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Coreógrafa brasileira Deborah Colker regressa a Lisboa com "Sagração"

“Sagração" terá cinco apresentações, no Teatro Tivoli BBVA de 26 a 30 de março. É um espetáculo que tem como inspiração a famosa “Sagração da Primavera” de Stravinsky. Deborah Colker aborda os povos indígenas neste espetáculo que fala sobre a origem da vida.

Coreógrafa brasileira Deborah Colker regressa a Lisboa com "Sagração". Foto DR

Deborah Colker passou semanas entre povos indígenas para se inspirar a criar “Sagração”, o espetáculo de dança que sobe ao palco do Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, a partir de quarta-feira.

Depois de esgotar quatro noites na sua última passagem pelo país com “Cão sem Plumas”, a coreógrafa brasileira que já criou espetáculos para o Cirque du Soleil traz a Lisboa o que diz ser a sua criação da “Sagração da Primavera” de Igor Stravinsky.

“É a minha versão”, diz Deborah Colker, que explica que seguiu “os passos do Stravinsky”. “Ele relaciona o clássico com o primitivo. Quando compôs essa música, inspirou-se na música pagã russa, na música primitiva e misturou e relacionou com a música clássica”, detalha.

Mas este é um espetáculo que fala do Brasil. “Quero trazer a ‘Sagração da Primavera’ do Stravinsky para o agora, no meu país, no Brasil, falando a partir de mim, de quem eu sou”.

Para encontrar essa sua “Sagração”, Deborah Colker foi em busca dos “primitivos” do Brasil. “São os povos originários, os povos indígenas. E qual o lugar originário, primitivo do Brasil? São as florestas. Nesse espetáculo, os portugueses ainda não chegaram no Brasil. É antes da chegada”, sublinha a coreógrafa.

Em entrevista, a criadora explica que conhece bem a música de Stravinsky. “Eu estudei piano há muitos anos”, lembra, e ao desenvolver esta coreografia, quis explorar “ritmos brasileiros, as influências primitivas brasileiras, não só dos povos originários, mas também de outros lugares do Brasil, como o Nordeste e o Norte do Brasil”.

Esta coreografia propõe uma reflexão sobre a vida no planeta. São 70 minutos divididos em 14 cenas onde o palco tem como cenografia um conjunto de 170 bambus com quatro metros de comprimento. Mas estes bambus são mais do que cenário, explica a coreógrafa: transformam-se em armas ou em canoas nas mãos dos bailarinos.

“Pela primeira vez tive um cenário que começa sem nada. Os bambus vão entrando e os bailarinos dançam com o bambu que vai sendo uma extensão desse corpo. Eles vão contando esse caminho evolutivo. Vão construindo lugares, um barco, uma casa e essa floresta. Essa planta se transforma numa arma de caça. Eles percebem que o bambu pode ajudar a sobreviver”, explica.

A direção de arte e a cenografia são de Gringo Cardia e os figurinos de Claudia Kopke e iluminação de Beto Bruel. “Sagração” vai estar em palco no Teatro Tivoli BBVA até 30 de março.

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por Maria João Costa in Renascença | 25 de março de 2025
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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