Desde o seu lançamento em 2013, este programa tornou-se uma iniciativa líder da sociedade civil para a salvaguarda do património europeu em perigo, atuando como catalisador para reunir apoios públicos e privados, incluindo financiamento.

Estes são os 14 monumentos e sítios mais ameaçados na Europa pré-selecionados para 2025: 

• Igreja e Convento dos Paulistas em Lisboa, PORTUGAL
• Mosteiro e Povoação de Arakelots, ARMÉNIA
• Estação Ferroviária de Mixnitz-Bärenschützklamm, ÁUSTRIA
• Mansão de Ferro de Ath, BÉLGICA
• Castelo de Nyborg, DINAMARCA
• Igreja de Santo Estevo de Pousada, ESPANHA
• Castelo de Monemvasia, GRÉCIA
• Blower Hall, Esch-sur-Alzette, LUXEMBURGO
• Teatro Nacional, Oslo, NORUEGA
• Pontes Ferroviárias e Aterro de Baardwijkse Overlaat, PAÍSES BAIXOS
• Sinagoga de Orla, POLÓNIA
• Jardins da Torre de Vitória, Londres, REINO UNIDO
• Complexo Modernista Generalštab em Belgrado, SÉRVIA
• Complexo de Piscinas Valhalla, Gotemburgo, SUÉCIA 

Os 14 monumentos e sítios em perigo, oriundos de 14 países europeus, foram selecionados por um Painel Consultivo composto por peritos em história, arqueologia, arquitetura, análise de projetos e finanças. As candidaturas dos sítios ao Programa “Os 7 Mais Ameaçados” foram feitas ou apoiadas por membros da Europa Nostra, bem como por membros da Aliança Europeia do Património.

Os 14 monumentos e sítios foram selecionados tendo em conta o seu notável valor patrimonial e cultural, bem como a grave situação de risco em que se encontram. O envolvimento de vários atores públicos e privados e o empenho das comunidades locais em resgatar esses monumentos também foram considerados essenciais. Outro critério importante foi o potencial desses sítios para servir como recurso e motor do desenvolvimento sustentável da região onde estão localizados.



O Presidente Executivo da Europa Nostra, Prof. Dr. Hermann Parzinger, afirmou: “Desenvolvimento inadequado, demolição, falta de financiamento ou negligência são as principais ameaças a estes monumentos e sítios. Apoiamos firmemente os activistas e as comunidades que estão fortemente empenhados em salvá-los. Todos temos a responsabilidade de preservar e valorizar os tesouros culturais da Europa. O nosso património é fundamental para a construção de um futuro mais pacífico, coeso e sustentável”.

A Diretora do Instituto do Banco Europeu de Investimento, Shiva Dustdar, declarou: “A identidade, a atratividade e o crescimento económico da Europa estão profundamente enraizados no nosso património cultural. Esta lista recorda-nos a fragilidade do nosso património. Através da nossa parceria com a Europa Nostra, o Instituto do Banco Europeu de Investimento amplifica os esforços das comunidades locais em toda a Europa. Estas comunidades reconhecem que a preservação do património cultural pode ajudá-las a enfrentar outros desafios prementes. Estamos ansiosos por ver estes sítios protegidos e restaurados para as gerações futuras”.

A lista final dos 7 monumentos e sítios mais ameaçados na Europa para 2025 será revelada em abril.



Igreja e Convento dos Paulistas em Lisboa, Portugal

A Igreja e o Convento dos Paulistas, em Lisboa, constituem um magnífico exemplo de arquitetura religiosa barroca do século XVIII. A forma como este complexo monástico se insere no tecido urbano do centro histórico da cidade testemunha o génio de arquitetos, pedreiros e urbanistas. Construídos numa encosta íngreme de Lisboa, a Calçada do Combro, próximo do Chiado, a Igreja e o Convento dos Paulistas estão classificados como Monumento Nacional desde 1918.

Altares de talha dourada dos séculos XVII e XVIII encontram-se no transepto e nas capelas laterais da igreja. Destacam-se o órgão do século XVII em talha dourada, bem como as pinturas a óleo sobre tela retratando Santos da Ordem de São Paulo da Serra d'Ossa, atribuídas aos pintores portugueses Bento Coelho da Silveira e André Gonçalves. Na capela-mor, destaca-se o retábulo em talha dourada do entalhador português Santos Pacheco de Lima. A igreja apresenta ainda com uma rica decoração em estuque da autoria do artista italiano Giovanni Grossi.

Apesar do seu importante valor histórico, arquitetónico e artístico, o complexo monástico necessita de urgentes obras de reabilitação e restauro. O telhado da igreja encontra-se em muito mau estado de conservação, devido a inúmeras infiltrações de água, com a consequente queda de partes do estuque que cobre o teto da nave. O cadeiral barroco do coro-alto, o órgão em talha dourada e as várias telas in situ, a maior parte dos séculos XVII e XVIII, estão em rápida degradação. Os frescos do teto da portaria conventual estão também muito danificados. A fachada principal, flanqueada por duas torres sineiras, apresenta várias rachas onde vão crescendo plantas invasoras.

A Igreja e o Convento dos Paulistas são propriedade do Estado Português – Ministério das Finanças (Direcção-Geral do Tesouro e Finanças). As obras de restauro e reabilitação do complexo monástico foram prometidas várias vezes, nos últimos 20 anos, mas até agora com poucos efeitos práticos, e isto apesar da localização central e dos muitos visitantes do monumento.

É, por isso, fundamental que o proprietário e todos os intervenientes relevantes – o Ministério das Finanças, o  Ministério da Cultura, a Câmara Municipal de Lisboa, a Paróquia de Santa Catarina e das Mercês, a Igreja Católica e as associações culturais e da sociedade civil –, em conjunto, debatam o que pode ser feito e elaborem um plano de restauro com prioridades claramente definidas. Foi com este objetivo que a associação da sociedade civil Fórum Cidadania Lx candidatou o Convento e a Igreja dos Paulistas ao Programa “Os 7 Mais Ameaçados”.

O Comité Consultivo desse programa comentou: “A Igreja e o Convento dos Paulistas em Lisboa, classificados como Monumento Nacional em 1918, constituem um importante marco histórico. Apesar da sua degradação, continua a ser um magnífico exemplo de arquitectura religiosa e planeamento urbano. No entanto, o edifício necessita urgentemente de ser restaurado, devido aos graves danos causados pela água que afetam a estrutura, as pinturas e outros elementos artísticos. É, por isso, crucial que se intervenha rapidamente para que este valioso património possa ser salvaguardado.”

Dado o seu valor histórico, arquitetónico e artístico, bem como sua localização estratégica no coração de Lisboa, o restauro da Igreja e Convento dos Paulistas traria evidentes benefícios culturais, sociais e económicos.



Programa “Os 7 Mais Ameaçados”

O Programa “Os 7 Mais Ameaçados” faz parte de uma campanha da sociedade civil para salvar o património europeu em perigo. Aumenta a sensibilização, prepara avaliações independentes e propõe recomendações de ação. Além disso, concede uma subvenção de €10,000 euros por cada sítio inscrito na lista final dos “7 Mais Ameaçados” para ajudar a implementar uma atividade que contribuirá para salvar o sítio ameaçado.

Lançado em 2013, este programa inovador é gerido pela Europa Nostra em parceria com o Instituto do Banco Europeu de Investimento (BEI). Conta também com o apoio do programa Europa Criativa da União Europeia.

Para assinalar o 10.º aniversário do Programa “Os 7 Mais Ameaçados” em 2023, o BEI lançou a brochura “Salvar o Passado - Preparar o Futuro”, que destaca algumas das histórias de sucesso do programa.

Desde o lançamento do programa, foram selecionados 63 monumentos e sítios ameaçados (de castelos a pontes, fábricas e igrejas) de 31 países da Europa. Além disso, em 2016, a Lagoa de Veneza, em Itália foi declarada como o património mais ameaçado da Europa; e, em 2022, o Conselho de Administração da Europa Nostra declarou o rico e diversificado património da Ucrânia como o património mais ameaçado de toda a Europa.

Portugal foi contemplado por este programa em duas edições, com o Convento de Jesus em Setúbal e os Carrilhões da Basílica do Palácio Nacional de Mafra, que foram inscritos nas listas dos “7 Mais Ameaçados” de 2013 e 2014 respetivamente.

Europa Nostra

A Europa Nostra é a federação pan-europeia de organizações não governamentais ligadas ao património, que conta com o apoio de organismos públicos, empresas privadas e indivíduos, abrangendo mais de 40 países. É a mais representativa rede de defesa e promoção do património na Europa, mantendo relações estreitas com a União Europeia, o Conselho da Europa, a UNESCO e outros organismos internacionais. Fundada em 1963, a Europa Nostra celebrou o seu 60.º aniversário em 2023.

A Europa Nostra faz campanhas para salvar os monumentos, sítios e paisagens europeus em risco, nomeadamente através do Programa “Os 7 Mais Ameaçados”. Celebra e promove a excelência através dos Prémios Europeus do Património / Prémios Europa Nostra. Também contribui para a definição e implementação de estratégias e políticas europeias relacionadas com o património, através de um diálogo participativo com as instituições europeias e da coordenação da Aliança Europeia do Património.

Europa Nostra lidera o consórcio europeu selecionado pela Comissão Europeia para gerir o projeto piloto do Hub Europeu do Património (2023-2025). É também parceira da iniciativa New European Bauhaus, desenvolvida pela Comissão Europeia, e um dos principais membros e apoiantes europeus do Climate Heritage Network.

Instituto do Banco Europeu de Investimento

O Instituto do Banco Europeu de Investimento (Instituto BEI) faz parte do Grupo BEI (Banco Europeu de Investimento e Fundo Europeu de Investimento) para promover e apoiar iniciativas sociais, culturais e académicas envolvendo partes interessadas e o público em geral. É um pilar fundamental do empenhamento do Grupo BEI na comunidade e na cidadania.

Europa Criativa

Europa Criativa é o programa da UE que apoia os setores cultural e criativo, permitindo-lhes aumentar o seu contributo para a sociedade, a economia e a identidade europeias. Com um orçamento de 2,4 mil milhões de euros para 2021-2027, apoia organizações nos domínios do património, das artes performativas, das artes plásticas, das artes interdisciplinares, da edição, do cinema, da televisão, da música e dos jogos de vídeo, bem como dezenas de milhares de artistas e profissionais da cultura e do audiovisual.