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Espólio documental inédito da poeta e artista Salette Tavares doado à Gulbenkian
A performer, tradutora e professora é considerada uma das personalidades mais relevantes na cena artística portuguesa da segunda metade do século XX.
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O espólio documental da poeta e crítica de arte Salette Tavares (1922-1994), composto por publicações da autora, catálogos e folhetos de exposições, foi doado à Fundação Calouste Gulbenkian.
Performer tradutora e professora, Salette Tavares é considerada das personalidades mais relevantes na cena artística portuguesa da segunda metade do século XX, recordou a Gulbenkian, em comunicado, assinalando que esta doação "contribuirá para uma melhor compreensão da sua obra multifacetada".
A documentação inclui também recortes de imprensa, correspondência e livros de filosofia e teoria da arte, também estudos, desenhos e poemas, bem como artes finais de Bailia, obra em escultura pertencente à coleção do Centro de Arte Moderna (CAM).
Este acervo irá juntar-se aos 75 títulos de Salette Tavares ou dedicados ao seu trabalho já conservados na Biblioteca de Arte da Gulbenkian, que possui correspondência variada — com a família, amigos, críticos de arte e artistas do seu círculo próximo —, e também poemas dactilografados e artes finais de diversas obras.
A documentação será tratada e conservada antes de ficar disponível para consulta pública, segundo a Gulbenkian.
Salette Tavares participou no movimento de poesia experimental portuguesa, lecionou Estética na Sociedade Nacional de Belas Artes e integrou a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).
Licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Lisboa, a autora aprofundou estudos em França e Itália com bolsa da Gulbenkian, tendo colaborado com artistas como Paula Rego e Menez.
Salette Tavares esteve envolvida nas manifestações artísticas dos anos 1960 e 1970, tendo participado, em 1965, no primeiro happening em Portugal, o Concerto e Audição Pictórica, recitando Ode à Crítica, realizado na Galeria Divulgação, com Jorge Peixinho, Melo e Castro, Mário Falcão, Clotilde Rosa e Manuel Baptista, entre outros.
A artista presidiu à secção portuguesa da AICA até 1977. Em 1979, a Galeria Quadrum organizou uma retrospetiva da sua poesia visual, consolidando o seu impacto na arte portuguesa.
Em 1992, foi editada toda a sua produção poética com a obra "Poesia 1957-1971", e, em 2014, o CAM dedicou-lhe a exposição Poesia Espacial=Spatial Poetry.
No centenário do seu nascimento, em 2022, a Universidade Fernando Pessoa organizou um colóquio sobre a sua obra poética, pedagógica e artística.
Fonte: LUSA | 20 de fevereiro de 2025