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Bienal de Arte de Cerveira celebra a liberdade nos 50 anos do 25 de Abril

Até 30 de dezembro a edição 46 da Bienal Internacional de Arte de Cerveira presta homenagem a Jaime Isidoro – o pai das bienais – e à artista Isabel Meyrelles. Há exposições e um ciclo de conferências num ano em que estendem a programação a Gaia e Porto.

"Vitrine" de Silvestre Pestana. Foto Luísa Rosas da Silva

Com o Brasil como país convidado decorre até 30 de dezembro, a Bienal Internacional de Arte de Cerveira. Aquela que é a mais antiga bienal de arte da Península Ibérica é este ano dedicada ao tema da Liberdade.

Com o país a celebrar 50 anos do 25 de Abril, a bienal lançou aos artistas uma pergunta: “És Livre?”. O resultado traduz-se em várias exposições que serão apresentadas, não só em Cerveira, como também em Vila Nova de Gaia e no Porto, cidades às quais a bienal se estende este ano.

Com a curadoria de Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos, a bienal apresenta 160 obras de 120 artistas de 20 países. Helena Mendes Pereira explica que farão também este ano duas homenagens.

A primeira será a Jaime Isidoro, considerado o pai das bienais e cujo centenário do nascimento se está a celebrar este ano. “É uma figura central naquilo que é a história de arte contemporânea portuguesa, enquanto divulgador, colecionador e artista”, explica a curadora.

Segundo Helena Mendes Pereira, Jaime Isidoro teve uma “relação próxima” com Cerveira e sobre isso será mostrado durante a bienal um documentário “sobre a sua importância na introdução das vanguardas artísticas em Portugal”.

Não será só Cerveira que acolhe esta homenagem. Também em Vila Nova de Gaia haverá “uma exposição centrada naquilo que foram há 50 anos os primeiros encontros internacionais de arte, no Verão de 1974 e que, depois, deram origem às bienais de Cerveira”, indica Helena Mendes Pereira.

A esta homenagem soma-se outra, a Isabel Meyrelles, uma das mulheres artistas do movimento surrealista português. “É um exemplo máximo de liberdade, ou talvez o único exemplo de mulher do movimento surrealista português e uma das poucas internacionais”, refere a curadora.

“Conseguiu na sua condição de mulher, num tempo em que os direitos e as oportunidades eram bastante diferentes, singrar como artista. Tem uma obra notável” diz Helena Mendes Pereira que acrescenta que a exposição que lhe é dedicada “tem a curadoria de Marlene Oliveira e do Professor Perfecto Cuadrado” e apresenta muitas obras que pertencem ao espólio da Fundação Cupertino Miranda.

Isabel Meyrelles que com a poeta Natália Correia teve o famoso Botequim, em Lisboa é nas palavras da curadora alguém que “ousou questionar aquilo que eram os valores instituídos”. A artista tem hoje 95 anos e vive em Paris, mas dada a sua idade não será possível deslocar-se a Cerveira.

Além destas homenagens, a Bienal de Arte de Cerveira apresenta uma exposição em resultado do concurso internacional de artistas, no espaço do Fórum Cultural de Cerveira. Depois “na Galeria da Bienal de Cerveira, o espaço dos antigos bombeiros voluntários, no centro da Vila, estará a exposição dos artistas convidados e na Biblioteca Municipal de Cerveira, a exposição de homenagem a Jaime Isidoro focada na sua relação com a Bienal Internacional de Arte de Cerveira”.

Também no Convento San Payo, “um espaço que era do escultor José Rodrigues e que também tem algum misticismo”, diz Helena Mendes Pereira será apresentada uma exposição que foi levada por Cerveira, no ano passado a Macau, intitulada “A Ciência do Azar e a Metafísica da Sorte”.

Questionada sobre a relação com o Brasil e da sua escolha como país convidado deste ano da bienal, a curadora explica que “é uma comunidade muito representada naquilo que são os fluxos migratórios atuais em Portugal” e porque quiseram “neste quadro de liberdade, falar da importância das migrações” escolheram o Brasil.

“Para que a liberdade seja também sinónimo de tolerância, integração e contrariando até um certo discurso que tem marcado a vida portuguesa nos últimos anos”, acrescenta Helena Mendes Pereira que com isto recorda que “no início do século, muitos portugueses foram para o Brasil”.

“Agora vêm muitos brasileiros para o nosso país e ainda bem! O que é interessante é que precisamente o Minho é o território da chegada”, a mesma região de onde há séculos partiram muitos portugueses para o outro lado do Atlântico.


por Maria João Costa in Renascença | 19 de julho de 2024
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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