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"A Praça do Diamante"
Clássico da literatura, publicado em 1962, traduzido para mais de 30 línguas, é considerado o romance catalão mais importante de todos os tempos. A vida de uma mulher apanhada num período convulsivo da História.

O peso da tragédia que, nos anos negros da guerra civil, devastou a Catalunha, surge-nos como elemento fulcral e angustiante nesta extraordinária narrativa da vida de uma operária de Barcelona, figura humilde de mulher que, a pouco e pouco, vai adquirindo um valor de encarnação de toda a humanidade anónima, fraca e martirizada.
A própria autora afirma que A Praça do Diamante é sobretudo um romance de amor. A ação não poderia, aliás, ser mais simples e, em simultâneo, mais comovedora.
A trama de peripécias miúdas, que tecem o destino de uma mulher comum, e a forma admirável como se harmonizam a singeleza dos factos com a descrição elegíaca de um mundo perdido, de um modo de viver, do palpitar de uma comunidade, são de uma beleza rara, só possível numa obra-prima de dimensão universal como esta.
A testemunhar o acolhimento unânime do público e da crítica, Diana Athill escreveu, comentando a edição inglesa deste livro marcante: «É o melhor romance publicado em Espanha de há muitos anos para cá.»
E Michel Cournot, a concluir o seu artigo no Le Nouvel Observateur sobre a edição francesa deste romance, salienta: «Temos a sensação de que uma pequena operária de Barcelona tomou a palavra para defender toda a esperança, a liberdade e a coragem.»
«Na semana passada, perguntei por Mercè Rodoreda numa livraria de Barcelona e responderam-me que tinha morrido havia cerca de um mês. A notícia entristeceu-me profundamente, em primeiro lugar devido à justíssima admiração que tenho pelos seus livros e, em segundo lugar, pela circunstância imerecida de a notícia da sua morte não ter sido anunciada fora de Espanha com o destaque e as honras que lhe eram devidos. Segundo parece, poucas são as pessoas que, fora da Catalunha, sabem quem era essa mulher invisível, que escrevia num catalão esplêndido uns romances formosos e duros como poucas vezes se encontra na literatura atual. Um deles – A Praça do Diamante – é, em meu entender, o mais belo romance que se publicou em Espanha depois da guerra civil. A razão por que é tão pouco conhecida, mesmo em Espanha, não pode atribuir-se ao facto de haver escrito numa língua de âmbito reduzido ou de os seus dramas humanos decorrerem numa zona secreta da já de si secretíssima cidade de Barcelona, pois os seus livros foram traduzidos em mais de dez idiomas e, em todos eles, foram objeto de comentários críticos muito mais entusiastas do que aqueles que obtiveram no seu próprio país. «Este é um dos livros de valor universal que alguma vez o amor escreveu», proclamou por ocasião do seu lançamento o crítico francês Michel Cournot, referindo-se a A Praça do Diamante. Diana Athill, comentando a versão inglesa, escreveu: «É o melhor romance publicado em Espanha de há muitos anos para cá.» E, nos Estados Unidos, um crítico do Publisher Weekly assegurou tratar-se de um estranho e maravilhoso romance. E no entanto, há alguns anos, a pretexto de uma qualquer efeméride, tendo-se realizado um inquérito junto dos escritores espanhóis de hoje para tentar definir quais eram, segundo o seu critério, os dez melhores livros escritos em Espanha após a guerra civil, não me recordo de um só que haja mencionado A Praça do Diamante. Muitos, em contrapartida, citaram com toda a justiça La forja de un rebelde, de Arturo Barea. Ora o curioso é que este livro, cujos quatro densos tomos haviam sido publicados em Buenos Aires no final dos anos trinta, não tinha sido nem foi ainda editado em Espanha, enquanto A Praça do Diamante ia já na sua vigésima sexta edição catalã. Li-a em castelhano, por essa altura, e o meu deslumbramento só foi comparável ao que me causara a primeira leitura de Pedro Páramo, de Juan Rulfo, ainda que os dois livros apenas tenham em comum a transparência da sua beleza.
Não sei quantas vezes a voltei a ler, a partir dessa altura. Mas várias vezes a li em catalão, o que diz muito da minha devoção a esta obra.»
Gabriel García Márquez no Prefácio
Mercè Rodoreda nasceu em 1908, em Barcelona, e faleceu em Girona, em 1983. Entre 1939 e 1957, viveu no exílio, primeiro em França e mais tarde na Suíça. Figura de proa da literatura catalã contemporânea, as suas obras estão traduzidas em mais de trinta línguas e granjearam-lhe inúmeras distinções, entre as quais o Prémio de Honra das Letras Catalãs e o Prémio Cidade de Barcelona. Na sua bibliografia, onde A Praça do Diamante (1962) ocupa um lugar central, destacam-se ainda os romances El carrer de les camèlies (1966), Jardí vora el mar (1967), Espelho Partido (1974) e Quanta, quanta guerra… (1980).
Tradução de Mercedes Balsemão
ISBN: 9789722084178
ISBN do Ebook: 9789722084185
Editora: DOM QUIXOTE | Leya
Ano de Edição / Impressão: 2025
Dimensões: 235 x 158 x 15 mm
Páginas: 224