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"O Misantropo" e quatro espetáculos do Alkantara na rentrée do D. Maria II
Teatro nacional cumpre o último quadrimestre do ano em itinerância pelo país e por Lisboa. Reabertura do edifício do Rossio, que deveria acontecer já em 2025, está adiada.
Forçado a manter-se fechado até 2026 devido às demoras e aos “imprevistos” nas obras financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), como ficou a saber-se no final da semana passada, o Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII) anunciou a sua programação itinerante para os últimos quatro meses deste ano. Dela constam a reposição de O Misantropo – por Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares a partir Molière, que assim se estreará em Lisboa após uma longa digressão nacional, a habitual parceria outonal com o Alkantara Festival e vários espetáculos em diferentes pontos do país e em co-produção com outras companhias.
Aquela que deveria ser a última tranche de programação do D. Maria antes da reabertura inicialmente prevista para 2025 será afinal mais um compasso de espera. O adiamento da reabertura do edifício da Praça do Rossio obrigará a instituição dirigida por Pedro Penim a prolongar a operação de descentralização do trabalho deste teatro nacional com sede em Lisboa. Mas a cidade receberá diversos espetáculos programados pelo TNDMII para o último quadrimestre do ano, nomeadamente O Misantropo – por Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares a partir Molière, que esteve em digressão em 2023 e ainda não tinha passado pela capital. Estará no Teatro Tivoli BBVA entre 22 e 28 de novembro; com encenação de Mónica Garnel, é protagonizado por Ana Guiomar, Inês Vaz, Joana Bernardo, João Vicente, José Neves, Manuel Coelho, Manuel Moreira e Mário Coelho.
No mesmo mês, a parceria com o Alkantara Festival vai traduzir-se na “co-apresentação de quatro espetáculos” — Cartas do Fogo, de Ellen Pirá Wassu, Ritó Natálio e Uýra Sodoma (29 e 30 de novembro, na Casa da América Latina); Querida Laila, de Basel Zaraa (de 22 a 30 de novembro, no Palácio das Galveias); Mike, com criação e interpretação de Dana Michel (de 28 a 30 de novembro, no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia); e O corpo está aqui: Fora de campo, de Alia Hamdan, ainda com data a anunciar.
Já perto do fim do ano, entre 5 e 8 de dezembro, estreia-se no Teatro do Bairro Alto Uma peça para quem vive em tempo de extinção, no Teatro do Bairro Alto, também em Lisboa. Com texto de Miranda Rose Hall, o espetáculo é um original da encenadora inglesa Katie Mitchell precisamente “pensado para ser apresentado em vários países, com recursos e equipas locais, sem a deslocação de pessoas ou objetos” — assim cumprindo as regras do projeto europeu Sustainable Theatre Alliance for a Green Environmental Shift (STAGES), financiado pela União Europeia. A recriação portuguesa ficou a cargo de Ana Tang e Guilherme Gomes.
Fora de Lisboa, o D. Maria II montará pelo país récitas de espetáculos como Luta Armada, de André Amálio e Tereza Havlí?ková, da companhia Hotel Europa, Onde é a guerra?, projeto de Catarina Requeijo integrado no projeto Boca Aberta e destinado ao público infantil (12 de outubro no Teatro Diogo Bernardes em Ponte de Lima), Diário de uma República II, de Fernando Giestas, pela Amarelo Silvestre (28 de setembro no Teatro-Cinema de Ponte de Sor e a 30 de novembro no Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal) ou Terminal — O Estado do Mundo, de Inês Barahona e Miguel Fragata, pela Formiga Atómica (5 de outubro na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré).
Haverá ainda 25 de Abril de 1974, de Jorge Andrade, numa produção da mala voadora (19 de outubro no Pavilhão Multiusos da Aldeia Social da Misericórdia, em Borba), Quis saber quem sou – Um concerto teatral, de Pedro Penim (que já dia 8 de Agosto passa pelo Festival Bons Sons, em Tomar, e a 9 e 16 de novembro estará, respetivamente, no Theatro Circo de Braga e no Convento de São Francisco de Coimbra), As Castro, de Raquel Castro (23 e 30 de novembro no Centro de Artes do Espetáculo de Portalegre e no Teatro das Figuras, em Faro), e Guião para um país possível, de Sara Barros Leitão (11 de outubro no Cine-teatro São Pedro, de Alcanena, e 18 de outubro na Casa das Artes de Miranda do Corvo).
No Museu Nacional do Teatro e da Dança manter-se-á até 29 de dezembro a exposição Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país. E uma parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian na área da arte participativa viabilizará projetos em seis concelhos: Évora, Funchal, Lamego, Loulé, Ponta Delgada e São João da Madeira. O corolário desta colaboração será uma conferência sobre democracia cultural, a ter lugar na Gulbenkian em outubro.
O D. Maria II está fechado desde 2023 para obras de requalificação e a sua reabertura, inicialmente anunciada para o primeiro trimestre de 2025, só acontecerá em 2026, como confirmou na semana passada a administração do teatro. “A complexidade de uma obra desta envergadura, num edifício histórico classificado como monumento nacional, acarreta o risco de ocorrência de imprevistos e trabalhos complementares, pelo que se estima agora a reabertura do teatro ao público no início de 2026”, adiantou a instituição em comunicado.
por Joana Amaral Cardoso in Público | 29 de julho de 2024
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público