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Espetáculo de Bob Wilson no Festival de Almada "será um dos momentos altos do ano"

O Festival de Almada, que decorre entre 4 a 18 de julho, volta a trazer a Portugal um espetáculo de Bob Wilson.

Espetáculo "Relative Calm", de Bob Wilson e Lucinda Childs. Foto: DR

“Relative Calm” é uma criação conjunta com a coreógrafa Lucinda Childs, que sobe ao palco do CCB.

É um festival que traz a Portugal o trabalho de três grandes nomes da cena artística internacional. A 41.ª edição do Festival de Almada, que decorre de 4 a 18 de julho, contará com obras de Eduardo De Filippo, Peter Stein e Bob Wilson, que apresenta uma coreografia em conjunto com Lucinda Childs.

Ao longo dos 15 dias deste que é um dos principais festivais de teatro do país serão também celebrados os 50 anos do 25 de Abril de 1974, com uma homenagem à companhia A Barraca. Num ano em que a pintora Ilda David criou a imagem do festival, será inaugurada uma colaboração com o Arquivo Ephemera de José Pacheco Pereira, com uma exposição dedicada à "Revolução dos Cravos".

Em entrevista, o diretor do Festival de Teatro de Almada, Rodrigo Francisco, começa por destacar os três nomes internacionais que o evento tem este ano. “Eduardo De Filippo, o mestre da comédia napolitana” apresenta um “projeto de teatro de marionetes” que é uma adaptação da peça "A Tempestade", de William Shakespeare.

É, na opinião de Rodrigo Francisco, uma “oportunidade única para podermos ouvir a voz de desta grande figura do teatro italiano, porque ele próprio gravou as vozes de praticamente todas as personagens e o espetáculo é de uma beleza única”.

Já sobre Peter Stein, o diretor fala numa “presença regular nos últimos anos do festival”. O encenador apresenta a peça “Crises de nervos – três atos únicos de Tchecov”, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, nos dias 13 e 14 de julho.

No Centro Cultural de Belém (CCB), um dos palcos que se associa ao Festival de Almada, será apresentado nos dias 12 e 13 de julho o espetáculo “Relative Calm”, encenado pelo norte-americano Bob Wilson e com uma coreografia de Lucinda Childs.

“Trata-se de uma revisitação de um espetáculo que tinha feito com Lucinda Childs, em 1981, para o Festival de Edimburgo. Este ‘Relative Calm’ baseia-se na música de John Gibson e eles, para esta reprise que foi feita durante a pandemia, quando houve o confinamento, eles fecharam-se num teatro em Toulouse para revisitar esta peça”, explica Rodrigo Francisco.

 
"Mãe Coragem", encenada por António Pires, com interpretação de Maria João Luís, é um dos destaques do Festival de Almada. Foto: DR

Ao espetáculo, estes dois gigantes das artes norte-americanas “acrescentaram um tema de [Igor] Stravinsky, o Pulcinella suíte”, indica o diretor que sublinha: “este é um espetáculo de dança com a marca destes dois monstros sagrados da cena pós-moderna norte-americana”.

De acordo com as palavras de Rodrigo Francisco, Bob Wilson “descreve o espetáculo como um pôr-do-sol, em que somos como que hipnotizados por uma imagem que parece sempre a mesma, mas que vai mudando a cada segundo”. Wilson é “um mestre do tempo” destaca Rodrigo Francisco, que sublinha o “rigor técnico e estético, absolutamente fantásticos” do encenador.

“Vai ser, com certeza, um dos momentos altos do teatro em Portugal neste ano”, aponta o diretor do Festival de Almada, que considera que ao trazer nomes como os de Bob Wilson a Portugal estão a “prestar um serviço público”.

“Estamos a permitir, não só que os espectadores contactem com aquilo que há de melhor que se faz lá fora, mas também que os nossos próprios profissionais possam evoluir e possam conhecer” um trabalho como o de Wilson.

Nesta edição do festival, por onde vão passar também peças de companhias portuguesas como “Mãe Coragem”, encenada por António Pires, com interpretação de Maria João Luís, haverá também ações de formação.

O escritor Rui Cardoso Martins dirige a 11.ª edição da formação "O sentido dos Mestres", este ano dedicada à dramaturgia. O público do festival poderá também assistir à peça “Terminal – o Estado do Mundo” da companhia Formiga Atómica, encenado por Inês Barahona e Miguel Fragata, que conta com a participação de Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves dos Clã, , entre outros.

O festival conta com mais espetáculos de dança. O coreógrafo sérvio Josef Nadj regressa a Almada com um grupo de bailarinos africanos para dar a conhecer uma criação, que estreou a 24 de junho em Montpellier.

Também pela primeira vez participa no festival, Mathilde Monnier que traz a Almada o espetáculo de dança que causou furor em Avignon, e que conta com a participação da portuguesa Isabel Abreu, num elenco inteiramente feminino.


por Maria João Costa in Renascença | 2 de julho de 2024
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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