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Peça "Urgência Climática" em estreia para trazer ao de cima importância de agir

Urgência Climática resulta da "perplexidade" da companhia Hotel Europa "com o que está a acontecer no mundo".

© Leonardo Negrão

O espetáculo Urgência Climática, de André Amálio e Tereza Havlícková, vai estar em estreia no Teatro São Luiz, em Lisboa, esta terça-feira, centrado em cinco jovens ativistas pelo clima e nas suas experiências pessoais.

Criado por André Amálio e Tereza Havlícková, responsáveis pela dramaturgia e pelo movimento, respetivamente, Urgência Climática é uma criação conjunta com os ativistas Andreia Galvão, João Oliveira, Matilde Graça, Yolanda Santos e Vicente Silvestre, que assina a música e a interpreta.

Produzido pela Hotel Europa, companhia dirigida por André Amálio e Tereza Havlícková que se tem dedicado ao teatro documental, sobre momentos históricos, esta peça resulta da intenção do coletivo de "entrar na temática dos crimes ambientais e das alterações climáticas", seguindo os passos do espetáculo "Mina", de 2022.

Urgência Climática resulta da "perplexidade" da companhia "com o que está a acontecer no mundo", explicou André Amálio no final de um ensaio da peça.

O espetáculo começa com uma imagem de mar em fundo perante o som da música elaborada e tocada por Vicente Silvestre, enquanto Andreia Galvão vai proferindo uns sons em jeito de grito de alerta até que os restantes ativistas cheguem ao palco.

O cenário completa-se com cordas penduradas ao teto do palco manuseadas ao longo da peça pelos intérpretes.

"Os cientistas estão a falar disto [urgência climática] há muito tempo, esta questão não é nova e nada está a acontecer e por isso mesmo achámos que tínhamos de falar sobre isto", referiu André Amálio, sublinhando que o que lhes interessava era "o ponto de vista dos ativistas".

"O ponto de vista das pessoas que deixam a vida mais confortável ou a sua vida mais quotidiana para se colocarem em situações de risco, para interromperem estradas, para irem para a frente de fábricas, à frente de entidades poluidoras, para fazerem protestos com políticos", acrescentou o responsável pela dramaturgia.

Para concretizarem o espetáculo, estiveram durante ano e meio em várias zonas de Portugal - do Algarve ao Alentejo, Lisboa, Coimbra, Norte, em algumas ilhas dos Açores, em Itália e até na República Checa - onde entrevistaram vários ativistas ambientais.

Como o que interessava aos criadores não era pôr em palco apenas intérpretes, fizeram uma audição em que procuravam bailarinos, atores e músicos que também fossem ativistas climáticos.

Sem qualquer texto de partida, como é hábito nos espetáculos da Hotel Europa, Urgência Climática foi construída também sobre os momentos de dúvida ou de fraqueza, ou mesmo de esgotamento dos ativistas-intérpretes.

Questionado sobre o que pretendem com este espetáculo, André Amálio sorriu: "Esperamos que todas as pessoas se juntem à Climaximo, à greve climática estudantil, que entrem em contacto com os Red Rebels, que vão falar com a Extinction Rebellion, que contactem todas estas pessoas no Instagram e lhes perguntem como é que também se podem tornar ativistas."

"Isto está nas nossas mãos", frisou, acrescentando esperar que quem assista ao espetáculo perceba que "esse poder é nosso e somos nós que temos de o conquistar".

Com cenografia e figurinos de Ana Paula Rocha e direção técnica e desenho de luz de Joaquim Madail, Urgência Climática é uma produção de Hotel Europa com o São Luiz Teatro Municipal, Teatro Académico Gil Vicente, Teatro Viriato, Lavrar O Mar e Anda&Fala.

No São Luiz, vai estar em cena na sala Luis Miguel Cintra até dia 27, numa sessão com audiodescrição e interpretação em Língua Gestual Portuguesa. Tem récitas de terça-feira a sábado, às 20:00, e, ao domingo, às 17:30.

No final da sessão de dia 24, haverá uma conversa com o público com elenco, criadores e com a escritora e dramaturga Joana Bértholo como convidada.

Dia 22 de novembro, o espetáculo estará em cena no Teatro Viriato, em Viseu.

A 22 de março de 2025, pode ser visto no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, e a 5 e 6 de julho no espaço Lavrar o Mar, no Teatro de Palha, em Aljezur.


por Diário de Notícias/Lusa | 21 de outubro de 2024
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias
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