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"Nem Todas as Árvores Morrem de Pé" marca a estreia fulgurante de Luísa Sobral na ficção
É um dos livros mais falados do momento, o que assinala a estreia de Luísa Sobral na ficção, a história de duas mulheres unidas pela desilusão e pelos cinquenta anos mais tristes da história da Alemanha.
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Emmi, que nasceu pouco antes de Hitler ascender ao poder na Alemanha, perde o pai na guerra e tem uma adolescência difícil, trabalhando desde muito cedo para ajudar em casa. É num bar aonde vai com os amigos depois do trabalho que conhece Markus, um homem de Berlim Leste que lhe escreve cartas maravilhosas e por quem se apaixona perdidamente.
Apesar de a mãe torcer o nariz ao seu casamento num momento em que a Guerra Fria está ao rubro, a irmã apoia-a, e Emmi acaba por ir viver com Mischa, como lhe chama, para a RDA. Inicialmente, tudo corre bem, mas, depois de o Muro de Berlim ser erguido, a separação da família e a chegada de uma carta anónima deixam-na na mais profunda depressão.
M. nasce após a divisão das duas Alemanhas e é o fruto perfeito do socialismo: com uma mãe ausente e educada por uma ama que adora plantas, M. idolatra o pai, desconhecendo por completo o mundo ocidental e crescendo ao sabor de uma realidade distorcida.
Até que um dia, ao ouvir o testemunho chocante de uma rapariga, descobre que, afinal, não é só o Muro que tem um outro lado.
“Desenvolvi ao longo de quinze anos, devido à minha profissão, uma grande capacidade de me intrometer na vida dos outros, roubando-lhes as histórias com a perícia dos carteiristas do elétrico 28, sem que deem por isso.
Os meus amigos consideram-me uma boa ouvinte porque memorizo cada detalhe daquilo que me é contado. Os que lerem este livro, ou pelo menos o prefácio, vão descobrir neste preciso instante que ouço por amizade, mas guardo por profissão. Sei que todos os escritores o fazem, uns mais descaradamente do que outros, mas na minha opinião nada consegue ser mais inspirador do que a vida real.
Tenho alguns amigos, nomeadamente os mais ligados às artes, que, além de partilharem comigo as suas vidas, partilham histórias de outros, poemas, livros, artigos ou qualquer outra fonte que me possa servir de ponto de partida para uma nova canção. Este livro nasceu assim.
Em maio de 2021 recebi uma mensagem de WhatsApp de uma amiga que dizia «Esta história é incrível»; na mensagem seguinte vinha uma ligação para uma página de notícias de Vila Real. É perigoso apresentar uma história como «incrível», é como aquelas pessoas que antes de contar um episódio dizem «vou contar-vos algo muito engraçado». Não sei quanto a vocês, mas eu nem desfruto daquilo que me está a ser narrado até chegar ao momento em que o meu riso é aguardado. Muitas vezes rio mesmo sem ter prestado bem atenção, só pelo facto de saber que isso é o esperado de quem ouve uma história «muito engraçada» até ao fim.
Bom, voltando à minha história não engraçada mas incrível, li o artigo e nessa mesma noite tive de o transformar numa canção.
A arte ajuda-me a digerir assuntos, a compreendê-los emocionalmente, a processá-los. Foi o que fiz com o desfecho da M. A grande diferença desta história para as outras, que se tornaram também elas canções, é que esta continuou a viver em mim depois de a canção estar terminada. A notícia contava-me o final da história, e o início? O que veio antes desse final? Como ninguém me soube responder, tive de ser eu a fazê-lo: a imaginá-lo, a escrevê-lo e a senti-lo até que se tornasse tão real como a notícia.
Grande demais para ser canção, acabou por se transformar num livro. Se é incrível? Não sei. Sei que é o meu primeiro romance, o que para mim já é um feito bastante incrível.”
Luísa Sobral é uma das cantautoras mais importantes no panorama musical português, tendo lançado vários álbuns em nome próprio: The Cherry on My Cake (2011), There’s A Flower In My Bedroom (2013), Lu-Pu-I-Pi-Sa-Pa (2014), Luísa (2016), Rosa (2018), Camomila (2021) e DanSando (2022).
Em 2020 estreia o podcast «O Avesso da Canção», no qual conversa com grandes nomes da música portuguesa sobre a arte da escrita de canções.
A sua faceta de compositora vai-se destacando ao longo dos anos, chegando a compor para artistas como Ana Moura, António Zambujo, Gisela João, Sara Correia, Mayra Andrade, entre muitos outros.
Em 2017, assina «Amar Pelos Dois», que entrega ao irmão Salvador Sobral para interpretar, levando Portugal a conquistar a sua primeira vitória de sempre na Eurovisão.
Enquanto produtora, colaborou com artistas como Elisa Rodrigues, Joana Alegre, Luís Trigacheiro ou Rogério Charraz.
Luísa Sobral publica em 2022 e 2024 os livros infantis Quando a Porta Fica Aberta e O Peso das Palavras.
Nem Todas as Árvores Morrem de Pé é o seu primeiro romance.
Literatura Lusófona
224 páginas
17,70 Euros
ISBN: 978-972-20-8490-1
1.ª Edição: Fevereiro 2025
Leya | Dom Quixote