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Francisco Mota Saraiva é o vencedor do Prémio Literário Saramago 2024
O livro “Morramos ao menos no porto” do autor português sucede ao livro “Dor Fantasma” do escritor brasileiro Rafael Gallo que venceu em 2022. O prémio tem o valor de 40 mil euros e prevê a publicação do livro pela Porto Editora em Portugal e pela Globo Livros, no Brasil.
O livro “Morramos ao menos no porto”, do autor português Francisco Mota Saraiva, é o vencedor da 13.ª edição do Prémio Literário José Saramago 2024.
Nos 25 anos do prémio, atribuído de dois em dois anos, a distinção foi para o autor português que, em 2023, venceu também o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís com o livro "Aqui Onde Canto e Ardo".
Depois de em 2022 o Prémio Saramago ter sido entregue ao escritor brasileiro Rafael Gallo, com o livro "Dor Fantasma" (ed. Porto Editora), este ano o júri distinguiu o Francisco Mota Saraiva, nascido em Coimbra e licenciado em Direito.
Promovido pela Fundação Círculo de Leitores, com os apoios da Fundação José Saramago, da Porto Editora, da Globo Livros e da Delta, o galardão prevê um prémio no valor de 40 mil euros e a edição do livro em 2025 pela Porto Editora em Portugal, e pela Globo Livros, no Brasil.
No grande auditório do Centro Cultural de Belém, onde estiveram presentes os jurados e escritores Adriana Lisboa e Paulo José Miranda, vencedores do prémio, Pilar del Río, em representação da Fundação José Saramago, Guilhermina Gomes, presidente do júri, em representação da Fundação Círculo de Leitores, e Lídia Jorge, membro honorário foi feito o elogio do livro.
A brasileira Adriana Lisboa destacou o facto de o livro possuir “uma qualidade quase musical” e “um estilo muito próprio, quase um idioma particular”, que constroem “um romance impiedoso" e "corajoso”.
Nas palavras da vencedora do Prémio José Saramago em 2003, “Morramos ao menos no porto” é um “livro de sombras, num mundo de tantos holofotes” como o de hoje. Adriana Lisboa explicou que o título é “emprestado de uma frase de Séneca”.
“Estamos diante de um mundo onde paira uma neblina como se andássemos numa floresta à noite, ou numa nau em alto mar”, disse a membro do júri.
Segundo Adriana Lisboa, há um “jogo entre o que se revela e o que esconde”, neste livro onde “as personagens parecem à deriva”. “É um romance impiedoso”, rematou a autora brasileira que acrescentou estarmos perante um livro que “se calhar é sobre contradições”.
Quando subiu ao palco, o vencedor trazia o discurso preparado. Francisco Mota Saraiva fez um elogio da leitura. Começando por dizer que “hoje há mais medo” no mundo, o autor apontou o clima de “penumbra” que se vive e questionou: “como podemos ler sob os bombardeamentos de Gaza” ou numa era em que há quem não leia e incentive ao “fanatismo”.
“O lugar da leitura deve ser um lugar feliz” afirmou Francisco Mota Saraiva que apontou que “não podemos dizer que os livros salvam”. Mas ao autor, o ato da leitura foi muitas vezes tábua de salvação.
“Nunca deixei de ser essa criança que afasta o medo com a leitura. O ato de leitura tem em si a generosidade de um grito e uma mão que cala o medo”, declarou o escritor perante uma plateia cheia de alunos do secundário a quem pediu “leiam sempre”.
Francisco Mota Saraiva terminou agradecendo aos “bons livros, lugares de resistência” e que nas palavras do escritor “eliminam a escuridão”.
Esta edição contou com centenas de candidaturas de todos os países de expressão portuguesa. O Prémio Literário Saramago distingue autores até 40 anos, de países lusófonos e destina-se a obras de ficção, romance ou novela, escritos em língua portuguesa.
por Maria João Costa in Renascença | 19 de novembro de 2024
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença