Com um primeiro encontro que juntou o encenador Nuno Pino Custódio e cerca de meia centena de interessados, que responderam à chamada de voluntários realizada ao longo das últimas semanas, a reunião serviu para apresentações entre os envolvidos, bem como estabelecer um método de trabalho e os dias que em que terão lugar os ensaios. Para Nuno Custódio, com esta primeira conversa, “vamos começar já a desenhar a ideia de um grupo de trabalho, de criar um elenco, de criar participantes e colaboradores para um grande espetáculo comunitário como nós queremos que seja”, explica.

O espetáculo vai acontecer na noite de 24 de abril próximo, em local ainda a designar, no âmbito dos festejos da data em que uma coluna de viaturas com militares saídos de Santarém acabou por ter um papel decisivo no desenrolar dos acontecimentos, sob a liderança do então capitão Fernando Salgueiro Maia.

Nuno Pino Custódio conta que neste espetáculo comemorativo do 25 de abril “também é importante um olhar singular sobre um projeto que é de todos”, onde “a minha abordagem será muito do tempo do teatro, onde vamos falar como rampa de lançamento sobre o Plano B”, que seria posto em prática caso os acontecimentos não tivessem de decorrido de acordo com os planos previamente delineados pelo militares revoltosos. Para o encenador, isso “será também um pretexto para falar mais sobre a cidade de Santarém, sendo que terá sempre uma perspetiva universal. O Plano B vai ser especulado e se a coisa não tivesse corrido bem?”, continua o encenador, acrescentando que “depois vai haver alguém que vai dizer que vai correr tudo bem, que o Plano A vai funcionar, e ao explicar o porquê, estamos a viver o 25 de Abril”.

Partindo desse principio, o encenador revela que “essa é a ideia mais macro tenho, depois há a minha metodologia e a minha estética que vão de alguma forma estar aqui também presentes. Penso que a singularidade é também algo que importa” ao permitir “todos os anos um olhar diferente sobre um património que é de todos”, considera ainda.

Nuno Pino Custódio nasceu em Lisboa, em 1969. Dramaturgo e investigador, é atualmente professor de Interpretação e dirigiu mais de 70 encenações, a maioria da sua própria autoria. Desde a década de 1990 que investiga uma metodologia de interpretação intitulada ‘Máscara’, sendo uma das principais referências em Portugal no campo da formação de actores, tendo sido igualmente investigador do Centro de Estudos de Teatro da FLUL, entre 1996 e 2000. Foi aluno de artistas apontados como principais referências do teatro mascarado no Ocidente, tendo ainda participado como assistente em Portugal neste tipo de espetáculos. Tem colaborado com diversas companhias ou festivais de artes, escolas profissionais ou universidades, como a Faculdade de Letras de Lisboa e a Universidade de Évora. Em 2004, fundou a companhia que ainda hoje dirige, a ESTE – Estação Teatral da Beira Interior. Tem sido ainda professor regular, desde 2010, na ACE – Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto, e na ACT – Escola de Actores, em Lisboa. Dirige também o ciclo de oficinas ‘O actor e a neutralidade’, ‘O actor-criador’ e ’A Commedia dell´Arte: Hoje!’, apresentando igualmente criações e formações em Portugal e no estrangeiro, onde procura consubstanciar a prática artística com a investigação a que se tem dedicado. Ao longo dos anos colaborou com companhias como o Teatro Meridional, o Teatro O Bando, a Companhia do Chapitô, O Teatrão, FC – Produções Teatrais/Casa da Comédia ou o Teatro Oficina. O seu trabalho já foi mostrado em Espanha, Alemanha, Bélgica, Noruega, Cabo Verde, Moçambique e Brasil.