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Três novas jóias de D. Maria Pia expostas no Museu do Tesouro Real
Foram compradas pelo Estado por 66 mil euros. O conjunto de dois colares e brincos e uma pulseira de ouro, safiras e diamantes foi recuperado, depois de ter sido leiloado pela República, em 1912. Em paradeiro desconhecido continua, entre outras joias, um diadema de diamantes.
É um “regresso a casa”, é desta forma que a conservadora das coleções de ourivesaria e joelharia do Palácio Nacional da Ajuda se refere ao conjunto de três joias que agora se junta à coleção do Museu do Tesouro Real, em Lisboa.
São peças que foram adquiridas pelo Estado recentemente, pelo valor de 66 mil euros, indica o diretor do Palácio Nacional da Ajuda nesta visita ao museu que integra agora no seu percurso estas novas joias.
Em comum, as peças têm o facto de terem pertencido à coleção privada da Rainha D. Maria Pia de Saboia, mulher de D. Luís e mãe do Rei D. Carlos. Foram joias que foram colocadas no “prego” pela monarca, diz José Alberto Ribeiro.
O diretor do Palácio da Ajuda diz que as joias “estavam empenhadas no Banco de Lisboa que mais tarde veio a ser o Banco de Portugal. Era uma forma da rainha obter empréstimos, dos muitos empréstimos que foi fazendo ao longo da sua vida”.
Trata-se de um conjunto com um colar e brincos, em estojo original em perolas com camafeus e turquesas. Esta peça que D. Maria Pia recebeu em herança da tia-avó paterna, Maria Luísa da Toscana fazia parte das joias que trouxe consigo de Itália em 1862.
A peça, indica José Alberto Ribeiro foi comprada a “um colecionador privado português e veio dos Estados Unidos”, pelo valor de 35 mil euros. Esta joia faz parte das peças que foram leiloadas em 1912.
Também a leilão foi na altura, outra das novas peças que pode agora ser vista no Museu do Tesouro Real. O conjunto de pendentes e brincos também pertencente à Rainha D. Maria Pia foi adquirido à leiloeira Santos Eloy, por mais de 17 mil euros.
A terceira nova joia exposta é uma pulseira em ouro, safiras e diamantes desta que foi uma das monarcas da Coroa Portuguesa mais glamorosa e dada a luxos. Esta peça que integra um conjunto de outras duas pulseiras foi comprada pelo Estado agora por mais de 8 mil euros à Leiloeira Santos Eloy.
A Rainha D. Maria Pia que morreu em Itália em 1911, tinha empenhado as joias “mais valiosas que tinham pedras preciosas”, explica a conservadora Teresa Maranhas no banco. Essas peças foram usadas pela República para se financiar quando “precisou de dinheiro”, indica José Alberto Ribeiro.
Em 1912, em julho, o Banco de Portugal realizou o tal leilão em que alienou quase 400 joias e pratas da Rainha D. Maria Pia. O leilão foi um acontecimento, “muito concorrido” explica o diretor do Palácio da Ajuda. Colecionadores nacionais e internacionais, assim como comerciantes terão acorrido ao leilão que foi noticiado na imprensa nacional e internacional.
Nesta visita, José Alberto Ribeiro conta que houve uma “caricatura” na imprensa, na época, que mostrava “uma porta a dizer Leilão das Joias da Rainha D. Maria Pia, e está um inglês e outro senhor bem posto a sair cheios de caixinhas na mão, e ao lado vai o Zé Povinho que tira os bolsos para fora e não tem nada”, conta.
“Na altura as pessoas tiveram a noção que saiu muita coisa para fora do país”, acrescenta José Alberto Ribeiro que questionado pela Renascença sobre a recuperação dessas peças indica que antes destas três agora adquiridas já tinham sido compradas outras peças.
Contudo, há uma que é muito desejada e continua em paradeiro incerto. Trata-se de um “diadema floral que foi mandado fazer pela Rainha D. Maria Pia” a partir de outro diadema que sabe-se apenas que terá sido comprado no leilão de 1912 por um colecionador espanhol.
Tanto o diretor do Palácio Nacional da Ajuda, como a conservadora Teresa Maranhas respondem em uníssono quando questionados se era a peça que mais gostariam de ter no Museu do Tesouro Real.
O diadema cuja imagem é mostrada no percurso do museu, foi capa do catálogo do leilão de 1912 e foi mandado fazer pela monarca para o casamento de um dos filhos. “É daquelas peças que se perdeu completamente o rasto”, lamenta o diretor.
Por mês mais de 50 nacionalidades visitam o Museu do Tesouro Real
Nuno Vale, o diretor executivo do Museu do Tesouro Real revela que este ano têm tido uma média de 6 mil visitantes por mês. Para 2024, a direção do museu esperava um aumento de 27 por cento de visitas, mas até junho as expetativas foram superadas. “Nos primeiros seis meses estamos a crescer 34 por cento”, indica o responsável.
Contudo, são números abaixo das estimativas aquando da inauguração do museu, admite Nuno Vale que sublinha, no entanto, que eram “demasiado otimistas e pouco realistas, porque este cofre por razões de segurança quando atinge 150 pessoas dentro fecha automaticamente e há à partido logo limitações no número de visitantes que pode receber”.
Mas Nuno Vale está satisfeito com o número de visitantes. “Por mês temos mais de 50 nacionalidades”, indica o diretor executivo que acrescenta que “todos os meses” estão a “bater recordes de visitantes estrangeiros”.
“Muitos visitantes vêm com o Lisboa Card que ajuda a dinamizar os museus” refere Nuno Vale que considera que o museu está a “mudar o perfil” de visitantes. Neste momento têm “55 por cento de visitantes nacionais e 45 por centro de internacionais”, contabiliza o diretor que assim indica que está a inverter-se a tendência inicial de visitantes que era portuguesa na sua maioria.
por Maria João Costa in Renascença | 22 de julho de 2024
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença