-se nas mãos dos descendentes do estadista, assegurando-se assim que este importante acervo epistolográfico se mantivesse indivisível, facto raro no universo da produção epistolográfica camiliana.

Na sequência de contactos anteriores estabelecidos pelos actuais possuidores da correspondência com João Bigotte Chorão, membro da Comissão Científica do Centro de Estudos Camilianos, a Câmara de Famalicão – que tutela a Casa-Museu de Camilo – recebeu uma proposta de aquisição, para o Museu de Seide, de um valioso conjunto de documentos relativos às relações pessoais das personalidades citadas, o qual compreende 112 cartas manuscritas de Camilo para Tomás Ribeiro e outros documentos inéditos, nomeadamente: doze cartas de Ana Plácido; uma carta de Camilo com uma poesia anexa do punho do próprio filho Jorge; uma carta de Camilo, onde o escritor expõe os problemas que tem com Jorge; uma carta do filho Nuno; três retratos de Camilo, dois deles com dedicatória do próprio escritor; dois cartões de felicitações de Camilo; uma carta de Eduardo Costa Santos, editor de Camilo, para Tomás Ribeiro; um documento de homenagem a Camilo feito pela Escola de Belas-Artes de Lisboa, com autógrafos de várias personalidades; e um exemplar raríssimo do folheto “Folhas Caídas”, da autoria de Camilo, editado em 1854.

Trata-se de um conjunto de notável valor que irá integrar os depósitos do acervo camiliano, agora modernamente equipados no novel Centro de Estudos Camilianos, um equipamento desenhado pelo arquitecto Siza Vieira junto à casa-museu.

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