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Livro que reúne os últimos e mais pungentes contos de Jorge de Sena tem nova edição

Indignado, sarcástico e duro, Os Grão-Capitães  consubstancia, sob a capa da ficção, «algumas amargas experiências de vida lusitana», durante o Estado Novo, vistas por Jorge de Sena a partir do exilio no Brasil. 

Escritos entre 1961 e 1962, os contos reunidos neste livro retratam acções que decorrem entre 1928 e 1953 e apresentam-nos matéria «directa ou indirectamente» autobiográfica, segundo esclareceu Jorge de Sena no texto que prefacia a segunda edição da obra. Seis décadas depois, é tempo de lhe dar nova vida, numa edição Guerra e Paz que enriquece sobremaneira as Novas Edições de Jorge de Sena

Num tempo em que a Censura tudo proibia, Os Grão-Capitães é escrito com uma liberdade lexical e imagética que impressiona, seja pela crueza, seja pela liberalidade erótica. Numa nota que prefacia a segunda edição, de 1974, explica o autor que escreveu «estes contos na atmosfera de um Brasil livre, aonde me exilara em 1959; e escrevi-os sem pôr peias de nenhuma espécie a toda a amargura da vida que, em Portugal, a mim como a todos havia sido dada […] E é como crónica amarga e violenta dessa era de decomposição do mundo ocidental e desse tempo de uma tirania que castrava Portugal, que […] devem ser lidos.»

Outra marca diferenciadora dos textos que compõem a edição, é o seu carácter autobiográfico: Sena está mesmo em cada um deles. Na verdade, o «papagaio verde» foi dele, e não apenas do seu narrador, foi ele quem esteve a ponto de morrer em Penafiel, quem, «testemunha omitida», participou do strip-tease no «Bom Pastor» e quem ouviu a conversa do quartel e observou os manejos descritos em «Os Irmãos».

Esclarece o autor na mesma nota que a nova edição cita: «tudo aconteceu, ou terá acontecido, quase assim. Neste quase, porém, está toda a distância que vai das memórias à ficção – razão pela qual ninguém pode reconhecer-se, como eu também não, nos acontecimentos ou nas personagens. Se a matéria de Os Grão-Capitães é directa ou indirectamente autobiográfica –com que amargura às vezes –, a estrutura que lhe é dada é inteiramente ficção.»

Um livro que põe em evidência tudo o que em Jorge de Sena é escândalo, erudição, transcendência, emoção pura e universalidade, Os Grão-Capitães terá agora uma nova vida e sobretudo novos leitores. É esse o objectivo da Guerra e Paz que apresenta a obra, numa digníssima edição incluída nas «Novas Edições de Jorge de Sena». Entre os títulos de ficção, a colecção conta já com O Físico Prodigioso,  Andanças do DemónioNovas Andanças do Demónio e Sinais de Fogo.  

Os Grãos-Capitães
Jorge de Sena
Ficção / Romance
200 páginas · 15x23· 16 €
Nas livrarias a 24 de setembro de 2024
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