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Rutler, Davies, Jones, Ruiz, Ford e Gomes animam a rentrée da Cinemateca

Depois de dois meses em modo reduzido e com tempo para retemperar forças para um final de ano em alta velocidade, a programação de setembro faz-se com quatro retrospetivas (Monique Rutler, acompanhada por uma carta branca da realizadora, Terence Davies, William E. Jones e o início do fim da enorme retrospetiva que a Cinemateca tem vindo a dedicar a Raúl Ruiz) e uma edição das Histórias do Cinema dedicada a John Ford. 

Foto © Cinemateca

O início do mês é dedicado a Terence Davies. Falecido no final de 2023 foi um dos realizadores mais importantes do cinema britânico do final do século XX e início do século XXI, apesar de os seus filmes raramente terem recebido as boas graças do público. Uma oportunidade de aceder à obra de um autor raro, dono de um olhar muito pessoal e poético do realismo social britânico. 

Monique Rutler é a senhora que se segue. Prosseguindo na senda das retrospetivas dedicadas a autores portugueses, em setembro homenageamos Monique Rutler. Aluna da primeira turma da Escola de Cinema e membro das cooperativas Cinequipa e Cinequanon, onde montou e realizou vários filmes de cariz político, entre os quais o polémico O ABORTO NÃO É UM CRIME. Assinou ainda um punhado de longas, como JOGO DE MÃO, selecionado para o Festival de Veneza, e a montagem de obras fundamentais da História do cinema português, casos de AS ARMAS E O POVO ou FRANCISCA. A retrospetiva vem acompanhada por uma carta branca composta apenas por filmes realizados por mulheres. 

O final de setembro está reservado para outra das grandes retrospetivas do mês: William E. Jones. Organizada em colaboração com o Queer Lisboa, pretende mostrar o trabalho de um autor que tem utilizado materiais found footage para abordar inúmeras temáticas, desde o declínio do Midwest dos EUA à representação da homossexualidade masculina em universos tão distintos como a pornografia da Europa de Leste ou imagens de vigilância policial. 

Setembro é também o mês em que começa a despedida de uma das maiores retrospetivas do ano na Cinemateca. Falamos da que dedicámos a Raúl Ruiz, a maior até à data organizada em torno da obra do cineasta estrangeiro que mais filmou em Portugal. Se no início do ano o foco foram os filmes realizados em Portugal, no Chile e as primeiras obras no exílio francês, finalizamos esta monumental jornada, que se prolongará por outubro, com uma seleção de outros títulos que o realizador filmou um pouco por todo o mundo ao longo de seis décadas de carreira. 

Haverá ainda tempo para o regresso das Histórias do Cinema na semana de 23 a 27 de setembro. John Ford vai ser o realizador em destaque nesta rubrica da programação assente no binómio uma sessão de cinema e uma conferência diária ao longo de uma semana de intenso diálogo entre um especialista e o público da Cinemateca. O mestre de cerimónias será Tag Gallagher, autor da seminal biografia John Ford: The Man and His Films e um dos maiores estudiosos da obra de Ford. 

Um dia antes de chegar às salas de cinema e vindo diretamente de Cannes, onde conquistou o prémio de melhor realizador, GRAND TOUR, o mais recente filme de Miguel Gomes, terá a sua ante-estreia na Cinemateca, num mês em que iremos ainda regressar aos palcos da ópera, num punhado de sessões organizadas em colaboração com o Operafest, e dedicar mais um conjunto de sessões do ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?, com filmes de dois dos quatro eixos do ciclo dedicado aos 50 anos do 25 de Abril: Liberdade e Revolução.
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