O espaço museológico “tem o propósito de preservar e valorizar a história institucional, comunitária e cultural, promovendo um legado que reflete a riqueza do património nacional, enaltecendo a importância da união entre fé, cultura e memória histórica”, afirmou a provedora da instituição, Vanda Oliveira.

O museu, aberto de terça-feira a domingo mediante a compra de bilhete, foi inaugurado durante as comemorações dos 438 anos da instituição, após a conclusão das obras de requalificação da respetiva igreja e das instalações adjacentes.

Tratou-se de um investimento de 400 mil euros, financiado pelo Fundo Rainha Dona Leonor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pela União das Misericórdias Portuguesas (165 mil euros), pela Câmara Municipal da Lourinhã (90 mil euros) e por mecenas.

As obras permitem criar condições para expor ao público as pinturas quinhentistas, que estavam fechadas na igreja há mais 14 anos.

Da coleção de obras de arte, de arte sacra e do acervo documental da Misericórdia da Lourinhã destacam-se as pinturas a óleo sobre madeira "São João Baptista no Deserto" e "São João Evangelista em Patmos", do Mestre da Lourinhã, "São Jerónimo" e "Imaculada Conceição", de Lourenço de Salzedo, e "Santas Mães", "Santo André" e "São Tiago", de autor de desconhecido, todos do século XVI.

As pinturas estão desde meados do século XIX na Igreja da Misericórdia da Lourinhã, no distrito de Lisboa.

Antes das obras, segundo os especialistas, as pinturas quinhentistas não se encontravam nas melhores condições de preservação, por as instalações não terem equipamentos de controlo de humidade e de temperatura.

Proprietária das obras, a Santa Casa da Misericórdia, por dificuldades financeiras, procurava há pelo menos 20 anos uma solução que melhorasse as condições de exposição e de visitação, em conjunto com a Câmara Municipal.

O Mestre da Lourinhã, cuja identidade não foi ainda possível determinar, mas que se presume poder associar-se ao também iluminador Álvaro Pires, foi um pintor que trabalhou na primeira metade do século XVI e que revelou influências da "escola ganto-brugense" e, por essa via, de pintores flamengos.

Trabalhou para o rei Manuel I e para outros mecenas, por isso existem pinturas suas em diversas instituições do país, como o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, e a Sé do Funchal, na Madeira, cujo retábulo tem a sua coautoria.

Lourenço de Salzedo, pintor de origem espanhola, viveu em Portugal na segunda metade do século XVI e, entre várias pinturas, é autor do retábulo da capela-mor do Mosteiro dos Jerónimos.

Fonte: LUSA | 7 de agosto de 2024