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Prémio LeYa 2024 atribuído ao romance "Pés de Barro" de Nuno Miguel Silva Duarte
O júri do Prémio LeYa, terminadas as reuniões que tiveram lugar entre os dias 4 e 6 de novembro, decidiu atribuir o Prémio LeYa 2024, por maioria, ao romance Pés de Barro, do português Nuno Miguel Silva Duarte.
Está pois de parabéns Nuno Miguel Silva Duarte, que assim sucede ao brasileiro Victor Vidal, vencedor da edição do ano passado, com Não há Pássaros Aqui.
A deliberação do júri
Pés de Barro tem como pano de fundo a construção da primeira ponte sobre o Tejo, em Lisboa, e dá-nos um retrato do Portugal dos anos sessenta. Por um lado, a formação de um exército proletário para a construção da ponte, por outro as primeiras partidas do exército para a guerra colonial.
Obra que atualiza a tradição do romance político-social, Pés de Barro polariza o seu realismo histórico no quotidiano de um pátio em Alcântara e nas razões de viver dos que nele se acolhem. Através de movimentos com diferentes horizontes de sentido para concretizar esse signo de logro de desastre em que a ponte se contruiu, Pés de Barro encaminha-se para o anúncio metafórico do 25 de Abril.
Sobre o autor
Nuno Miguel Silva Duarte nasceu em Sintra. É publicitário há quase trinta anos e talvez escritor nas horas vagas.
Júri
O júri do Prémio LeYa, presidido por Manuel Alegre, é constituído por José Carlos Seabra Pereira, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Portugal), Isabel Lucas, jornalista e crítica literária (Portugal) Lourenço do Rosário, antigo Reitor da Universidade Politécnica de Maputo (Moçambique), Ana Paula Tavares, poeta e historiadora (Angola) e Josélia Aguiar, jornalista e historiadora (Brasil).
Sobre o Prémio LeYa
Com características únicas pela sua especificidade, o Prémio LeYa foi criado em 2008 com o objetivo de distinguir um romance inédito escrito em língua portuguesa. Com o valor de 50 mil euros, é o maior prémio literário para romances inéditos. Ao longo de todo o processo de leitura e avaliação, a autoria dos romances é desconhecida. O título do livro vencedor, e respetivo autor, selado num sobrescrito, apenas é conhecido depois de tomada a decisão do júri. O Prémio LeYa, cumprindo um dos objetivos que esteve na base da sua criação, tem possibilitado à LeYa a descoberta de novos autores e a sua promoção nacional e internacional.
O Prémio LeYa já consagrou 13 romances e permitiu a publicação de 39 inéditos.
Desde que foi criado, em 2008, esta foi a edição mais concorrida de sempre do Prémio LeYa. Foram recebidos 1123 originais, provenientes de 15 países, assim distribuídos: Alemanha (4), Angola (15), Austrália (1), Bélgica (2), Brasil (708), Cabo Verde (5), Espanha (3), EUA (3), França (4), Guiné-Bissau (1), Itália (3), Moçambique (19), Portugal (350), Reino Unido (2) e Suíça (3). Esta foi a segunda vez que a submissão de originais a concurso foi exclusivamente feita através de uma plataforma digital criada para esse efeito.
Dos 1123 candidatos, foram selecionados 8 finalistas.
Anteriores vencedores
O Rastro do Jaguar, Murilo Carvalho – 2008
O Olho de Hertzog, João Paulo Borges Coelho – 2009
O Teu Rosto Será o Último, João Ricardo Pedro – 2011
Debaixo de Algum Céu, Nuno Camarneiro – 2012
Uma Outra Voz, Gabriela Ruivo Trindade – 2013
O Meu Irmão, Afonso Reis Cabral – 2014
O Coro dos Defuntos, António Tavares – 2015
Os Loucos da Rua Mazur, João Pinto Coelho – 2017
Torto Arado, Itamar Vieira Junior – 2018
As Pessoas Invisíveis, José Carlos Barros – 2021
A Arte de Driblar Destinos, Celso Costa – 2022
Não há Pássaros Aqui, Victor Vidal – 2023
Em 2010, 2016 e 2019 o júri entendeu não atribuir o Prémio LeYa, por entender que nenhum dos candidatos correspondeu “à importância e ao prestígio” do prémio, e em 2020 o concurso foi suspenso devido à epidemia da COVID-19.