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Escavações arqueológicas na Casa da Medusa em Alter do Chão resultaram em novas descobertas

Os trabalhos arqueológicos na Casa da Medusa, em Alter do Chão, no distrito de Portalegre, terminaram este mês com a descoberta de mais compartimentos associados às termas, uma fornalha e três sepulturas.

O projeto, que teve início em 2022 com a descoberta de um edifício termal romano, envolveu a colaboração de cerca de uma centena de voluntários (estudantes e professores), oriundos de várias instituições de ensino de Portugal, Espanha, Itália e Brasil.

O arqueólogo da Câmara de Alter do Chão, Jorge António explicou que nesta fase da campanha, que teve início em 01 de julho, descobriram no segundo edifício termal da Casa da Medusa “mais compartimentos” associados às termas, pavimentos em mosaico “geométricos e figurativos”, nomeadamente no pavimento da piscina descoberta das termas, com “uma área bastante interessante”.

“As paredes das termas estão bem conservadas, temos cerca de um metro e meio de profundidade e com três degraus de acesso à piscina”, acrescentou.

De acordo com o arqueólogo, este ano escavaram também uma fornalha (forno onde colocavam a lenha), que aquecia toda a área das termas e descobriram três sepulturas em mármore, que devem remontar ao século V ou século VI.

“As sepulturas tinham sido violadas, não tinham tampa, encontrámos alguns fragmentos de osso e alguns dentes, mas não tinham enterramento conservado”, disse.

Jorge António considera que esta campanha foi bastante alargada em termos temporais, mas que terminou com “excelentes resultados”.

“Para nossa surpresa, temos de cada lado da Casa da Medusa um edifício termal e agora as questões que se colocam é saber se estas termas são públicas ou privadas, se cada uma destas termas era pertença de uma casa e, se assim for, estaremos a falar de uma zona aristocrata de “Abelterium” (cidade romana)”.

Jorge António acrescentou ainda que, após a interrupção nos trabalhos de campo, é agora altura de fazer o tratamento de material no laboratório de arqueologia, seguindo-se um trabalho de classificação e inventariação.

Os trabalhos de campo (escavação, crivagem de terras, registo fotográfico, gráfico e topográfico) e de laboratório (lavagem, colagem, inventariação e classificação de material) “revelaram-se um sucesso”, segundo a câmara de Alter do Chão.

Numa nota publicada na página do município na rede social Facebook, esta intervenção foi “reveladora do riquíssimo património legado cultural romano existente” no subsolo daquela região.

Em maio de 2010, o município de Alter do Chão inaugurou o espaço das ruínas romanas de “Abelterium”, também conhecido por Estação Arqueológica de Ferragial d´El Rei, espaço classificado como Imóvel de Interesse Público, em 1982.

Esta estação arqueológica é propriedade do Estado e encontra-se sob a tutela da câmara.

Os primeiros vestígios arqueológicos foram descobertos em 1954, durante os trabalhos de construção do Campo de Futebol Municipal.

Desde essa data, as intervenções arqueológicas colocaram a descoberto parte de um edifício termal, uma casa romana e uma necrópole datada da Antiguidade Tardia.

Contudo, estas estruturas representam apenas uma pequena parte do aglomerado urbano de "Abelterium".

Apesar de não ser conhecida a data da sua fundação, nem o seu estatuto jurídico-administrativo, seria o centro aglutinador de um território polvilhado por uma intensa rede viária e por povoamento rural.


Fonte: LUSA | 11 de setembro de 2024

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